segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Whiplash - Em Busca da Perfeição


Whiplash – Em Busca da Perfeição (Whiplash)

Direção: Damien Chazelle

Ano de produção: 2014

Com: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 14 Anos


A Força do Cinema Independente

            Muita gente se surpreendeu com a nomeação de ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ na categoria de Melhor Filme para o Oscar deste ano. Não que o filme seja ruim ou coisa do tipo, muito pelo contrário, mas por ser um filme independente e que foi ganhando os festivais aos poucos e, conseqüentemente, o grande público. E agora, ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ chega cheio de moral para o Oscar deste ano.

            Dificilmente ganhará na categoria principal, a de Melhor Filme, porque a concorrência está grande, mas, ele é o super favorito na categoria de Ator Coadjuvante para J.K. Simmons (que está ganhando todos os prêmios por este papel, como o Globo de Ouro e o SAG Awards). E também este filme está muito forte para Roteiro Adaptado e também para Melhor Montagem.

            ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ está com 4 indicações ao Oscar de 2015: Melhor Filme, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado e Montagem.

            Na história, temos Andrew (Miles Teller), um aluno de uma renomada escola de música que sonha em se tornar um baterista de sucesso e é ingressado no grupo de jazz principal da escola, que é encabeçado pelo professor Terence Fletcher (J. K. Simmons), que é ultra-exigente, rigoroso e um carrasco com seus alunos, mas, em especial com Andrew, que o deixa mais sedento pela excelência.

            A história de ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ pode parecer comum. E é, mas tem aquele algo a mais que o torna especial, começando pelas atuações. Miles Teller nunca foi um bom ator. Ele está no elenco da saga Divergente e será o Senhor Fantástico no reboot de Quarteto Fantástico, mas aqui é um papel de entrega e dedicação como dificilmente se vê. Sua obsessão pela perfeição, juntando com seu professor em seu pé e ele tendo poucos, se não, nenhum amigo, o torna perfeito para o papel. Para quem o vê de forma fria pode achá-lo tolo ou nerd, mas, basta olhar com mais atenção e observar que tudo isso foi pensado para deixar o personagem o mais realista possível: quanto mais Andrew apanha de Terence, mais ele se fica obcecado em se tornar um baterista de respeito.

            Toda a vida social de Andrew vai por água abaixo: de tanto trabalhar na bateria com suas baquetas, seus dedos começam a sangrar, ele não tem mais tempo para nada e dá um fora em sua namorada Nicole (Melissa Benoist, que foi escolhida para viver a Super Girl, na nova série da DC Comics).

            Se ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ fosse um filme com orçamento maior, poderia muito bem ser de Darren Aronofsky. Ele sabe muito bem colocar a ambição humana acima dos limites psicológicos e levar o indivíduo até as últimas conseqüências: ‘Réquiem para um sonho’ e ‘Cisne Negro’ são exemplos disso.

            J. K. Simmons faz o melhor papel de sua carreira. Ele ficou conhecido do grande público como o jornalista sensacionalista Jonah Jameson, da trilogia do Homem-Aranha e participou de quase todos os filmes de Jason Reitman. Coincidência ou não, Reitman é o produtor executivo deste filme aqui.

            Não por acaso, ele surge aqui como o favorito a levar o prêmio de Ator Coadjuvante e, se vier o prêmio, não será somente pela força incrível de seu personagem, mas de sua grande carreira que, infelizmente, Hollywood só o vê como coadjuvante e agora ele tem a chance, mais do que nunca, de entrar para o primeiro time.

            Seu Terence Fletcher é uma pessoa obsessiva pela perfeição e arranca, até as últimas conseqüências, o que seus alunos podem e não podem fazer. Muita gente está comparando-o com o sargento sádico de ‘Nascido para Matar’, que não tem escrúpulo nenhum e, no caso de Fletcher, quando a platéia espera algum alívio ou redenção, pode-se ter uma surpresa não muito agradável. Mas ele não consegue criar antipatia com o público, nem com Andrew, muito pelo contrário.

            Em um dos momentos, ele cita que o grande saxofonista Charles Parker (conhecido como ‘Bird’, que virou um grande filme de Clint Eastwood, em 1988) foi hostilizado, ridicularizado e seu instrutor jogou um prato em sua cabeça para ele ser o melhor. E ele ainda cita que tentou, mas não encontrou seu Charles Parker.

            É a força de uma grande atuação, em que um vilão é tão poderoso que o torna até mais memorável do que o herói (alguém citou o Coringa de Heath Ledger?). E é tudo o que Michael Fassbender poderia ter sido em ’12 Anos de Escravidão’ e não foi. Pegando um exemplo mais leviano (ou não!) lembra muito a personagem de Meryl Streep em ‘O diabo veste prada’, em que ela é uma pessoa exigente que arranca o que pode e o que não pode da ingênua Anne Hathaway.

            A indicação para Melhor Montagem também é mais do que justa. O diretor Damien Chazelle faz o que pôde trabalhando apenas com uma câmera. Além de cortes rápidos e da posição da câmera sempre de baixo para cima, deixando Fletcher uma aparência mais sombria, tentem reparar nos detalhes do suor, expressões de rosto e sangue jorrando de Andrew. O resultado é o mais realista possível.

            Naquela que é possivelmente a melhor cena do filme, Andrew está indo para uma apresentação de jazz, quando o pneu de seu ônibus fura no meio do caminho. Ele tenta pegar um táxi, mas não tem sucesso, aluga um carro e esquece as baquetas na locadora. Quando volta para recuperá-las, um caminhão atropela seu carro, ele sai sangrando, mas sai inteiro, se apresenta no show de jazz, porém, sem condição nenhuma, tenso e trêmulo, Fletcher o expulsa do grupo. Durante toda a cena (que dura cerca de 10 minutos), a câmera é quase documental e quase sempre está no rosto de Andrew. E o resultado é impressionante.

            E pensar que diretor deste filme aqui, Damien Chazelle, é o roteirista do horroroso ‘O Último Exorcismo 2’.

            Nada como um grande filme para apagar um fracasso original. Que o diga Curtis Hanson em ‘Los Angeles – Cidade Proibida’.


Nota: 10,0


Imagens:













Trailer:

Nenhum comentário:

Postar um comentário