sábado, 5 de julho de 2014

Argo



Argo

Direção: Ben Affleck

Ano de produção: 2012

Com: Ben Affleck, Bryan Cranston, John Goodman, Alan Arkin, Clea Duvall, Taylor Schilling.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 14 Anos


Argo é urgente e realista

            Ben Affleck começou com tudo em Hollywood. Seu primeiro grande filme, Gênio Indomável, já foi um sucesso de público e crítica e faturou o Oscar de Roteiro Original em 1998. E o roteiro é escrito pelo próprio Affleck. Depois ele conseguiu um certo sucesso, principalmente com “Armageddon” e o premiado “Shakespeare Apaixonado”. Anos depois, porém, ele se perde fazendo pose de galã a cada filme, e em produções de gosto duvidoso, como a péssima adaptação dos quadrinhos em “Demolidor – o homem sem medo”, mas o fundo do poço foi seu caso com a estrela Jennifer Lopez, conhecido como “benifer” e fundamentalmente o fiasco que foi o filme “Contato de Risco”, que faturou todos os prêmios possíveis do troféu Framboesa de Ouro.

            Porém, em 2007, quando eu – e todo mundo – achava que Ben Affleck já tinha morrido para o cinema, eis que ele ressurge com força total, agora como diretor. E ele se revelou um excelente diretor de filmes. Tudo começou com o espetacular “Medo da Verdade”, que foi muito elogiado e até garantiu uma indicação ao Oscar para Amy Ryan. Três anos depois, em 2010, ele faz um filme melhor ainda: “Atração Perigosa”. Apesar desse título estranho, o filme foi vendido como um filme de ação – quando na verdade é um drama. É um filme de assalto muito perturbador e com ótimas atuações do próprio Ben Affleck e da Rebecca Hall. Já em 2012, ele realiza aquela que é a sua obra-prima: Argo. Um filme muito corajoso, quase documental, na verdade, tenso do início ao fim e esquenta o debate sobre a tensão EUA-Irã. Argo é, portanto, não só um grande filme como cinema, mas uma boa obra para entender a história geral do mundo e a geopolítica – isso sem tomar partido de nada nem questionar a inteligência da plateia.

            Argo é baseado em uma história assustadoramente real que se passa no ano de 1979, no calor da Revolução Iraniana. Naquele país, há diversos protestos contra o ex-aiatolá Khomeini, que ganhou asilo político nos EUA, que apoiaram a opressão ao povo iraniano. Um desses protestos ocorre na frente da embaixada americana e a mesma acaba sendo invadida. Seis diplomatas americanos conseguem escapar e se refugiam na embaixada canadense. Eles vivem lá por meses, e tanto o governo americano como a CIA não conseguem um meio de tirá-los de lá, até que um especialista em exfiltrações, Tony Mendez (papel de Ben Affleck), tem a ideia de fazer uma produção hollywoodiana falsa com o nome de “Argo”, que consiste em uma ficção científica de baixo orçamento que deve ser “filmada” no Irã. Para dar certa vivacidade à trama, Mendez contrata o maquiador John Chambers (John Goodman) e o produtor Lester Siegel (Alan Arkin – que foi indicado ao Oscar pelo papel) para a missão e ele contrata até uma equipe para convencer os iranianos de sua história e tirar os diplomatas de lá.

            Além do ótimo roteiro que serve como estudo para qualquer debate da questão do Oriente Médio em relação ao Ocidente, Argo ainda consegue o feito de deixar o espectador tenso mesmo ele sabendo o que vai acontecer na história – os 15 minutos finais são perturbadores. Além disso, devemos registrar a ótima reconstituição de época – fruto de uma fotografia cuidadosa, figurinos muito com cara de anos 1970 mesmo e os trejeitos e maneirismos exigidos – tudo para entregar o mais realista possível.

            Os personagens do filme são reais – por exemplo, John Chambers foi um maquiador hollywoodiano vencedor do Oscar por “Planeta dos Macacos”, de 1968 e o próprio filme se encarrega de usar imagens reais contrastando com as imagens do filme – e podem até confundir os mais desavisados.

            Argo foi o grande vencedor do Oscar de 2013. Levou 3 estatuetas: Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Edição. E ganhou vários prêmios que foi indicado, como o Globo de Ouro e Bafta. Muito merecido, aliás. E o próprio Ben Affleck também merece. Com tudo o que ele passou sendo muitas vezes questionado e muito subestimado, é possível sim, chama-lo de Sir. E não nos esqueçamos que ele é o próximo Batman em “Batman VS Superman – Dawn of Justice”. É esperar para ver.
             

Nota: 10,0

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