segunda-feira, 23 de junho de 2014

Como Treinar seu dragão 2



Como treinar seu dragão 2 (How to train your dragon 2)

Direção: Dean DeBlois

Ano de produção: 2014

Vozes de: Jay Baruchel, Cate Blanchett, Gerard Butler.

Gênero: Animação

Classificação Etária: LIVRE


“Como treinar seu dragão 2” é para Gregos e Troianos – ou para Dragões e Humanos.

            Todos os anos, há uma batalha das animações neste período do ano de férias escolares entre a DreamWorks e a Pixar. Na maioria dos casos, a Pixar leva a melhor, pelo menos entre os críticos. A DreamWorks, empresa que tem Steven Spielberg como um dos sócios, sempre teve a idéia de entreter mais a platéia e realizar filmes sem compromisso. E a Pixar (que um dos sócios é Steve Jobs) quer, filme a filme, elevar suas idéias, fazer o público pensar mais e transpor àquilo que é sonho de realidade. Ou seja, em teoria, a Pixar produz filmes mais intimistas e a DreamWorks, mais blockbusters. Mas na prática não é bem assim. É certo que a Pixar fez muitas obras primas, como “Ratatouille” e “Wall-E”, mas dizer que a empresa de Spielberg não tem conteúdo e só realiza animações para ganhar dinheiro é um ultraje. E não devemos nos esquecer que a Pixar tem um filme ruim na sua carreira, que é “Carros 2”.

            Volta e meia, a DreamWorks nos surpreende e até nos faz pensar. A franquia “Shrek” mudou a forma de como encaramos animações como filmes para crianças ou para toda a família e “Os sem-floresta” tem uma bonita mensagem ecológica.

            E foi em 2010 que a DreamWorks realizou seu filme mais intimista, que une produção, roteiro e personagens de forma espetacular e contou com uma indicação ao Oscar: “Como treinar seu dragão”, que foi um sucesso de público e crítica e agora, com o 2° filme, deve virar uma franquia (o 3° filme deve vir em 2016).

            Se havia alguma expectativa negativa em relação à essa continuação, ela é jogada de lado logo na seqüência de abertura, com as crianças da ilha de Berk brincando, cada uma com seu dragão, de corrida (que lembra muito o Quadribol, de Harry Potter) e um prelúdio que o filme seria eletrizante. Mas, “Como treinar seu dragão 2” não é só cenas espetaculares, também é uma história envolvente e que explora mais os acontecimentos do 1° filme.

            Na história, que se passa 5 anos após os acontecimentos do primeiro filme, a ilha de Berk agora está em harmonia com os dragões e cada criança cuida de um. E, obviamente, o nosso protagonista, Soluço, cuida de seu Banguela. Tudo vai bem até que os moradores descobrem que Drago, um antigo rival de Stoick (pai de Soluço), deseja controlar a todos os dragões e também à ilha. Contra a vontade de seu pai (mais uma vez), Soluço agora sai com seu dragão para convencer Drago a deixar a ilha em paz. Em um acidente de percurso, ele encontra um santuário de dragões que é cuidado por Valka, que, logo, Soluço descobre que ela é a sua mãe. Além desse choque familiar, há a questão de Drago: seu dragão ultra poderoso, Alfa, tem o poder de controlar todos os dragões.

            O filme está muito mais bonito e com um 3D de encher os olhos. A Direção de Arte do Santuário de Dragões é sublime. Nota-se o cuidado com os detalhes e a textura dos personagens. Dessa vez, o roteiro e direção ficaram nas mãos de Dean DeBlois (que dirigiu o 1° filme e dirigiu, também, “Lilo & Stitch”, da Disney). DeBlois viu que a história não poderia ter ficado só no primeiro filme e poderia ser muito mais explorada. E não foi algo caça-níquel. Aqui, o protagonista Soluço não tem como preocupação única cuidar de seu dragão, aqui ele tem que salvar sua ilha ao mesmo tempo em que cuida do dilema com sua mãe. O encontro de Soluço e Stoick com Valka é poético.

            Esse “Como treinar seu dragão 2” contém também muitas referências, tanto do cinema como da vida real. O dragão Alfa lembra muito o “Godzilla”, um monstro dos mares, e a inspiração fica mais clara quando no seu uivo. Quando esse Alfa controla os dragões deixando-os ao seu comando remete muito ao nazismo: uma ditadura de um único partido e que todos tinham que venerar seu líder.

            Mas a melhor referência fica no tratamento aos dragões, explico melhor: desde o primeiro filme, vemos que os dragões só atacam os humanos porque se sentem ameaçados e Soluço trata seu Banguela como um filho e tudo muda. Lembra muito o tratamento nosso com os animais de estimação, sobretudo cachorros e gatos. Eles são tão seres vivos quanto nós e só querem um pouco de proteção e, se treinados por mãos erradas, podem ser verdadeiras máquinas de matar (como Drago faz com seu Alfa). De certa forma, essa mensagem pode parecer despercebida, mas não deve ficar ignorada e é uma boa lição de moral, sobretudo às nossas crianças, que são o foco do filme.

            O time de dublagem foi melhorado. Além de termos novamente Jay Baruchel dublando Soluço e Gerard Butler dublando Stoick, temos a atual vencedora de Melhor Atriz no Oscar: Cate Blanchett, com sua Valka, com uma atuação magnífica e com uma carga dramática que só poderia vir de Cate.

            Quem disse que uma continuação não pode superar seu original? Felizmente, esse preconceito já foi deixado de lado se contarmos, por exemplo, que “The Dark Knight” é uma continuação de “Batman Begins”, mas ele ainda existe se lembrarmos que “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” é continuação de “Indiana Jones e a última cruzada”
           

Nota: 10,0


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