terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O Hobbit: A batalha dos cinco exércitos


O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies)

Direção: Peter Jackson

Ano de produção: 2014

Com: Martin Freeman, Richard Armitage, Ian McKellen, Luke Evans, Evangeline Lilly, Orlando Bloom, Lee Pace, Benedict Cumberbatch, Ken Stott, Cate Blanchett, Ian Holm, Hugo Weaving.

Gênero: Aventura

Classificação Etária: 12 Anos


Último filme da saga é o retrato da trilogia desnecessária

            Já no terceiro filme, pode parecer inútil a discussão da necessidade de Peter Jackson fazer ou não uma trilogia para um livro tão pequeno e fechado quanto O Hobbit. Na verdade, é justamente por isso que o debate é válido: se alguém tinha alguma dúvida se valeu a pena ou não, ela é tirada neste filme aqui. E já começa com um gravíssimo problema de edição: o prólogo do filme, arrebatador, diga-se de passagem, é o que deveria ser o final de ‘A desolação de Smaug’, pois aquele final incompleto do filme anterior poderia ser concluído aqui, para depois mostrar o foco de ‘A Batalha dos Cinco Exércitos’, que é a batalha em si: homens, anões e elfos lutando contra um inimigo em comum, mas tendo que lidar com algo maior do que isso: seus próprios egos.

            Se o filme fosse focado nisso, o resultado seria melhor do que o apresentado, mas terminou com uma colcha de retalhos em que praticamente não há envolvimento com os grandes personagens – alguns até que o próprio Jackson criou.

            Se a trilogia do Anel inovou com sua narrativa perfeita e uma nova forma de se criar grandes batalhas, aqui Peter Jackson colocou os 48 frames por segundo, dando uma idéia maior de profundidade em detrimento aos atuais 24. E o resultado é muito bonito. Tem-se a impressão de estar em um grande videogame e, logo no início, a guerra é quase documental. E mesmo a batalha do título (que dura cerca de 45 minutos) é bem feita. Se não for indicado a Efeitos Visuais, é marmelada.

            O problema é que Peter Jackson, infelizmente, ficou megalomaníaco: se ele ousou em colocar um livro que era dito como “infilmável” como ‘O Senhor dos Anéis’, criou uma legião de fãs e, de quebra, calou a boca daqueles que torciam contra, aqui há muita estética para pouca coisa. E se havia sentimento e empatia com os personagens e a história, ela vai se perdendo conforme o filme vai passando.

            Mesmo com essa trilogia havia uma empatia: em ‘Uma Jornada Inesperada’ há um sentimento de nostalgia e, mesmo arrastado, tínhamos uma história fechada e focada no grupo de anões em busca de ouro. E só isso.

            Em ‘A Desolação de Smaug’, mesmo com o roteiro abrindo espaço para os elfos, ainda havia uma motivação para a platéia se preocupar: o retorno de Legolas (que fez todo o sentido no contexto) e a inserção da elfa Tauriel, que era sim, uma grande personagem vivida pela Evangeline Lilly, que é uma boa atriz, a seqüência de ação dos barris, mais o diálogo espetacular entre Bilbo e o dragão Smaug, tornou o filme mais atraente e parecia que a coisa estava se encaixando (não é exagero nenhum dizer que ‘A desolação de Smaug’ é o melhor da trilogia). E com tudo isso, havia muita expectativa para este aqui.

            A personagem de Tauriel praticamente inexiste por aqui: ela é quase fantoche de Legolas e só ganha uma mínima importância perto do desfecho que não há tensão nenhuma. Nem mesmo seu romance com o anão Kili, que servia até como um alívio cômico no filma anterior, por aqui, é praticamente sem sentimento.

            Por falar em alívio cômico, o personagem de Alfrid, que é o bajulador de Bard, é constrangedor e digno do troféu Framboesa de Ouro: ele é aproveitador e só ganha crédito à custa dos outros e não há uma só frase dele que não seja para fazer piada sem graça.

            Um arco da história que deveria ser o centro era entre Bilbo e Thorin – Escudo-de-Carvalho. Bilbo que, aliás, de protagonista no primeiro filme agora é um coadjuvante de luxo. Nem mesmo o ótimo ator que é Martin Freeman, parecia à vontade no papel. E Thorin, que aqui deveria ter um destaque maior, é movido pela ambição e poder. A “rivalidade” entre os dois é praticamente só citada e pouco aprofundada, infelizmente.

            E não tem jeito: Peter Jackson não consegue se distanciar de ‘O Senhor dos Anéis’, seja na música ou pelos personagens. A intenção foi uma mistura de pressão da Warner, satisfação pessoal e agradar os fãs da Terra-Média.

            Na verdade, nem ele queria dirigir essa trilogia, essa seria uma missão para Guilhermo Del Toro (de ‘Círculo de Fogo’), mas ele acabou assumindo.

Queremos uma obra com o coração e a alma de Peter Jackson, sem precisar cair na nostalgia do Anel.


Nota: 7,0

Imagens:












Trailer:

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