domingo, 17 de maio de 2015

Mad Max - Estrada da Fúria


Mad Max – Estrada da Fúria (Mad Max – Fury Road)

Direção: George Miller

Ano de produção: 2015

Com: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Zoe Kravitz, Rosie Huntington-Whiteley.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 14 Anos


Novo Mad Max é uma ação ousada e fora da caixa

            É perdoável quem disser que não via ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’ com bons olhos, afinal, muita gente enxerga as refilmagens como falta de criatividade da indústria cinematográfica. E no caso da franquia Mad Max, tudo tem seu estilo próprio, desde a direção de arte, a fotografia até os personagens e “adaptá-lo aos novos tempos” não era exatamente uma boa ideia.

            Mas, para a surpresa geral (inclusive a minha!), é com muita alegria que digo que ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’ é um filmaço! E todas as desconfianças, felizmente, não se prevaleceram: não se trata de uma refilmagem, na verdade, é quase um “Mad Max 4”, mas não se assume como continuação. E o filme não foi adaptado para a Hollywood atual, foi até corajoso da parte de George Miller em colocar o clima apocalíptico e até bizarro dos filmes clássicos neste filme aqui: um blockbuster de estúdio em 2015 e com uma grande responsabilidade, afinal, este é o grande lançamento da Warner deste ano, já que ‘Batman VS Superman’ ficou para 2016.

            Na história, a Imperatriz Furiosa (papel de Charlize Theron) recebe a missão de resgatar o combustível para o povo dominado pelo Immortan Joe, mas ela foge e ajuda um grupo de mães a sobreviverem no deserto. Nesse meio tempo, Max Rockatansky (papel de Tom Hardy) também está fugindo de Joe, também luta pela sobrevivência no deserto, mas se divide entre o seu ego de sobreviver sozinho ou contar com a ajuda do grupo de garotas.

            Como filme de ação, ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’ não é somente espetacular: assim como o clássico de 1979, é inventivo, original, ousado e pode servir de referência para os próximos filmes do gênero. Todo o trabalho de produção, as câmeras do diretor George Miller, e a ação quase ininterrupta levam esse filme a se tornar obrigatório para se vir na melhor tela possível. A tecnologia 3D dele é honesta e funciona em algumas cenas, mas quando funciona faz a plateia tirar o fôlego. O melhor formato para se vê-lo ainda é em Imax, para aproveitar toda a imersão do áudio e imagem. Se não houver indicações ao Oscar em nenhuma categoria técnica em 2016, seja fotografia, mixagem e edição de som e até design de produção, é injusto.

            Durante os anos 70, houve a crise do petróleo e George Miller não pensou duas vezes em como faria seu mundo pós-apocalíptico, com a gasolina em queda. Aqui os combustíveis também são o foco da história, mas há mais coisa para ser explorada: a crise da água e os regimes totalitários: Immortan Joe é praticamente um ditador e seu povo clama por um mínimo de água. Em uma das cenas, vemos a população miserável correndo com baldes de água e Joe obriga a fechar a tubulação, deixando todo mundo morrendo de sede (e não é assim no coronelismo do nordeste brasileiro?).

            Quem enxerga o filme de longe, pode dar a impressão de ser um programa masculino e de fato, homens vão aproveitar muito bem o filme, mas ele conversa muito melhor com o público feminino e as atrizes aqui são muito bem exploradas, até melhores do que o elenco masculino. O arco das mães chega a ser quase poético, a plateia se importa com o drama, principalmente com Splendid, que está gestante com o bebê prestes a nascer.

            Mas a melhor personagem do filme como um todo é o de Charlize Theron. Ela arrebenta como a Imperatriz Furiosa e é a protagonista legítima do filme, que acompanha a luta dela com as mães a bordo de seu caminhão (que ela mesma projetou) e a magia de seu personagem é que ela é uma mulher forte e obviamente não está sexualizada de jeito nenhum (embora Charlize ainda esteja linda sem cabelo e sem um dos braços), mas ainda é feminina e até frágil, quando ela é exigida. A Furiosa de Charlize já está na história das melhores heroínas de ação, ao lado da Ripley de Alien e Katniss de Jogos Vorazes.

            O elenco masculino também não decepciona, começando pelo vilão. O ator que faz Joe, Hugh Keays-Byrne, também interpretou o vilão do primeiro Mad Max, de 1979, mas são dois papéis completamente distintos. E Nicholas Hoult, o Fera de ‘X-Men’ faz um Nux ambíguo e cuja intenção é sempre questionável ao longo do filme.

            A única decepção mesmo ficou por conta do próprio Tom Hardy como Mad Max. Infelizmente ele é o coadjuvante da história da Furiosa e seu arco quase atrapalha o ponto principal. É praticamente uma desculpa para justificar sua presença aqui e à exceção da eletrizante cena inicial, em que Max é capturado pelo exército de Joe, sua participação é quase descartável.

            Isso se deve muito às limitações de Tom Hardy como ator, embora tenha feito um bom trabalho como o vilão Bane em ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge’, ainda deve um diferencial atuando. E aqui em ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’, em que ele tem uma franquia para chamar de sua e sim, é muito exigido, seria sua chance de brilhar.

            Foi uma grande pena mesmo essa ressalva, pois este filme aqui tem tudo para ser o blockbuster do ano. E é uma pena maior o fato que ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’ corre o sério risco de não estourar nas bilheterias, como foi Vingadores 2 e Velozes e Furiosos 7, principalmente porque a nova geração pode não compreender a viagem alucinada e bizarra de George Miller, junto com o clima pessimista que a história tem, longe do visual colorido da Marvel. E ainda com um orçamento de 200 milhões de dólares, a matemática dos valores absolutos será menor, só torcemos para que não seja um fracasso e que venha uma nova trilogia. E com esse moço de 70 anos chamado George Miller.

Nota: 9,0

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