A primeira temporada de How to Get
Away With Murder foi um grande sucesso de público e crítica e venceu o prêmio
histórico no Emmy de Melhor Atriz em 2015 para Viola Davis.
Tamanho sucesso se deu aos seus 15 episódios muito bem
distribuídos em uma trama que deixava o espectador tenso a cada episódio. A estrutura
era a seguinte: havia a ação ocorrida em tempo presente, mas com relances de um
acontecimento futuro e a cada episódio a série deixava pistas das conseqüências
ou motivos de como chegaria àquilo. E o resultado foi uma temporada muito bem
amarrada e que levou o seu mistério até o final.
Aliás, quem tomou algum spoiler perdeu uma grande
experiência.
How to Get Away With Murder é uma série de TV aberta, mas
a estrutura lembra muito as séries de TV fechada, com poucos episódios por
temporada e funcionando como um grande filme. Ok, há um pouco de procedural em
alguns episódios e por ser uma série de Direito, isso faz todo o sentido, mas
há uma grande trama que leva a temporada. Foi assim nas duas primeiras temporadas
e esse deve ser o caminho que a série seguirá.
Outro fator que faz que a série não tenha perfil de TV
aberta é o conteúdo violento e ousado de alguns episódios: não dá para esperar
um conteúdo como o de Sense8, por exemplo, mas uma série que mostra relação
entre pessoas do mesmo sexo, relações sexuais intensas (no plural mesmo) e assassinato
a sangue era algo impensável a alguns anos – ao menos em um canal aberto.
How to Get Away With Murder é exibida nos Estados Unidos
pelo canal ABC, foi criada por Peter Nowalk e tem como produtora executiva
ninguém menos do que Shonda Rhimes, que é a criadora de Grey’s Anatomy de
Scandal (também séries do canal ABC) e embora ela não seja a criadora aqui, há
algumas características dela, como a montagem frenética, o foco nas relações
entre os personagens e as personagens femininas fortes. Nas três séries, o foco
são as mulheres e os homens têm sim a sua importância, mas quase sempre são relegados
ao segundo plano.
Mas isso torna as séries feministas? Nem um pouco: as
tramas políticas e de direito, por exemplo, são universais e interessam a
todos.
Outra característica da Shonda é que suas séries não são
lineares e sempre tem algum acontecimento bombástico com reviravoltas, seja um seqüestro,
morte e por aí vai. Isso é um problema e uma qualidade ao mesmo tempo e depende
muito do contexto que sua temporada se passa.
No caso de How to Get Away With Murder isso foi uma
qualidade enorme para a primeira temporada, mas quase isso foi um calcanhar de
Aquiles por aqui: a estrutura desta segunda temporada é idêntica à primeira, ao
menos, no início: começa exatamente do ponto onde a primeira termina, mas tem
um salto de dois meses com um assassinato e conforme os episódios vão passando,
o tempo vai regredindo gradualmente.
O problema é que no 9º episódio, tudo é revelado e a
partir do 10º episódio, temos, praticamente, uma outra série. São duas
temporadas dentro de uma. Não que a trama da segunda metade da temporada seja
desinteressante, muito pelo contrário, mas os produtores enchem de reviravoltas
e flashbacks onde a maioria funciona, sobretudo para conhecermos melhor o
passado de alguns personagens, mas alguns excessos poderiam ter sido evitados,
onde claramente não devia ter esticado para 15 episódios.
Assim como na primeira temporada, é Viola Davis com a sua
Annalise Keating que leva a série com sua presença imponente com seus alunos,
colegas e adversários, mas engana-se quem acha que ela é a única coisa boa por
aqui. A maior parte do elenco é composta por nomes desconhecidos e cada um tem
o seu talento individual, aliás, agora que a série é um sucesso, só esperamos
que esses jovens atores tenham um futuro em Hollywood.
O nome mais conhecido aqui, tirando Viola Davis foi a
presença de Famke Janssen (a Jean Grey da trilogia X-Men), que foi adicionada à
segunda temporada como uma velha amiga de Annalise – e está excelente como a
advogada Eve (e quando mais sabemos sobre essa personagem e seu passado, mais
interessante ela fica).
No mais, apenas Matt McGorry (o John de Orange is the New
Black), que interpreta o Asher e Lisa Weil, a Bonnie, que foi a Paris em
Gilmore Girls (e estará no retorno da série pela Netflix) são conhecidos por
suas séries anteriores, mas nenhum deles podem ser considerados exatamente como
estrelas (embora tenham talento de sobra).
How to Get Away With Murder termina de forma
completamente aberta e com um grande gancho para a próxima temporada. Só
esperamos que essa grande série não perca seu ritmo e trama frenéticos. O elenco
é todo competente e a equipe técnica é ótima, mas que pode se perder em meio a
algumas reviravoltas que podem ou não fazer sentido. É um cuidado que a série
vai ter que tomar.
Nota: 9,0
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