sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

The Normal Heart


The Normal Heart

Direção: Ryan Murphy

Ano de produção: 2014

Com: Mark Ruffalo, Matthew Bomer, Julia Roberts, Jim Parsons, Alfred Molina, Taylor Kitsch, Denis O’Hare.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos


Uma história que a geração atual precisa conhecer

            No ano passado, o filme ‘Clube de Compras Dallas’ se tornou um sucesso por retratar um período que os mais conservadores não gostam muito de mexer: o da descoberta do vírus da AIDS no início dos anos 1980. Com grandes atuações, o filme faturou 3 Oscars, o de Melhor Ator para Matthew McConaughey e de Melhor Ator Coadjuvante para Jared Leto, além do prêmio de Melhor Maquiagem.
            Já agora em 2014, surge um telefilme produzido pela HBO, muito mais corajoso sobre o mesmo assunto e com atuações tão boas quanto: The Normal Heart, que é baseado em uma peça de teatro com o mesmo nome e mexe de maneira mais profunda e política na questão do vírus HIV e, fundamentalmente, da homofobia gerada pelo vírus, afinal, se até hoje muita gente associa o homossexualismo às DSTs, imagina na época, quando não se tinha conhecimento.
            Na história, estamos no ano de 1981, e a juventude ainda estava no espírito do amor livre da rebeldia dos anos 1960, quando começaram a morrer vários jovens após relações sexuais. Os médicos chamaram essa nova doença de “câncer gay”, pois afeta fundamentalmente, os homossexuais, fazendo com que o governo ignore de início a nova doença. O escritor Ned Weeks (Mark Ruffalo) está decidido a fazer com que a doença se torne pública e decide ir a vários meios de comunicação para falar sobre o tema, mas, sua única parceira é a médica Emma (papel de Julia Roberts), que também busca uma cura para o novo vírus. Nisso, Ned vive com o seu parceiro, Félix (Matthew Bomer), que também é contaminado pelo vírus.
            ‘The Normal Heart’ vai além da coragem: não tem vergonha nenhuma em ser verdadeiro e é apresentado praticamente sem pudor algum. Logo no início, somos apresentados a um clube GLBT com sexo, drogas e rock n’ roll, antes de conhecermos a relação entre Ned e Felix. O destaque aqui não é por ser ousado, mas por apresentar um amor pleno e verdadeiro, independentemente de quem seja.
            E nada do que a HBO não esteja acostumada. Sua marca é conhecida por ser corajosa e inventiva. Não devemos nos esquecer que Família Soprano foi uma série que mudou a forma de como vemos TV e trazer mais seriedade e ousadia para a telinha. Se hoje vivemos a chamada era de ouro das séries, devemos tudo a Família Soprano. Além de muitos outros exemplos.
            E por se tratar de um telefilme e produção da HBO, vários elementos de séries temos aqui: o diretor e produtor Ryan Murphy é o criador da grande série American Horror Story – e já trabalhou com Julia Roberts em ‘Comer, Rezar e Amar’ e o ator que interpreta Felix, Matthew Bomer, venceu o Globo de Ouro de Ator Coadjuvante pelo papel. E é impossível deixar de reparar em Jim Parsons interpretando Tommy (para quem não sabe, ele é gay assumido). O nosso Sheldon Cooper de ‘The Big Bang Theory’ aqui interpreta um papel muito mais sério do que o habitual e Ryan Murphy o chamou para o papel justamente porque ele já o havia interpretado na peça de teatro. Vê-lo longe do personagem que o marcou é uma experiência diferente.
            Até Brad Pitt trabalha como produtor por aqui. Ele já o havia feito no premiado ’12 Anos de Escravidão’ e também está como produtor no inédito ‘Selma’, que também lida com questões raciais.
            ‘The Normal Heart’ pode não ser perfeito (ele é muito enxuto em seu desenvolvimento, além de não apresentar um discurso de efeito contra o preconceito), mas funciona como conhecimento e reflexão. Foi somente em 1985 que o ex-presidente americano Ronald Reagan falou abertamente sobre a AIDS e a tratou como caso de saúde pública, e não de exclusividade do público homossexual. Aqui no Brasil, já se sabia da existência do vírus, mas, foi Cazuza que foi o primeiro a assumir publicamente que continha a doença.
            Hoje temos preservativos, informações e o mínimo de consciência, mas ainda não temos a cura para o vírus do HIV. Aos mais conservadores, um recado: não adianta tapar o sol com a peneira. Adolescentes têm relações. Ponto. Não precisa fazer um alarde por isso nem achar que é coisa do mal. As descobertas sexuais devem aparecer de forma aberta e sem máscaras e, quem defende a castidade e critica o uso da camisinha, faça um favor à humanidade e se feche em seu mundo e não venha dizer para nós, “pecadores” e pessoas “do mundo” o que é certo e o que é errado.


Nota: 9,0

Imagens:







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