terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Carol


Carol

Direção: Todd Haynes

2015

Com: Cate Blanchett, Rooney Mara, Kyle Chandler, Sarah Paulson.

Drama

14 Anos

Quando duas mulheres se amam

            Esse título Carol é injusto. Fica a impressão de que todo o filme é centrado na Carol em questão, mas a sua parceira, Therese, tem tanto ou mais importância para a trama.

            Na verdade, se trata de uma adaptação de um livro homônimo escrito por Patricia Highsmith, se passa nos anos 1950 e conta a história de Carol Aird (Cate Blanchett), que não está contente com a vida, está se divorciando do marido, Harge (Kyle Chandler) e ele não a deixa ver sua filha durante o Natal. Em um dia próximo da data festiva ela vai a uma loja de brinquedos comprar um presente para a filha e conhece Therese Belivet (Rooney Mara), que também vive entediada, com a vida e com o emprego, embora ela tenha como hobby o trabalho de fotógrafa. Uma se torna a melhor companhia da outra, ambas decidem viajar pelos EUA e não demora muito para que elas se apaixonem.

            Carol é um belo filme, simplista e comovente. Nada do que o diretor Todd Haynes (de Longe do Paraíso e Não Estou Lá, este último também com a Cate) não esteja acostumado. E não importa em qual época seus filmes passem nem qual história é contada, para ele o que vale são os personagens e são elas que fazem Carol ser um filme tão especial.

            O filme vem colecionando prêmios ao redor do mundo, esteve em Cannes, esteve no Globo de Ouro, SAG Awards, Bafta e deve estar no Oscar e embora Carol tenha uma bela reconstituição da época dos anos 1950, sobretudo pelo figurino e design de produção muito competentes, o que vem chamando a atenção de todos e o que está fazendo o longa estar nos festivais e sendo ovacionado são as atuações dessas duas atrizes maravilhosas:

Cate Blanchett faz um de seus melhores papéis da carreira. E olha que não é fácil chegar a essa conclusão, sabendo que ela já foi a rainha Elizabeth I, Galadriel em Senhor dos Anéis, o cantor Bob Dylan (e poucas atrizes fariam um papel masculino) e a diva do cinema Katharine Hepburn. Já Rooney Mara é mais fácil de cravar: Therese Belivet é o seu melhor papel até aqui. Muitos contestaram a sua indicação ao Oscar em 2012 por ‘Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres’, mas aqui ela é muito merecedora se as indicações – e prêmios – vierem, serão justamente por ela fazer uma moça insegura e independente ao mesmo tempo. Ela não se sujeita ao que a sociedade a impõe, mas também não sabe o que fazer da vida. Sem contar que Therese é o dilema da carreira profissional que temos até os dias de hoje: se vale a pena investir no seu sonho ou se é melhor ter um emprego “normal”? Ela está entediada com seu trabalho na loja, mas ama ser fotógrafa.

Tanto Carol como Therese tem uma na outra uma espécie de refúgio. A melhor parte do dia de uma é quando está com outra e o momento da viagem, que toma conta do 2º ato, é como se fosse um momento de libertação e talvez uma chance única, afinal, uma sociedade conservadora dos anos 1950 dificilmente aceitaria duas mulheres “de família” tendo um caso.

E o que o filme Carol acerta é em mostrar a relação das duas de forma natural e sem sensacionalismos. É uma história de amor. Ponto. Independentemente do gênero e Carol se mostra um filme seguro, sem um grande momento de reviravolta e que o grande público possivelmente não vai gostar. Os mais conservadores menos ainda.

É um filme para quem gosta de cinema, mostrando a força dos filmes independentes e se vierem as indicações ao Oscar, pode dar mais visibilidade ao longa. E de preferência, sem criar polêmica por causa do tema.

Nota: 9,0

Imagens:










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