sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O bebê de Rosemary

O bebê de Rosemary (Rosemary´s Baby)


Direção: Roman Polanski

Ano de produção: 1968

Com: Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon.

Gênero: Terror

Classificação Etária: 16 Anos



O Bebê de Rosemary permanece ainda assustadoramente atual.

            Fui rever nesta semana, O bebê de Rosemary, este clássico do cinema de terror e cinema em geral da década de 1960. Era uma época em que o terror não era explícito como nos dias de hoje, em que os filmes do gênero parecem mais disputar quem mostra mais do que quem assusta mais. Foi estranho assistir, primeiro porque muita coisa de lá para cá mudou, o mundo mudou. Era um dos anos mais turbulentos e radicais do século XX. Se não, "o” ano mais turbulento: protestos e reivindicações ao redor do mundo, inclusive no Brasil por um mundo melhor e justo. E não só o mundo, mas o cinema mudou. Da computação gráfica à tecnologia 3D, são essas obras de resistência que tornam um filme imortal e único. Outro motivo estranho de rever o filme foi como um filme de terror, que claramente faz questão de esconder todo o medo e horror da situação pode ainda continuar a provocar medo nessa geração “Jogos Mortais”? No caso de O bebê de Rosemary, é por uma razão muito simples, porque o diretor, Roman Polanski (vencedor do Oscar de Melhor Direção em 2003 por “O Pianista”) não teve medo de ousar e de adaptar o livro de Ira Levin, que parecia infilmável e maldito.

O bebê de Rosemary deu uma nova visão da obra e deu uma película cheia de metáforas e críticas sociais, que não são poucas ao longo da produção. Primeiro a metáfora sobre a convivência entre vizinhos, que quase sempre são um terror, principalmente em um prédio e com mais de um apartamento por andar. E depois as diversas metáforas sobre o encastelamento da população e cada vez mais o fato de as pessoas se isolarem do mundo exterior. Se tudo isso era questionado, já nos anos 1960, imagine agora, com todas as tecnologias que temos e a cada geração vivemos mais e mais como uma ilha. Dá para dizer, então, que O bebê de Rosemary é um filme à frente do seu tempo.

Na história, um casal, Rosemary (Mia Farrow, ótima, sensacional no papel, que sequer foi indicada para Melhor Atriz no Oscar) e Guy (Cassavetes) estão de mudança para um apartamento novo, em um prédio rodeado de vizinhos estranhos e sombrios. Rosemary é mais reclusa, mas o marido é mais carismático e logo conquista a amizade dos vizinhos. Em uma noite, Rosemary engravida misteriosamente. Segundo a própria, ela sonhava que estava transando com o marido. Todos estranham mas a gravidez persiste. Durante os 9 meses de gestação, Rosemary começa a ter alucinações com o marido, vizinhos e principalmente com a imagem do capeta em “pessoa”. Quando chega o momento de dar a luz, Rosemary é sedada por remédios e os médicos e vizinhos não a deixam ver a criança. Quando a protagonista, que está lúcida e, na verdade, não tomou remédio nenhum, se levanta da cama, ela decide, carregando uma faca enorme (em uma cena icônica), ver sua criança...

Não há uma só lista dos “melhores filmes de terror da história”, que não esteja com “O bebê de Rosemary” no meio. Anos à frente do seu tempo, foi até bem nas bilheterias e foi um sucesso de crítica. No Brasil, demorou a chegar porque os militares acharam que seria um mau exemplo à sociedade (alguém, por favor, me fala alguma coisa boa da ditadura?), mas por aqui foi sendo descoberto com as edições especiais em DVD e as diversas reprises na TV. A produção é de William Castle (de “A Casa da Colina”) e levou o Oscar de Atriz Coadjuvante para Ruth Gordon, que faz uma das vizinhas, além de ter sido indicado para Roteiro Adaptado, escrito pelo próprio Polanski.

Por se tratar de uma assunto tão delicado, como o satanismo, o filme, claro gerou polêmica: vários grupos conservadores queriam que o filme saísse de cartaz nos EUA, além do mais, Polanski contratou um líder da igreja satânica para um tom mais realista nos momentos finais.

Muita gente acha que situações como essas dão uma publicidade negativa para um filme. Discordo. Tudo isso aumenta a popularidade e curiosidade do filme. Isso, talvez, explica o fato de “O bebê de Rosemary” ter feito mais sucesso por aqui só nas décadas seguintes. E descobrir o cinema de Polanski mais à fundo é um deleite. Fica aqui a dica para assistir, também, “O Pianista” e “Lua de Fel”, do próprio Roman Polanski, mas fuja do pavoroso “O Último Portal”, com Johnny Deep. É bizarro e sem sentido. Mas seu melhor filme é, claro, esse que voz fala: “O bebê de Rosemary”.



Nota: 10


Imagens:









Trailer:


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