Shonda Rhimes está muito em alta na TV, parece que tudo o
que ela toca vira ouro e mesmo quando todos pensam que ela está em baixa, ela
consegue dar a volta por cima com suas criações/produções que são um grande
sucesso. Um exemplo é Grey’s Anatomy, que tem seus altos e baixos, mas se
reergueu na 12ª (!) temporada e, ao contrário do que muitos pensavam, não deu
sinais de cansaço. E mesmo uma série que não é criação sua, como How to Get
Away With Murder, onde ela é produtora executiva, a coisa dá certo e a série
protagonizada por Viola Davis é um grande sucesso de público e crítica.
Mas, de suas criações, a menos citada é justamente um de
seus melhores trabalhos: Scandal não é exatamente um sucesso aqui no Brasil (mas
também não é um fracasso, sobretudo porque ela está disponível na Netflix e tem
o seu público) e no “resto do mundo”, mas nos EUA já virou fenômeno cultural,
sobretudo porque a série é sobre os bastidores da política americana e muitos
não se importam, mas deveriam, já que o que acontece na Casa Branca afeta o mundo
inteiro e há muitos valores em Scandal que são universais como a corrupção,
violência e o mundo de aparências.
E para o público brasileiro, ver tudo isso é fundamental:
tudo o que sabemos sobre política é o que nos chega através das mídias, mas
jamais saberemos o que ocorre nos bastidores e nas reuniões a portas fechadas.
Ok, Shonda Rhimes coloca um pouco de dramaticidade na
trama justamente para deixá-la mais atraente para o grande público. Ela é muito
criticada por isso – e com razão – mas aqui na 5ª temporada de Scandal, isso
funciona e torna a série mais tensa fazendo com que o espectador queira logo o
próximo episódio – ou temporada – e o que foi um grande problema na 4ª
temporada, aqui se torna um atrativo a mais.
Após os acontecimentos do ano anterior, Olivia Pope ainda
está traumatizada e o presidente Fitz consegue expulsar os corruptos ao seu
redor, os dois estão juntos, mas não demora muito para que o relacionamento dos
dois se torne público – e um escândalo nacional. Paralelamente a isso, Fitz
está no final do seu mandato, a eleição presidencial está chegando e
acompanhamos aqui os bastidores das campanhas dos dois partidos: Democrata e
Republicano.
Kerry Washington continua arrebentando em seu papel como
Olivia Pope e para muitas mulheres (sobretudo as norte-americanas) ela é uma
grande heroína e símbolo de empoderamento feminino e racial também: “Eu ousei
nascer mulher e negra” – foi o que ela disse em um dos episódios.
Ela ainda tem a imponência que sempre teve (mas isso foi
muito discutível na temporada passada) e a Annalise Keating (personagem da
Viola Davis em How to Get Away With Murder) possivelmente não existiria sem
Olivia Pope e tudo o que ocorre na série converge para ela.
Mas esta 5ª temporada não foi apenas de Olivia, pelo
contrário, os 21 episódios foram muito bem distribuídos e deu uma presença
maior a outros personagens, como Abby, que não é mais a sombra de Olivia ou do
presidente e está tomando as rédeas e responsabilidades de sua nova carreira,
Mellie, que foi ganhando a simpatia do público com o passar das temporadas e
sua personagem leva a trama por vários episódios. E Susan Ross, a
vice-presidente, que funcionava mais como um alívio cômico, mostrou o seu valor
perante a Casa Branca.
Olivia Pope é realmente um símbolo e inspiração para
muitos, mas não é exatamente uma heroína e não mede esforços para alcançar seus
objetivos: “Eu não perco!”, foi o que ela disse em um dos episódios e em parte
isso se deve ao seu perfil, mas também às limitações que a vida lhe obrigou e
ela sempre se orgulha em dizer que lutou por tudo o que conquistou, exatamente
como o seu pai havia lhe ensinado em um dos flahsbacks em temporadas passadas: “Você
deve fazer o dobro do que eles fazem para ter metade do que eles têm”.
Metade desta temporada é focada na eleição e tanto Shonda
quanto toda a equipe técnica de Scandal estavam inspiradíssimos para a
construção das tramas e sub-tramas nos 42 minutos de cada episódio e de forma
acessível e dinâmica, sobretudo pela montagem frenética onde praticamente não
há alívios ou respiros. E em uma campanha eleitoral vale tudo para chegar aos
objetivos (alguém se lembrou de Maquiavel?) e muitos personagens se matam (às
vezes, literalmente!) para alcançar a tão sonhada Casa Branca e mesmo aqueles
que o público considerava como “heróis” ou “bonzinhos”, tem o seu caráter
colocado à prova perante a sensação de poder. E o resultado disso é uma
temporada inesquecível e que deixou os fãs ansiosos pela 6ª temporada (que
chega em outubro nos EUA).
Scandal é uma série sobre a política americana, mas com
pessoas e situações que poderiam estar em qualquer lugar do mundo e em um
momento turbulento da política brasileira, merece ser descoberta por aqui, nem
que seja apenas como produto de entretenimento.
Nota:
10,0
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