sexta-feira, 20 de junho de 2014

No limite do amanhã



No limite do amanhã (Edge of Tomorrow)

Direção: Doug Liman

Ano de produção: 2014

Com: Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Blendan Gleeson.

Gênero: Ficção Científica

Classificação Etária: 12 Anos


“No limite do amanhã” é uma ótima surpresa como ação

            Até o momento, 2014 está sendo um ano tão decepcionante para o cinema. Sério! Vários projetos que prometiam mundos e fundos e alguns foram até bem de bilheteria, mas dividiram a crítica. Exemplos? “X-Men: dias de um futuro esquecido”, que prometia ser o melhor filme dos mutantes da história se perde em uma trama confusa e com personagens desperdiçados. E “Godzilla”, que prometia resgatar aquele espírito infantil de filmes e séries de monstros gigantes, como “Círculo de Fogo” fez muito bem ano passado, mas apresenta cenas ruins de ação e um protagonista fraco.

            E a coisa estava tão feia que eu já até tinha perdido as esperanças nos blockbusters e investido todas as minhas fichas no cinema de arte. Eis que surge “No limite do amanhã”, um grande filme de ficção que brinca muito com a questão da viagem no tempo e tem uma trama muito cuidadosa e intrigante.

            É possível dizer que, “No Limite do Amanhã” é uma mistura de “Feitiço do Tempo” com “Tropas Estelares”. No caso de Feitiço de Tempo, a semelhança é clara: nos dois filmes temos e protagonista que revive o mesmo dia todos os dias e tendo que corrigir a todos os erros deste dia. Nesse ponto, os dilemas de Tom Cruise são maiores do que àqueles vividos por Bill Murray: enquanto em “Feitiço do tempo” o personagem de Murray tentava corrigir os erros de sua vida pessoal, viver aquele dia como se ele fosse único e ainda, conquistar a garota dos seus sonhos, Cruise aqui volta no tempo para decidir e mudar algo que pode afetar o futuro de muitas vidas. E, no caso de “No Limite do Amanhã”, há como pano de fundo, metáforas e conspirações políticas. É aí que entra a semelhança com “Tropas Estelares”, mas as semelhanças não param por aí: o visual arrebatador, o clima de aventura e o gênero ficção científica também são pontos em comum.

            Também dá para dizer que “No Limite do Amanhã” parece muito um videogame em um filme que não é inspirado em game nenhum. Enquanto as adaptações de games são de um gosto muito duvidoso (à exceção de “Detona Ralph”, claro!), aqui temos algo que lembra muito um cenário de game, principalmente porque o nosso protagonista, assim que morre, tem que reviver tudo novamente e volta tudo do começo da “fase”. E sem contar o visual, que relembra muito a jogos de tiro, como “Battlefield” e “Call of Duty”.

            “No Limite do Amanhã” é baseado no livro “All you need is kill” de Hiroshi Sakurazaka, se passa em um futuro não muito distante e conta a história de Bill Cage (Tom Cruise), que é um relações públicas do exército americano. Após uma discussão com seu superior, Brigham (Brendan Gleeson), ele é rebaixado de cargo e passa a viver como um simples soldado em uma batalha com alienígenas no que eles chamam de “dia D”. Porém, a missão é suicida e leva ao exército inteiro à morte. Cage morre nas mãos de um alienígena e volta do mesmo ponto em que acorda como soldado. E todas as vezes em que Cage morre, ele parte do mesmo ponto para tentar corrigir a carnificina. Bill Cage descobre que seu “poder” de voltar no tempo é o único modo de salvar a humanidade dos chamados “Ômegas”, que são os alienígenas mais avançados. Quem lhe conta é a guerreira Rita Vrataski (Emily Blunt), que é a única que sabe das conspirações políticas e da passagem de tempo de Cage.

            Uma coisa que torna esse “No Limite do Amanhã” tão especial é que, mesmo baseado em um livro, seu tom é praticamente de um filme original. Não é baseado em quadrinhos nem tampouco é continuação. Aliás, é dos poucos filmes do verão americano que não é seqüência. O filme merece sim, estar entre os indicados às categorias técnicas, como Efeitos Especiais e Direção de Arte.

            Outro detalhe da expectativa baixa desse filme é a escolha do diretor, Doug Liman. Ele começou a carreira de forma espetacular no cinema independente com “Swingers – caindo na noite” e “Vamos Nessa” – seu melhor filme na carreira. Tal talento levou Hollywood a chamá-lo a uma superprodução: “A Identidade Bourne”, em 2002, que teve mais 2 filmes excelentes e um péssimo reboot. Porém, a carreira de Liman foi ficando mais comercial e menos interessante, com “Sr. & Sra. Smith” e “Jumper”, dois filmes que não gosto e parecia que Liman entraria na galeria de diretores que não têm pulso firme e estão à mercê dos produtores, como Brett Ratner, mas aqui o caso é outro. Mesmo “No Limite do Amanhã” não sendo um filme autoral e é sim, uma superprodução, nota-se o cuidado com o roteiro em entregar ao público o melhor material possível.

            Só tenho duas ressalvas em relação ao filme, primeiro, a preguiça em fazer um final digno de nota. Toda a ousadia da história se perde em um desfecho feito de qualquer jeito. e não podemos esquecer que o protagonista de “No Limite do Amanhã” é Tom Cruise, que há tempos nos deve um papel digno de nota e anda mais preguiçoso para atuar. E ele não consegue colocar a carga dramática que seu personagem exige e aqui está com a cara do Tom de sempre: sorridente e com cara de herói. Muito contrário é o papel de Emily Blunt, que foi revelada lá em “O diabo veste Prada”, anda melhor a cada filme e anda mais requisitada. Sua Rita é uma grande personificação de mulher forte, esperta e a um passo a frente do universo masculino.

            Mas compreendo a escolha de Tom para o papel, afinal, seu rosto vende a seus fãs são incontáveis. E mesmo não sendo exatamente um sucesso comercial, “No Limite do Amanhã” é, como já dito, um filme não-autoral de estúdio.
             

Nota: 9,0

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