sexta-feira, 20 de junho de 2014

A culpa é das estrelas



A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars)


Direção: Josh Boone

Ano de produção: 2014

Com: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Sam Trammell, Willem Dafoe, Lotte Verbeek.

Gênero: Romance

Classificação Etária: 12 Anos


Como filme, “A Culpa das Estrelas” é melhor do que o livro

            Muita gente viu com maus olhos quando foi anunciado, no ano passado, que o Best Seller “A Culpa é das Estrelas” teria uma adaptação cinematográfica. Primeiro pelo excesso de filmes baseados em livros de sucesso, como as franquias “Jogos Vorazes” e “Crepúsculo”. Segundo porque, por se tratar de um livro voltado para o público adolescente, esse “A Culpa é das Estrelas” parecia ser mais do mesmo. E terceiro porque dificilmente um filme consegue ser melhor do que o livro. O que muitos roteiristas precisam entender é que um filme é uma adaptação, e como tal, algumas licenças poéticas são válidas, desde que não se destrua o universo da obra nem fuja demais do tema. Portanto, deve-se haver cuidado quando falamos: “mas isso não tem no livro” ou “está infiel ao livro”.

            O livro “A Culpa é das Estrelas” é um romance que logo se tornou um fenômeno no mercado literário. Escrito por John Green em 2012, a concepção para a adaptação do cinema surgiu ano passado até a edição final este ano. A dupla de roteiristas sabia o que estava fazendo. Scott Neustadter e Michael H. Weber escreveram, em 2009, o encantador “(500) dias com ela” e aqui, entenderam de verdade o espírito do livro, com um roteiro muito centrado e pegando o que há de mais importante para colocar na tela um filme que agrade mesmo quem não leu o livro e eles sabem que adaptação é adaptação e não importa se falte esse ou aquele detalhe: cinema e literatura são mídias diferentes. Ponto.

            Para quem não sabe da história, a trama é narrada em 1ª pessoa pela jovem Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley – (ótima no papel!) que teve câncer diagnosticado quando criança e é incurável. Também tem um problema seríssimo de pulmões e só consegue respirar com a ajuda de aparelhos. Hazel é tímida e carente, quase não tem amigos e, por conta disso, sua mãe a coloca em um grupo de apoio. Lá, ela conhece o charmoso Augustus Waters (Ansel Elgort – um ator dessa nova geração muito interessante), que anda com o auxílio da perna mecânica em sua perna esquerda. Augustus, ou Gus, como também é conhecido, logo se apaixona por Hazel, que prefere não se envolver. Suas mensagens são sempre finalizadas com um O.K. (que é uma marca deles e é muito citada no livro). No grupo de apoio também conhecemos Isaac, que logo se torna amigo do casal. Isaac tem um problema gravve de visão e logo fará uma cirurgia que seu resultado será sua deficiência visual completa.

            Outro ponto fundamental da história é a paixão pela dupla pela literatura. Em especial do livro fictício “Uma Aflição Imperial”, escrito pelo holandês Peter Van Houten. O casal fica intrigado com o desfecho do livro. Eles se comunicam com o autor, que logo solicita que o casal viaja para Amsterdã (capital da Holanda) para que o final do livro seja explicado.

            Essa passagem do livro/filme em que eles viajam para Amsterdã merece uma explicação à parte. Quando surge o convite para que o casal conheça o autor os deixa empolgado. Porém, uma crise de respiração deixa Hazel em coma por dias até que surge a dúvida se ela deve ou não deve ir à Holanda. Os médicos deixam claro que isso é um risco, mas, segundo a própria Hazel, esta é uma chance única em sua vida. E fica o dilema? Ela deve seguir seus sonhos ou a razão? É melhor viver ou sobreviver? Depois de muitas dúvidas ela, Gus e sua mãe vão juntos à Amsterdã. A forma de como a cidade é tratada é esplêndida.

