quarta-feira, 13 de maio de 2015

Um Estranho no Ninho


Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo’s Nest)

Direção: Milos Forman

Ano de produção: 1975

Com: Jack Nicholson, Louise Fletcher, Christopher Lloyd, Danny DeVito, Brad Dourif, Michael Berryman, Angelica Huston.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 14 Anos


‘Um Estranho no Ninho’ se destaca em ano poderoso para o cinema

            O grande público – e alguns críticos mal intencionados também – adoram falar mal quando um filme se torna vencedor de Oscar. É fato que nem sempre os melhores vencem, mas não se pode julgar ou avaliar uma obra só pelas premiações e se colocar acima do bem e do mal quando ela é reconhecida. Só para citar exemplos, quando o grande ‘Guerra ao Terror’ superou o favoritismo do arrasa-quarteirões ‘Avatar’ em 2010, várias pessoas disseram que era um absurdo que um filme pequeno como aquele tenha ganhado de uma superprodução e que a Academia havia sido “retrógrada”, mas antes da premiação, o filme da diretora Kathryn Bigelow era visto como um filme independente que surpreendeu. Neste ano mesmo, em 2015, que Birdman era o queridinho dos críticos ante o favorito Boyhood, depois começaram a apontar defeitos. E o próprio Boyhood, visto como um filme ambicioso se tornou mediano com as indicações ao Oscar...

            Mas, de vez em quando a Academia acerta e a opinião é geral. Foi o caso do Oscar de 1976, em que o grande clássico ‘Um Estranho no Ninho’ saiu vitorioso da noite. Mais do que isso, ele foi o 2° de 3 filmes que conseguiram o feito de vencer os 5 principais prêmios, são eles: Melhor Filme, Direção para Milos Forman, Roteiro Adaptado, Ator para Jack Nicholson e Atriz para Louise Fletcher. Todos os prêmios merecidos.

            Somente outros dois filmes conseguiram esse feito, que também mereceram: ‘Aconteceu Naquela Noite’, em 1935 e ‘O Silêncio dos Inocentes’, em 1992.

            E olha que em 1976, ‘Um Estranho no Ninho’ disputou a estatueta com outros 4 filmaços, são eles: Barry Lyndon, este filme sublime de Stanley Kubrick que saiu com 4 prêmios na noite: Figurino, Direção de Arte, Trilha Sonora Adaptada e Fotografia; Nashville, dirigido brilhantemente por Robert Altman; Um dia de cão, esse grande clássico, que, com o aumento da violência urbana, está assustadoramente atual; e o blockbuster Tubarão, de Steven Spielberg, na verdade, o primeiro grande filme de verão e o primeiro longa-metragem a faturar mais de 100 milhões de dólares nas bilheterias mundiais.

            Qualquer um que saísse premiado seria justo, mas ‘Um Estranho no Ninho’ se sobressai por várias razões: o filme se passa praticamente em um só lugar e não se torna enfadonho para o público, não torna os personagens estereótipos da vida real (embora seja quase verídico) e embora tenha diálogos poderosos, não há só um momento em que ele queira chamar a atenção: é quase todo linear e movido pela razão em detrimento da emoção.

            E se olharmos como ele foi feito, o filme foi todo rodado em seqüência, apenas a cena da pescaria que foi filmada depois de tudo.

            Na história, o presidiário Randle Patrick McMurphy (papel de Jack Nicholson) finge estar insano para não trabalhar e vai parar em um hospital psiquiátrico, em que ele muda completamente a rotina do local e estimula os pacientes para se revoltarem contra a rigidez da enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher).

            Se hoje em dia Jack Nicholson tem a fama de louco e obsessivo, muito se deve a este papel aqui: na época das filmagens, houve rumores que ele sumiu por 2 meses para se internar em uma clínica psiquiátrica de verdade, para pegar os trejeitos do personagem e até em alguns papéis célebres de sua carreira, seja como Jack Torrance em ‘O Iluminado’ e o Coringa em ‘Batman’ há muitos traços de Randle. Por isso há o comentário que, quando ele faz papel de maluco, é Jack Nicholson interpretando Jack Nicholson.

            Quando Louise Fletcher aceitou fazer a enfermeira Ratched, várias atrizes de peso já haviam recusado o papel por ser “pequeno”, e poderia ser somente uma coadjuvante de luxo, mas ela incorpora tão bem a pele de quase uma ditadora, fria e calculista, que não tinha como ela passar despercebida e ganhou, merecidamente, todos os prêmios pelo papel. Dentre as vilãs do sexo feminino, no meu humilde conceito, só perde para Kathy Bates em Louca Obsessão. Pena que sua carreira não decolou muito, ela entrou na chamada “maldição do Oscar” em que atores e atrizes que levam a estatueta e nunca mais fazem de bom na carreira. Em 1977, por exemplo, ela fez a péssima continuação de O Exorcista: ‘O Exorcista 2 – O Herege’.

            Foi curioso ver que Michael Douglas estava em início de carreira quando ele produziu este filme e era seu pai, Kirk Douglas, que obtinha os direitos autorais da adaptação literária para o cinema. Na verdade, o próprio Kirk iria protagonizar o filme, mas achou muito velho para o papel.

            Esse foi o primeiro grande filme de Milos Forman. 8 anos depois, ele ganhou mais um Oscar de direção por ‘Amadeus’ e em 1996 ele fez o brilhante ‘O Povo Contra Larry Flynt’ e seu cinema é sempre assim: polêmico, simples, direto e focado nos personagens. É uma pena que seu último filme foi a uma década atrás.

Nota: 10,0

Imagens:










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