sábado, 17 de outubro de 2015

A Colina Escarlate


A Colina Escarlate (Crimson Peak)

Direção: Guillermo Del Toro

2015

Com: Mia Wasikowska, Tom Hiddleston, Jessica Chastain, Charlie Hunnam, Doug Jones.

Terror

16 Anos

Um nerd chamado Del Toro

            O diretor, produtor e roteirista Guillermo Del Toro é fã assumido da cultura pop e faz questão de colocar isso em seus filmes, desde seus primeiros trabalhos nos anos 90 até seu último filme, Círculo de Fogo em 2013, que foi aclamado por público e crítica e o que não faltou na ocasião foram referência à cultura pop, sobretudo à cultura japonesa.

            E seu mais novo trabalho, A Colina Escarlate (e que título espetacular!) tem muito da marca e coração de Guillermo Del Toro: história sombria, personagens dúbios e, claro, referências.

            A Colina Escarlate é um projeto ambicioso e relativamente barato: foram 70 milhões de dólares de orçamento e a grande maioria disso foi na construção da mansão Sharpe, onde quase nada foi computação gráfica e tudo foi feito por detalhes. Somente um diretor do calibre de Del Toro teria a moral de realizar um blockbuster americano e que tivesse um cenário real, sem fundo verde – e sem o estúdio pressionando para cortar gastos.

            E visualmente, A Colina Escarlate é arrebatador: o figurino é incrível, a mansão é um grande personagem do filme (e até melhor do que alguns atores) e uma bela reconstrução da época. Nisso, A Colina Escarlate já surge como possível favorito ao Oscar de Figurino e Design de Produção.

            Na história, dois irmãos ingleses, Thomas (Tom Hiddleston) e Lucille (Jessica Chastain, ótima no papel!) vão até os EUA por negócios e Thomas acaba se apaixonando por uma aspirante a escritora, Edith (Mia Wasikowska), mas um acaso faz com que Edith more junto com o casal de irmãos na mansão. Lá começam a acontecer coisas estranhas e ela começa a questionar se foi uma boa ideia ir para lá.

            Boa parte da crítica falou mal de A Colina Escarlate, sobretudo por dizer que o roteiro era previsível. De fato, o roteiro não é exatamente original. Quase tudo o que há no filme já foi visto em outros filmes, como o amor impossível entre Thomas e Edith, a cunhada megera, e os costumes da época, mas Del Toro (que também escreve o roteiro) faz isso com uma narrativa diferente e coloca um mistério que leva até o fim.

            A discussão que surge quando se vê A Colina Escarlate é se estamos diante de um filme de terror ou romance. Há um pouco dos dois, o romance vira um conto de terror e lembra muito o filme de Francis Ford Coppola, Drácula de Bram Stocker, e vários outros filmes na qual a casa é o personagem, passando pelo clássico de Stanley Kubrick, O Iluminado ao pop A Casa da Colina.

            Mas se o romance é um pouco previsível mesmo (foi o que tirou a nota 10, infelizmente), o mesmo não se pode dizer do excelente terror que toma conta da tela: as câmeras acompanhando as expressões dos personagens, a maquiagem eficiente (que também deve ir ao Oscar) e a trilha sonora soturna fazem com que A Colina Escarlate seja um terror único. E o melhor: as mortes surreais contém uma brutalidade que é raramente vista, desafiando o limite de o que pode e o que não pode e se não fosse um diretor como Del Toro na direção, dificilmente os fãs de terror seriam agraciados com isso.

            A australiana Mia Wasikowska faz uma mocinha eficiente e sombria, que lembra muito seu papel em Segredo de Sangue e só mostra que ela pode fazer qualquer gênero: desde a fantasia de Alice no País das Maravilhas até esse terror. Tom Hiddleston, que é o Loki do Universo Marvel, faz um papel apenas correto e convencional, mas não compromete o resultado final. Mas o melhor personagem é, indiscutivelmente, o da Jessica Chastain, de irmã fria e calculista ela é um segredo a ser descoberto e sua Lucille se torna mais interessante a cada tomada. Na Hollywood de hoje, Jessica é das atrizes mais requisitadas e não é por acaso.

            A Colina Escarlate não é o melhor filme de Guillermo Del Toro (Círculo de Fogo e Labirinto do Fauno são melhores, por exemplo), mas é um alívio que, com tantas adaptações, franquias e histórias de origem desnecessárias, há um sopro de originalidade e de autoria em Hollywood. E no caso da produção de A Colina Escarlate, embora existam grandes cenários de fundo verde, nada substitui um cenário real. E se vier a indicação ao Oscar pelo Design de Produção, pode inspirar outros a seguirem o mesmo caminho.

Nota: 9,0

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