Nerve – Um Jogo sem Regras é um filme
que fala muito com a geração atual e com o mundo conectado, mas dificilmente
ficará datado: não é apenas um retrato sobre tecnologias, mas dos nossos
costumes e do nosso comportamento, tanto no mundo “real” quanto no virtual. E isso
jamais envelhece.
O filme é baseado em um livro de
Jeanne Ryan e conta a história de Vee (vivida por uma Emma Roberts muito
inspirada), uma moça tímida e sua amiga, Sidney, é viciada em um jogo chamado
Nerve, que consiste em um aplicativo de celular no qual as pessoas podem ser
observadoras ou jogadoras.
Se escolher ser observador, a pessoa
paga uma mensalidade e pode dar os desafios para os jogadores, que devem
realizá-los em troca de dinheiro e, se não o fizerem, perdem tudo o que
ganharam.
Os desafios são os mais absurdos
possíveis, que levam os jogadores ao limite e a pessoa não tem outra saída se
não colocar a vida em risco. E tem mais: se a pessoa desiste, perde tudo o que
ganhou.
Nerve – Um Jogo sem Regras é uma
crítica à nossa dependência às tecnologias e aos chamados “haters” de internet:
os personagens do filme se apresentam viciados no jogo e ele se torna mais
importante do que a própria vida. E as pessoas são julgadas pelo desempenho do
jogo.
Se nos anos 80, havia a diferença
entre “perdedores” e “vencedores”, aqui essa diferença migra para “populares” e
“não-populares”.
Tanto a montagem quanto a fotografia
de Nerve – Um Jogo sem Regras são excelentes: a trama se passa em apenas uma
noite e há vários cortes rápidos em cenas pontuais. São cerca de 90 minutos em
que o filme deixa o espectador praticamente sem respirar. E a fotografia é
vibrante, e, por ser noturna, há vários takes vistos de cima para baixo de Nova
York (cidade onde o filme se passa) e as luzes de neon deixam o filme mais
intenso.
As seqüências na moto, na escada e na
loja de roupas deixam qualquer fã de filme ação tensos na poltrona.
Os diretores Ariel Schulman e Henry
Joost (diretores de Atividade Paranormal 3 e 4) realizaram uma obra pop, mas
está longe de ser sutil: as conseqüências das ações dos personagens são
apresentadas de forma até chocante em alguns momentos, sobretudo no segundo
ato.
A roteirista do filme, Jessica
Sharzer, também escreveu alguns episódios de American Horror Story e trouxe
muito da linguagem da série aqui para o filme, apesar de os temas serem
diferentes e seu roteiro só cai mesmo no final: se o filme desafia e provoca o
espectador, ele cai na obviedade nos momentos finais e o que poderia ser épico
e marcante se torna algo corriqueiro.
Aliás, foi Jessica quem trouxe Emma
Roberts para o elenco. Emma também está na série, em algumas temporadas e já se
revelou uma atriz muito mais interessante do que ser apenas a sobrinha da Julia
Roberts, como era conhecida há uma década. Quem também saiu do estigma de sua
família foi Dave Franco, irmão de James e se revelou um ator tão ou mais
interessante do que ele.
A química entre Emma Roberts e Dave
Franco convence e não há como não torcer por eles, seja como um casal ou como
parceiros, mas o mesmo não se pode dizer de Sidney, vivida por Emily Meade, que
é apresentada como a melhor “amiga” de Vee, mas que se revela uma quase rival e
analisando este filme como uma obra para o público jovem, Vee é a nerd e Sidney
é a que pratica bullying. Sidney não convence como amiga, nem como personagem,
mas pessoas assim existem na vida real, infelizmente.
Nerve – Um Jogo sem Regras tem tudo
para se tornar um jovem clássico e apesar dessas ressalvas, é das melhores
opções para quem quer se divertir. E, se fosse feito nos anos 90, seria
considerado um “tesourinho de locadora”.
Nota: 9,0
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