segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

As Aventuras de Pi


As Aventuras de Pi (The Life of Pi)
Direção: Ang Lee
Ano de produção: 2012
Com: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Adil Hussain
Gênero: Aventura Dramática
Classificação Etária: LIVRE
Nota: 9,0

“As Aventuras de Pi” tem uma grande e comovente história e mostra que o 3D não é apenas uma “modinha”.

            Durante a transmissão do Oscar de 2010 pela TV Globo, o crítico de cinema e ator José Wilker disse que a tecnologia 3D não passava de mania e moda adolescente. O comentário veio porque naquela noite os grandes favoritos a levar o prêmio máximo eram “Avatar” e “Guerra ao Terror”, em que ele dizia que Avatar era feito só pra ganhar dinheiro e que Guerra ao Terror era mais cinema. Mesmo eu achando que o filme da Kathryn Bigelow é de fato melhor que o do James Cameron, por ser mais cinema de autor e, consequentemente, mais realista, o tempo mostrou que, como crítico, Wilker é um ótimo ator.

            A tecnologia 3D veio sim, para ficar, não apenas como impressionista, mas, para aliar as boas ideias com o que está por vir. Infelizmente, não estamos preparados para as novidades. Sempre achamos que a época anterior é melhor e sempre achamos que tudo vai piorar. “Ninguém ia mais ler” quando surgiu o Atari ou quando a TV se popularizou. “Ninguém criaria mais nada” quando a internet surgiu, e a prática provou que tudo isso era pessimismo.

            Tudo bem que de início o 3D era mais para animações, e algumas porcarias hollywoodianas, como “Fúria de Titãs” e “O Último Mestre do Ar”, mas não demorou muito para essa tecnologia ser aliada a um bom roteiro. Foi quando o mestre Martin Scorsese resolveu fazer, finalmente, um filme de classificação livre para sua filha, que foi o ótimo “A Invenção de Hugo Cabret”, que era o favorito a levar o prêmio máximo no Oscar do ano passado mas perdeu para “O Artista”. O próprio James Cameron, diretor de Avatar, que é conhecido pelo seu ego, disse em uma entrevista que o 3D de Scorsese era o mais bem usado até então.

            Mas é impressionante como a criatividade humana não se esgota nunca. Com menos de um ano da estreia de “A Invenção de Hugo Cabret”, temos um uso melhor amarrado e mais profundo da tecnologia 3D: “As aventuras de Pi”, o novo filme de Ang Lee, igualmente de classificação livre e baseado no livro Yann Martel, “A Vida de Pi”.

            Há dois tipos de 3D, aquele que é o mais conhecido, em que a tecnologia é composta da tela para a plateia em que muitas produções fazem a brincadeira de “jogar” objetos no espectador e tem aquela tecnologia em que o 3D vem da tela para dentro, dando uma ideia de maior profundidade. Esse novo filme de Ang Lee faz das duas maneiras, e muito bem.

            Desde a primeira sequência, mostrando algumas aves até o desfecho, o resultado é lindo, fruto de um trabalho pela Rhythm & Hues Studios de captura de performance, a mesma do leão de “As Crônicas de Nárnia”. Esse trabalho de captura quase que real dos movimentos do tigre, por exemplo, lembra muito o trabalho de Andy Serkis em “Planeta dos Macacos – A Origem”.



            “As Aventuras de Pi” conta a história de Piscine Molitor, um garoto indiano que teve esse nome dado em homenagem a uma famosa piscina pública francesa, que, depois de várias situações bizarras durante a infância, ficou conhecido apenas por Pi. Ele vive com seus pais e com seu irmão mais velho, Ravi. O pai tem um zoológico, que, de início é lucrativo, mas devido às crises dos anos 1960, a família resolve sair do país em busca de melhores condições de vida. Decidem, então, ir ao Canadá de navio. Em uma das noites de viagem, porém, Pi acorda no meio de uma forte tempestade e sobrevive a um naufrágio (em uma cena espetacular de ação) e perde toda a sua família, mas ele e alguns animais sobrevivem, que vão morrendo aos poucos, menos o tigre Richard Parker, com quem ele convive por toda a sua jornada.



            Eu vou parar a história por aqui, pois quanto menos se sabe da história, melhor, mas além da técnica impecável e do roteiro eficiente, “As Aventuras de Pi” toca, também, na questão religiosa, pois o protagonista é adepto à 3 religiões, inclusive o hindu-cristão, que não é muito diferente do nosso catolicismo mas com origens hindus.


            O interessante dos trabalhos de Ang Lee, é que ele não tem uma identidade ou uma marca em seus filmes. Nenhuma obra sua se parece com a outra. Se pegarmos os melhores filmes da carreira dele, que são “Razão e Sensibilidade”, “O Tigre e o Dragão” e “O Segredo de Brokeback Mountain”, vemos que ele é um diretor que trilha muito por caminhos diferentes, mas sempre centralizado nas emoções humanas, mesmo nessa superprodução aqui, que emociona, e muito o espectador.



            Eu só tenho uma ressalva a fazer: mesmo sendo um filme de mais de 2 horas, ele simplesmente passa rápido por algumas questões: a parte religiosa, por exemplo, tão explorada no livro e tão filosófica que acompanha o nosso protagonista até o desfecho, simplesmente inexiste na metade final, tornando o desfecho mais fraco, o mesmo vale para os amores de Pi: sua namorada de infância e sua nova esposa também inexistem na história.

            Mas mesmo com essas ressalvas, não há dúvida de que “As Aventuras de Pi” seja um dos filmes mais notáveis de 2012 e desde já, forte concorrente ao Oscar de 2013, mesmo que seja nas categorias técnicas.



Trailer do Filme


2 comentários:

  1. Tive a oportunidade de assistir esse filme no caríssimo 4D, do JK Iguatemi. Achei que ia ser bem tedioso e tals, brincadeira de criança, mas devo admitir que é SENSACIONAL. O 3D é mágico e te leva para dentro da tela e os efeitos externos à tela, são muito divertidos... Peço licença ao autor para postar uma crítica que fiz para o blog que escrevo: http://ideianossa.blogspot.com.br/2013/01/o-inventivo-pi.html

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    1. O 3D é realmente mágico, ainda nunca vi essa tecnologia 4D, vontade tenho, só falta o tutu, kkkkkk. valeu!!!!!

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