domingo, 20 de janeiro de 2013

Amor


Amor (Amour)


Direção: Michael Haneke

Ano de produção: 2012

Com: Emmanuelle Riva, Jean-Louis Trintignant, Isabelle Huppert.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 12 Anos

Nota: 10


Haneke mostra porque é o melhor cineasta europeu da atualidade.


            No mundo cinematográfico de hoje, com tantas superproduções, efeitos especiais e sendo essa a era do 3D, é difícil imaginar que ainda existam cineastas que propõem alguma reflexão. E Michael Haneke faz isso como poucos, sem contar que suas obras costumam ser perturbadoras e ousadas, e por tanto, inacessíveis ao grande público. E se pegar como exemplo, “Cache” e “A Fita Branca”, seus melhores trabalhos, vemos que, “Amor”, é, de longe, seu filme menos pesado para o grande público e não menos interessante. O filme surpreendeu a todos com as indicações ao Oscar que levou. A de Melhor Roteiro Adaptado já era esperada, afinal, promete ser a grande barbada da festa este ano, mas Melhor Atriz, Direção e Filme, soaram para os críticos como um azarão.

            ‘Amor” conta a história de Anne (Riva) uma senhora que sofre um derrame e fica de cama em casa sob os cuidados de seu marido, Georges (Trintignant), que também recebe as visitas de sua filha (Isabelle Huppert) e está pior a cada dia e com a morte cada vez mais anunciada.


            Não há muito o que contar da história, aliás, a graça é como Haneke conta a história. E o grande trunfo de seu trabalho é deixar as imagens sempre límpidas e a fotografia simples para o espectador prestar atenção somente nos personagens e no que é dito, e não na estética, como sugere o padrão hollywoodiano de fazer filmes. E neste filme aqui, Haneke faz isso como ninguém.

            “Amor” é um filme sobre velhice, reflexões de uma vida inteira, sem cair na pieguice americana e sem um conteúdo mirabolante, aliás, esta é uma história simples e corriqueira, que poderia ser em qualquer residência.

            Os atores estão ótimos, mas o filme é todo de Emmanuelle Riva, indicada para Melhor Atriz no Oscar, aliás, a pessoa mais velha indicada até agora com 86 anos (e este ano ainda temos a mais nova indicada este ano, com apenas 9 anos de idade). Não acredito que ela levará a estatueta, já que tem outras mais favoritas, mas seu trabalho mais acessível aqui para nós, latino-americanos, que é nesse belíssimo drama, “Amor” merece ser apreciado e aplaudido.


            Tenho absoluta certeza de que “Amor” não irá bem nos cinemas, afinal, é um filme sobre velhice, reflexões, europeu, que não tem nada a ver com os padrões americanos de filmar, e ainda as duas horas de projeção são inteiramente dentro de um apartamento. É um filme, realmente, para quem é amante de cinema. E Michael Haneke mostra que não se curva aos prazeres que os blockbusters dão, como dinheiro e publicidade e ainda resiste, e muito bem, em fazer um cinema de autor, que quase só se via nos anos 1960. “A Professora de Piano”, “Violência Gratuita”, “Cache”, “A Fita Branca” e agora, “Amor”, como será que Haneke nos provocará da próxima vez?

Trailer:


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