Não tem jeito: sempre quando alguma série derivada de
algum filme é anunciada, começa a desconfiança do público, mas também algumas
fazem por onde (Minority Report, 12 Monkeys), mas nem sempre uma série assim
erra, como Hannibal e Bates Motel.
Com Scream não foi diferente: muitos não viam com bons
olhos a adaptação da quadrilogia de sucesso do saudoso Wes Craven, seja pelo
elenco desconhecido ou pela alteração do ghostface, marca registrada da
franquia.
Mas Scream foi uma boa surpresa de 2015 e o elenco jovem
pode ser limitado, mas, dentro de seus papéis, a maioria funciona. Até mesmo a
nova máscara é esquecida com o passar dos episódios tamanho envolvimento em que
o espectador está com a trama.
Independentemente de gostar ou não, uma coisa é certa:
Scream é uma série que vicia e consegue manter o mistério até o final, ainda
mais agora que a série foi comprada pela Netflix, que dá para matar a ansiedade
em um tempo menor ao invés de esperar a semana seguinte para o próximo
episódio.
Ou seja, Scream é uma série que funciona tanto no formato
maratona da Netflix quanto no sistema antigo de se ver TV, que era esperar a
próxima semana o com episódios que deixam o famoso “gancho”.
Foi assim na primeira temporada e é assim na segunda,
mas, embora este segundo ano tenha muitas qualidades, ele perde um pouco em
relação ao ano passado.
Após a série de assassinatos em Lakewood e a revelação da
pessoa responsável pelos crimes, Emma (papel de Willa Fitzgerald) fica um tempo
sumida, mas logo no primeiro episódio ela retorna e todos os sobreviventes
tentam viver uma vida “normal”, embora alguns fantasmas do passado ainda apareçam,
sobretudo com a Audrey (vivida pela ótima Bex Taylor-Klaus), que passa a sofrer
ameaças de um novo assassino e a trata como “parceira”.
Quem também teve sua rotina abalada foi Noah, que tem um
podcast voltado para a onda de crimes na cidade e defende a ideia que o
assassino do ano anterior tem agora um parceiro querendo vingança.
Noah é um personagem interessante, praticamente funciona
como um alívio cômico e é um pouco responsável pela metalinguagem com os filmes
de terror que a série precisa e que os 4 filmes fizeram muito bem. A amizade
entre ele e Audrey é mais intensa, ao passo que também é abalada e testada ao
longo da temporada. Começa a surgir um interesse amoroso na vida dele, que,
embora ambos não tenham química, funcionam bem separadamente.
Outro elemento aqui que funciona como metalinguagem para
os filmes de terror são os títulos de alguns episódios: logo o primeiro vem com
o título de “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” e há títulos como
Olhos Famintos e A Cidade dos Amaldiçoados.
A produção da série continua caprichada e o que é
economizado no elenco é bem utilizado na boa fotografia da cidade de Lakewood e
nas cenas de terror. No ”elenco” de produtores de Scream, estão os irmãos
Weinstein, que são grandes influentes em algumas escolhas da Academia, mas que
não dá para negar o bom trabalho técnico realizado por eles.
Mas esta 2ª temporada de Scream tem problemas, como a
falta de ritmo na metade da temporada e ficou claro que 12 episódios eram um
exagero. Ano passado foram 10, mas oito episódios também seria um número
interessante.
E nem todos os personagens funcionam: a exceção de Noah,
o elenco masculino é péssimo e mesmo o bom elenco feminino, como Emma e Audrey,
é um pouco afetado pela falta de carisma deles, mas, nesse quesito, o problema
maior fica com Brooke: ela é uma boa personagem e claramente a atriz se esforça
com o material que tem, mas, desde a primeira temporada, seus arcos e tramas
são de dar dó: começou com o seu envolvimento com o seu professor, chegando ao
triângulo amoroso agora e passando pelo seu pai, prefeito.
Muito se discutiu se as temporadas seguintes de Scream
não seguissem o formato de antologia, como American Horror Story faz com muito
sucesso, mas os realizadores viram que a história ainda tinha pontas soltas e
confiou em seu elenco, mas, claramente, a série não deve ter uma vida muito longa:
após o término desta 2ª temporada, foi anunciado um especial de Halloween para
outubro de duas horas, que deve ligar alguns arcos deixados por esta temporada
e não anunciaram se haverá um terceiro ano.
Se realmente Scream foi renovada para a terceira
temporada, pode ser algo bom ver o ciclo se fechando como uma trilogia
cinematográfica – e considerando que as séries da Netflix sejam chamadas de “grandes
filmes”, isso faz todo o sentido – mas que tenha uma trama consistente e que
justifique uma nova temporada, sem perder o tempo do espectador.
Nota:
7,0
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