Nunca se discutiu tanto sobre fan service como em 2016,
sobretudo por causa das adaptações de quadrinhos e todas até o momento usaram e
abusaram de elementos que atraia o fã das antigas. Alguns desses “serviços de
fã” foram bem utilizados e outros, nem tanto, mas, não é exagero nenhum dizer
que, em 2016, o melhor uso do fan service foi em Star Trek – Sem Fronteiras,
sobretudo porque ele não é usado de forma gratuita, é em favor do roteiro e
pode comover até mesmo que não sacou essa ou aquela referência.
Star Trek – Sem Fronteiras é o terceiro filme da trilogia
iniciada em 2009, por J. J. Abrams, tinha a responsabilidade de manter a
qualidade dos dois primeiros, satisfazer os exigentes fãs de Star Trek e de ser
o principal lançamento para as comemorações dos 50 anos da série clássica.
J. J. não teve tempo de dirigir este terceiro filme
porque estava ocupado dirigindo Star Wars – O Despertar da Força e aqui é
apenas o produtor, deixando a cadeira de diretor para Justin Lin, que dirigiu 4
filmes de Velozes e Furiosos e, respeitando as devidas proporções, colocou
alguns elementos da famosa franquia de carros, como a ação desenfreada e o
conceito de família: há um determinado momento em que os integrantes da
Enterprise se dividem em duplas e isso foi muito bom para manter o espírito da
série clássica e explorar melhor as relações entre os personagens (e não
exatamente as mais óbvias!). E quanto à ação, praticamente não há um respiro
aqui, exceto por uma piada pontual ou outra de algum personagem.
Há diversas homenagens à série clássica, e as referências
estão em praticamente tudo, desde os diálogos, em algumas cenas e até na trilha
sonora poderosa de Michael Giacchino.
Engana-se quem pensa que Star Trek – Sem Fronteiras seja
um filme sombrio e realista, como os dois primeiros tentaram ser: aqui é uma
ação de ficção científica, feita tanto para os fãs da saga quanto para o
público casual, ou seja, quem vai ver o filme apenas para se divertir e passar
o tempo, encontrará um bom produto de entretenimento. E, principalmente,
nota-se que Simon Pegg se divertiu muito escrevendo o roteiro ao lado de Doug
Jung, tanto que seu Scotty tem um tempo maior de tela e maior importância no
grupo, mas seu personagem só se torna completo quando ele se junta à ótima
estreante Jaylah, vivida pela ótima Sofia Boutella (que atuou em Kingsman). Simon
contou em uma entrevista que escreveu Jaylah pensando em Jennifer Lawrence em
Inverno da Alma e aqui é a melhor personagem do filme: mulher forte,
determinada e que logo o espectador se envolverá com as suas motivações. Queremos
ver mais sobre ela.
Quem também é novo na franquia e se destaca é o vilão
Krall, vivido pelo sempre ótimo Idris Elba, que, aliás, anda em alta em
Hollywood e pode ser o novo James Bond. Seu Krall é menos racional e frio do
que o Khan de Benedict Cumberbatch, mas tem mais imponência e força, o que o
torna igualmente ameaçador.
Os demais personagens continuam excelentes, Kirk finalmente
se assumiu como Capitão, sua amizade com Spock se tornou mais intensa e, aliás,
o próprio Spock é um personagem mais cerebral como na série clássica e suas
frases de efeito remetem muito ao personagem de Leonard Nimoy.
Falando em Nimoy, tanto a homenagem a ele, quanto à
homenagem ao Anton Yelchin (que faz o russo Checkov), foram honestas e
verdadeiras, mas saber que ambos não estão mais entre nós – e que este foi o
último filme de Yelchin, foi de deixar qualquer um triste.
Dificilmente uma trilogia continua vigorosa em seu
terceiro filme e Star Trek conseguiu e este novo filme está entre os melhores
da saga e é uma pena que ele não esteja indo bem de bilheteria, não foi bem nos
EUA e aqui no Brasil perdeu Para Pets, por exemplo, mas, quem disse que a saga
está morta? Logo teremos a série nova da Netflix e um novo filme pode aparecer
a qualquer momento, seja continuação ou reboot.
Vida longa e próspera!
Nota:
10,0
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