sábado, 19 de julho de 2014

Planeta dos macacos - o confronto



Planeta dos macacos – o confronto (Dawn of the planet of the Apes)

Direção: Matt Reeves

Ano de produção: 2014

Com: Andy Serkis, Jason Clarke, Keri Russell, Toby Kebbell, Gary Oldman, Judy Greer.

Gênero: Ficção Científica

Classificação Etária: 14 Anos


O novo ‘Planeta dos macacos’ mostra um futuro sombrio e pouco sóbrio.

            Quando estreou, em 2011, ‘Planeta dos macacos – A origem’, todo mundo já falou mal antes de ver. Também pudera, a história se passa antes do clássico ‘Planeta dos macacos’ de 1968 – e não temos boas recordações dos últimos reboots. E o mundo ainda estava com trauma do filme de 2001, dirigido por Tim Burton que foi um desastre total. E como se não bastasse, o diretor, Rupert Wyatt, era um mero desconhecido. Mas, para a surpresa geral, o filme é de primeira. Uma grande história, que fala com todas as massas e ainda com o melhor uso da captura de movimentos desde ‘Senhor dos anéis’. Foi um sucesso de público e crítica.

            E tamanho sucesso fez com que o estúdio já pensasse em uma trilogia. E conseguiu!

            ‘Planeta dos macacos – o confronto’ é a continuação direta do filme de 2011, se passa 10 anos depois de ‘Planeta dos macacos – A origem’ e é um filme de meio de trilogia (sim, teremos um 3º filme).

            Na história, após os acontecimentos do primeiro filme, a raça humana quase foi dizimada por conta de um vírus criado em laboratório pelo personagem de James Franco no filme anterior. Os macacos agora são a maioria no mundo e vivem em floresta, liderados por César (Andy Serkis) e agora também por Koba (Toby Kebbell). Mas os humanos necessitam de energia para sobreviver e o único meio é por uma represa. O problema é que essa represa fica dentro dessa floresta onde os primatas vivem e a conciliação – bem como o entendimento de missão pacífica – será algo quase impossível – ou última chance de paz no planeta.

            Novamente, a tecnologia de captura de movimentos, popularizada por Peter Jackson e sua empresa, WETA, são de encher os olhos e fazem não só efeitos para contornar a história, mas como parte dela. Por se passar em uma floresta cheia de primatas – diferente do laboratório do filme anterior, aqui há muito mais atores e, pelo fato de os macacos serem agora os protagonistas (ao contrário dos humanos), eles são bem mais exigidos em suas atuações e expressões artísticas. As atuações de Andy Serkis, bem como seu antagonista, Koba, são dignas de Oscar (e não estou exagerando).

            Se no filme de 1968 tínhamos uma visão sobre o fim da raça humana. Em ‘Planeta dos macacos – A origem’, tínhamos uma metáfora de como o ser humano destrata deu mundo e como maltrata animais em geral. E aqui, a metáfora muda um pouco de lado, e referência é o que não falta: de início temos uma disputa por território, os primatas delimitam as “áreas de humanos” e “áreas de macacos”. Um não pode invadir o espaço do outro para não haver desequilíbrio (alguém se lembrou da Guerra Fria? Pois é) e depois temos uma referência clara à X-Men: conhecemos melhor, conforme o filme vai passando, a figura de Koba. Ele acredita que todos os humanos são maus e quer que humanos devam, ou morrer, ou serem escravos de macacos. E já César deseja que homens e macacos vivam em harmonia. Lembra muito o Professor Xavier e Magneto, do universo dos mutantes. Ou, como os fãs sugerem, lembra muito Martin Luther King e Malcolm X (aliás, Malcolm é o nome do personagem de Jason Clarke) e a luta entre César e Koba é muito Mem coreografada e real.

            Na verdade, Koba e seu “regime” lembram muito o nazismo: um sistema de somente uma raça aceitável como pura e verdadeira e que vale qualquer coisa para chegar ao poder (como Maquiavel previra).

            Um ponto forte também é o clima pessimista do filme. No início de ‘Planeta dos macacos – A origem’ tínhamos uma fotografia cheia de luzes e mostrando os acontecimentos do ponto de vista dos humanos. Já aqui, a fotografia é sombria e pós-apocalíptica. O que faz todo o sentido, afinal, estamos falando de um futuro em que quase todos os humanos morreram e o mundo ficou à beira do colapso (aliás, a Direção de Arte lembra muito a da série ‘The Walking Dead’).

            É um filme de estúdio sim, mas feito com competência e vê-se uma preocupação do diretor e roteiristas em respeitar o espectador, sem momentos dignos de ‘Michael Bay’ e quase sem piadinhas de alívio – aqui o clima é quase de fim do mundo. Mesmo alguns momentos mais “fofinhos”, como o macaco-bebê que brinca com a personagem de Keri Russell (lembrando muito o tratamento nosso com gatos e cachorros) é cortado por uma cena tensa que quase acaba em tragédia.

            Com tudo isso, o filme valeria uma nota 10, sem dúvidas, mas, infelizmente houve uma coisa aqui comum entre os blockbusters desse ano: o lançamento em 3D, porém sem profundidade alguma. Vimos em ‘Godzilla’ ‘X-Men: dias de um futuro esquecido’ que o 3D é inútil e que só incomoda. Aqui não é diferente. Não há NENHUMA cena em que há profundidade mínima que fosse. E olha que com as boas batalhas que têm no filme, aliada com a Direção de Arte sombria, poderiam fazer um 3D espetacular.

            É uma grande pena que um filme tão bacana como esse tenha um 3D tão pobre. É um filme de meio de trilogia com um desfecho centrado, mesmo se o filme não fosse emplacar (mas o sucesso é garantido). E se você for assistir nos cinemas, por favor, sem 3D!


Nota: 9,0

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