quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tim Maia



Tim Maia

Direção: Mauro Lima

Ano de produção: 2014

Com: Babu Santana, Robson Nunes, Alinne Moraes, Cauã Reymond, Laila Zaid.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos


Tim Maia recebe uma biografia à altura de seu talento

            Se tem uma coisa que o cinema brasileiro sabe fazer muito bem são biografias. Essas histórias contam mais a lado humano e menos o lado ídolo. E em todos os casos, quanto menos se sabe, melhor.

            Foi assim com ‘Cazuza – o tempo não para’, ‘Dois filhos de Francisco’ e ‘Gonzaga – de pai para filho’. Todos eles foram um sucesso de público e crítica e, cada um à sua maneira e época, resgatou o espírito musical e a importância que ambos os ícones tiveram.

            E agora, em 2014, temos a cinebiografia de Tim Maia, que é até hoje considerado dos maiores cantores da história do país.

            Sebastião Rodrigues Maia, que nasceu em 1942 e morreu em 1998 e desde a adolescência parecia que estava predestinado a virar um astro.

            Teve uma infância pobre, vendendo marmitas no bairro da Tijuca no Rio de Janeiro, mas não demorou muito para perceber que seu talento era a música. Junto com Roberto Carlos (ele mesmo, o rei), fundaram um grupo, os Sputniks (em referência à corrida espacial soviética). Logo, Roberto foi se distanciando do grupo, tomou as rédeas de sua vida e seguiu carreira solo onde tem até hoje, passadas mais de 5 décadas. Já Tião Maia, como era conhecido (o apelido de Tim foi dado com o tempo) viu seu grupo não vingar até ele ficar mais pobre. Foi tentar a sorte nos EUA (e a forma como ele conseguiu dinheiro para a passagem é curiosa), mas não conseguiu sucesso. Muito pelo contrário, era época se segregação racial e ele conheceu a cultura negra de lá. Ele foi preso por tentativa de roubo e foi deportado para o Brasil.

            Voltando aqui, a coisa não era boa. Sua família estava na miséria e, enquanto isso, Roberto Carlos ganhava fama e prestígio.

            Sua sorte mudou quando conheceu o músico Fábio, interpretado por Cauã Reymond e logo começou a parceria entre os dois. Tim começou a fazer pequenas apresentações de abertura nos shows de Fábio, mas logo foi ganhando destaque até começar a constituir uma carreira e seguir rumo ao sucesso...

            Esse filme, assim como a maioria das biografias, tenta não glamourizar demais o personagem e o trata de forma mais humana e imparcial. Embora Tim e Roberto tenham sido criados praticamente juntos, suas histórias não totalmente distintas: Roberto é o sinônimo de bom moço e soube usar melhor a cabeça com a fama. Já Tim, embora tenha a voz muito melhor (olha a polêmica que criei!) é o símbolo da má influência e rebeldia. Seu dinheiro era ostentado com festas caras, com muito consumo de bebidas e drogas e com viagens igualmente caras. Não demora muito, portanto, para vir sua ruína financeira.

            O filme é baseado em um livro de Nelson Motta, "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia" e foi adaptado para o cinema com o roteiro de Mauro Lima (que também é o diretor).

            Mauro já sabe trabalhar com biografias, como foi o caso de ‘Meu Nome Não é Johnny’, mas aqui o ponto de vista diferente. Embora os dois casos sejam de pessoas controversas, a responsabilidade em contar uma história de um ídolo como Tim Maia é muito maior do que contar a história de um traficante como João Guilherme Estrela. Mas o resultado é grandioso e muito pé no chão.

            A reconstrução de época é feita com também competência. Os anos 50, 60 e 70 são muito bem retratados com uma bela Direção de Arte, bem como os trejeitos dos personagens.

            O elenco é muito bem dirigido, não está estereotipado e cada papel lhe caiu bem. Os dois atores que interpretam Tim, Babu Santana, na fase adulta e Robson Nunes, na adolescência, fazem um papel muito honesto e chamaram a responsabilidade para si em um trabalho que poderia dar errado sim, por tratar de uma figura conhecida do grande público.

            Mesmo Cauã Reymond e Alinne Moraes, acostumados e papéis menos exigentes na TV e que exigem mais de suas belezas do que de seus talentos, surpreendem como Fábio e Janaína, esposa de Tim (e a química não ficou ruim) e mãe de Carmelo (filho que não é de Tim, mas ele assumiu).

            Há tempos que Tim Maia merecia uma biografia à sua altura e esse filme não faz feio. Há algumas derrapadas sim, em querer transformar a linguagem cinematográfica em televisiva (pois é), não dá para dizer que o um retrato definitivo, mas, como filme e como memória, é honesto.


Nota: 9,0

Imagens:





Trailer:


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