domingo, 9 de novembro de 2014

Interestelar



Interestelar (Interestellar)

Direção: Christopher Nolan

Ano de produção: 2014

Com: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Mackenzie Foy, Michael Caine, Matt Damon, Wes Bentley, Casey Affleck, John Lithgow, Topher Grace, Ellen Burstyn.

Gênero: Ficção Científica

Classificação Etária: 12 Anos


O retorno da grande Ficção Científica

            Christopher Nolan é um diretor realmente único. Ele surgiu no mercado independente e se tornou conhecido ao dirigir e escrever ‘Amnésia’, em 2000 e hoje é dos diretores mais conhecidos e respeitados de Hollywood. Conseguir realizar blockbusters, atrair multidões ao cinema, e ainda não se esquecer das raízes independentes, é tarefa para poucos. Spielberg e J. J. Abrams que os digam.

            E ainda ressuscitar a história do homem-morcego e dar ao herói uma visão mais realista, sombria e longe da coisa carnavalesca dos filmes de Joel Schumacher nos anos 1990.

            Com todo o prestígio alcançado, somente um diretor desse porte conseguiria sinal verde do estúdio para realizar um projeto como ‘Interestelar’.

            ‘Interestelar’ foi concebido em 2006, o diretor seria Steven Spielberg e o roteirista seria Jonathan Nolan (irmão de Christopher), mas logo foi sendo assumido por Chris.

            Seu roteiro é baseado em um projeto do físico Kip Thorne, que colaborou com Robert Zemeckis no roteiro de ‘Contato’ em 1997, também com Matthew McConaughey. Além da colaboração na concepção da história e de muitas passagens ao longo do filme, que necessitam de conhecimentos físico-astronômicos, Christopher e Jonathan se interessaram pelos estudos de Thorne pelo chamado “buraco da minhoca”, que se baseia em um “atalho” através de tempo e espaço e teoriza que o universo pode ser “dobrável”. Aqui, a coisa fica um pouco mais clara para o público em geral sem destratar a platéia.

            Logo no início, ‘Interestelar’ lembra muito um documentário: temos um senhor e uma senhora idosa conversando com a câmera sobre a época de luta pela sobrevivência na Terra. Quem assiste ao filme não tem a menor ideia de o que aquilo significa, mas logo somos apresentados à história “verdadeira”, em que conhecemos a vida de Cooper (Matthew McConaughey, ótimo no papel), um ex-astronauta que virou agricultor no interior dos EUA e sua filha, Murph (Mackenzie Foy, a filha de Bella e Edward no último filme da saga ‘Crepúsculo’) e a convivência familiar e as dificuldades. Murph é uma garota muito inteligente e se interessa por astronomia. Logo, eles seguem algumas coordenadas geográficas e não demora muito para eles perceberem que descobriram uma sede secreta da NASA. Cooper recebe a missão do professor Brand (Michael Caine) para descobrir galáxias e planetas habitáveis para a espécie humana, pois a Terra está se tornando inabitável.

            Cooper aceita a missão e viaja para os confins do universo junto com a filha do professor Brand, vivida pela sempre ótima Anne Hathaway e sua equipe.

            Murph, porém, não gosta da ideia de seu pai não poder voltar e cresce amargurada, mas se torna uma mulher ainda mais inteligente e determinada do que na infância e aqui é vivida pela Jessica Chastain (que está em ascensão em Hollywood).

            As comparações com ‘2001 – Uma Odisséia no Espaço’, de Stanley Kubrick são inevitáveis. Além do tema sobre o espaço, também existe a ausência de som, ausência de efeitos espetaculares como vistos em ‘Star Wars’ e presença de diálogos. Mas, engana-se quem acha que isso torna ‘Interestelar’ seja enfadonho. Muito pelo contrário. Este é dos grandes filmes do ano e, apesar de não se comparar com 2001, as referências estão claras: metáforas sobre a vida na Terra, grandes passagens de tempo (os anos-luz que passam na vida de todos, tanto a tripulação, quanto os habitantes da Terra, e o conflito de gerações, é espetacular) e um personagem digital. No caso desse personagem, ao contrário do grande vilão Hal 9000 em 2001, aqui o personagem auxilia a equipe e muitas vezes a tripulação depende dele: TARS, como é chamado, é um elo importante para a missão.

            E além de ser uma ficção científica eficiente, ‘Interestelar’ acerta por investir em relações humanas. Não importa o quanto o cinema evolua na produção, mas são as emoções e investimentos entre as pessoas “comuns” é que sustentam um filme. ‘Avatar’ fez isso muito bem, e ainda com a parábola sobre a consciência ecológica. No caso de ‘Interestelar’, a passagem de tempo entre Murph e Cooper, desde o pai não vendo a filha crescer e ela se tornando mais amargurada e mais decidida – e sendo um personagem mais interessante – valem mais do que qualquer efeito.

            Christopher Nolan não possui a audácia apenas de fazer roteiro independente em blockbusters, mas também em colocar um ótimo e numeroso elenco em seus filmes. Desde ‘Batman Begins’, ele só trabalha com grandes elencos – e só com os melhores. Matthew McConaughey é o atual vencedor do Oscar por ‘Clube de Compras Dallas’ e agora é um ator respeitado e longe dos papéis fáceis que ele fazia nas comédias românticas como em ‘Como perder um homem em 10 dias’. Anne Hathaway acaba com a chamada “maldição do Oscar” e faz uma Brand muito séria e inteligente. Jessica Chastain está em alta em Hollywood e muito requisitada pelos grandes diretores e é maravilhoso ver que Nolan confia nela. Sim, Nolan tem seus atores preferidos. Michael Caine se tornou “pupilo” de Nolan e esta é a 6ª parceria entre os dois, que acontece desde ‘Batman Begins’.

            A trilha sonora angustiante de Hans Zimmer também é quase um personagem da história: sombria nos momentos mais tensos e mais lírica quando é necessário.

            É incerto dizer se ‘Interestelar’ será um sucesso comercial, mas é desde já favorito a vários Oscar e sucesso crítico. É o Nolan sendo menos popular e mais exigente.


Nota: 10,0

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