domingo, 26 de janeiro de 2014

Trapaça

Trapaça (American Hustle)


Direção: David O. Russell

Ano de produção: 2013

Com: Amy Adams, Bradley Cooper, Christian Bale, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence, 
Michael Pena, Robert de Niro.

Gênero: Comédia Dramática

Classificação Etária: 14 Anos



Somente as premiações e seu ótimo elenco explicam o sucesso de “Trapaça”.

            Sempre quando saem os indicados ao Oscar, há um núcleo de 4 ou 5 filmes que despontam como favoritos, são aqueles que estão nas premiações, são elogiados e se tratando de uma premiação como o Oscar, estarão lá de qualquer jeito. No Oscar de 2014, “Gravidade”, “12 anos de escravidão” e “O lobo de Wall Street”, que também estão indicados ao prêmio de Melhor Direção, estiveram em todas as premiações e estão sempre apontados nas listas dos melhores do ano. Bem, eu disse uns 4 ou 5 filmes e só citei 3. Faltou um? Pois é justamente esse que tem tudo o que a Academia gosta, é o líder de indicações e arrisco dizer: é o favorito a levar o prêmio de Melhor Filme. E este filme é “Trapaça”, novo filme do diretor David O. Russell, que ano passado nos entregou o encantador “O Lado Bom da Vida”, filme que deu o Oscar de Melhor Atriz para a Jennifer Lawrence no ano passado.

            David é um diretor muito sortudo em Hollywood. É a mesma sorte que Christopher Nolan tem: ter muitos atores amigos, conseguir chamar muita gente para seu elenco, até com redução de salário em alguns casos e ainda exigir de seus atores a melhor performance possível. Basta ver seus trabalhos anteriores, além de “O Lado Bom da Vida”, teve também “O Vencedor”, em 2010. É a prova que David é o novo queridinho da Academia.

            Com tudo isso, David recebeu sinal verde para realizar “Trapaça” da forma que ele queria. É glorioso quando vemos a indústria de Hollywood, tão dependente de produtores, ainda dá espaço para o cinema autoral.

            No caso de Trapaça, porém, é que ele ficou tão famoso e com tanta gente legal no elenco, fica a impressão de “fogueira de vaidades”, assim como “Onze homens e um segredo”, com atores demais, pretensões demais e conteúdo de menos.

            Trapaça é baseado em uma história real que se passa no final dos anos 1970, onde dois trambiqueiros, Irving (Christian Bale) e Sidney (Amy Adams, com um decote mais ousado a cada cena), que ganham dinheiro às custas de golpes que praticam em suas vítimas. Um agente do FBI, Richie (Bradley Cooper) descobre a farsa e prende a dupla. Ao invés de deixar a dupla apodrecer na cadeia, Richie e o FBI fazem uma proposta ousada de conciliação: Irving e Sidney ajudariam o FBI a capturar outros corruptos poderosos, como o prefeito de Nova Jersey, Carmine (Jeremy Renner) e o mafioso Victor Tellegio (Robert de Niro).

            A personagem de Sidney é, de longe, a mais esperta da história: sempre à frente de todos e usa seu corpo (fundamentalmente seus decotes) para conseguir o que se quer. David usou e abusou da sensualidade de Amy Adams para criar um clima que mais se aproxima de um Noir ao estilo de “Los Angeles – Cidade Proibida”. Mas, o que poderia ser uma ousadia épica, é um resultado de cenas de sexo sem nexo, de gosto um pouco duvidoso e piadas, em sua maioria, sem graça. O mais legal é enxergar a história por trás da história: embora David O. Russell tenha se inspirado em uma história real, muita coisa aqui é inventada. Até o personagem da Jennifer Lawrence é criação de David. Aqui, ela faz a esposa traída e falastrona de Irving, Rosalyn. Ela, infelizmente, aparece pouco na história e está indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante. O talento dela aqui está desperdiçado com diálogos sem sentido, um papel que não lhe combinou e, lamento dizer que, se ela levar o Oscar, será marmelada. Somente a cena da dança é impagável e cômica. Até o beijo em Amy Adams, que prometia ser ousado, ficou a desejar.

            O trio masculino - Christian Bale, Jeremy Renner e Bradley Cooper - está bem, embora nenhum se sobressaia.

Mas e a Amy Adams indicada e favorita a Melhor Atriz? Ela não está mal por aqui. Há um misto de sensualidade e esperteza. Mas calma lá: Amy Adams é uma atriz excelente e esse não pode ser considerado um papel tão definitivo em sua carreira para se consagrar como Melhor Atriz do ano. Na verdade, o papel nem exigiu tanto assim dela. A graça de sua Sidney está na história e no elenco como um todo, e não exatamente em sua personagem.

De tão correto, pelo menos o final é memorável e surpreendente, o que não melhora a qualidade do material, mas trouxe algo diferente. A reviravolta que dá no final é empolgante e vibrante.

Ao final de “Trapaça”, fica a pergunta: um final bacana, um decote da protagonista, uma estrela sem brilhar e um visual cafona são suficientes para ganhar um prêmio de Melhor Filme do Ano?


Nota: 7,0


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