O bacana é que a cidade foi reproduzida de forma honesta. Muita gente olha para Amsterdã como uma cidade “perdida e pecaminosa”. Aqui, ela é tratada como deve ser – uma grande metrópole como qualquer outra, sem estereótipos. E quando finalmente eles conseguem falar com o escritor, Peter Van Houten, o resultado é catastrófico: eles descobrem que ele é um homem bêbado, amargurado e que não responde aos seus fãs. Muito diferente é sua assistente, Lidewij (Lotte Verbeek, da série “The Borgias”), que é muito atenciosa e, após o encontro desastroso do casal com o autor, os leva à casa de Anne Frank.

A trilha sonora do filme, mais puxada pelo lado lírico da coisa e podendo até passar quase invisível, é perfeita. As músicas casam de forma harmônica com a Direção de Arte irretocável. Quando nos lemos, dá margem para muitas interpretações e permite que o leitor imagine ou reflita naquilo escrito. E isso ficou de forma magnífica aqui. Todos os locais, desde o grupo de apoio até mesmo em detalhes mínimos, como a típica casa do subúrbio americano são tratados de maneira como há muito não se vê.

O romance é colocado de forma lírica sim, mas não melosa e nem como algo inatingível ou impossível. É um romance teen com dois adolescentes normais, que têm seus desejos e repressões (a cena de sexo em Amsterdã é poética). Suas deficiências não são caricatas nem tratadas de forma à platéia ficar com compaixão. Hazel e Gus são seres humanos normais. E mesmo o romance é aqui algo verdadeiro. São pessoas que se amam independentemente das limitações.

Há uma coisa irônica em colocar Shailene Woodley e Ansel Elgort como casal principal aqui: eles são irmãos em “Divergente”, Tris e Caleb e de tão amigos a Fox, estúdio que financiou “A Culpa é das Estrelas” resolveu colocá-los aqui como casal até para o público se identificar com os rostos novos.

E por falar em rostos novos, coloco muita fé na carreira dos dois. Elgort é uma grande revelação. Seu Caleb em Divergente não foi tão legal assim, é verdade, (e o filme também não ajuda) mas aqui é uma chance de crescer. É um ator bonito sim, mas espero que ele não fique centrado só nisso e espero, principalmente, que seu agente o coloque em papéis que o exija mais. E Shailene Woodley é, não só uma promessa como uma realidade. Muita gente não a considera bonita (o que não é meu caso), mas carisma e talento ela tem. E que talento! Se Divergente é um acidente em sua vida, quem quiser vê-la atuando de fato, recomendo que vejam “Os Descendentes”, com George Clooney, em que ela recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante pelo papel.

Mas a dupla principal não seria nada sem um elenco de apoio. Os pais de Hazel (que não têm seu nome revelado) são vividos pela sempre ótima Laura Dern e pelo Sam Trammell (o Sam Merlotte da série “True Blood”, da HBO – que, aliás, iniciará sua última temporada). E não devemos nos esquecer do sempre ótimo Willem Dafoe como o ranzinza escritor Peter.

E o final tem todo aquele sentimento que o filme exigia. É difícil conter as lágrimas no desfecho e mais difícil ainda deixar de torcer pelo casal. Espero que com o sucesso do filme e livro, tenha-se menos preconceitos com àqueles restritos de mobilidade e que eles sejam tratados com o mínimo de respeito.

E quem disse que um romance adolescente não possa resultar em um filme tão bacana e cheio de sentimento como “A Culpa é das Estrelas”. Nas mãos de um bom roteirista, tudo é possível.
             

Nota: 10,0

Imagens:








Trailer:

2 comentários:

  1. Raphael depois q visitei seu blog ficou muito mais interessante ver filmes, pela visão q vc tem em relação ao filme.
    Adorei o blog e sempre q possivel vou passar por aquir, vc me ajuda e muito até com trabalhos da faculdade rsrsrsrs.
    E sobre esse a culpa é das estrelas realmente nota 10.
    Parabéns.
    Um abraço Bruna Brito.

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  2. Obrigado Bruninha, eu q tenho q agradecer pelo carinho... BJS

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