Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível
(Tomorrowland)
Direção: Brad Bird
Ano de produção: 2015
Com:
Britt Robertson, George Clooney, Raffey Cassidy, Hugh Laurie.
Gênero: Ficção Científica
Classificação Etária: LIVRE
‘Tomorrowland’
está sempre a um passo de decolar
O ano de 2015 está sendo difícil, principalmente para
nós, brasileiros e principalmente também pelo lado econômico e como estamos em
um sistema chamado de capitalismo e tudo gira em torno de finanças, a falta de
dinheiro pode gerar problemas de auto-estima, saúde ou de relacionamento e isso
está claramente afetando grande parte da população, principalmente pela baixa
perspectiva e pessimismo para o futuro.
E no mundo da ficção este futuro também parece estar
pessimista, temos vários exemplos de visões apocalípticas e distópicas e até a
espécie humana parece estar ameaçada.
Mas, no meio de tudo isso, há espaço para idéias utópicas
e otimistas? A boa notícia é que existe sim, e há 60 anos o mundo vivia um
período também pessimista e também a população vivia com medo do futuro: a
Guerra Fria estava em alta e o risco de Terceira Guerra Mundial era presente.
E neste cenário todo, existiu um sujeito que acreditava
em um futuro melhor, sonhava com isso e inclusive, pôs isso em prática: Walt
Disney, que colocou toda a sua idéia nos primeiros filmes de seu futuro
estúdio, Disney (hoje, o maior estúdio de Hollywood) e dentro da Disneylândia,
criou a região conhecida como Tomorrowland, que é uma espécie de parque que
resume sua visão de futuro, em que as pessoas são felizes e toda a tecnologia
funciona.
E agora, 60 anos depois, a Disney, com este império todo
na cultura pop, não brincou em serviço e transformou este pedaço do parque em
uma superprodução: ‘Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível’, que é o
segundo filme em live-action do diretor Brad Bird (o primeiro foi ‘Missão
Impossível – Protocolo Fantasma’).
O filme começa com um flashback, no ano de 1964, quando
vemos o então garoto Frank Walker (que depois seria George Clooney) que tenta
construir um aparelho que voa para uma feira de ciências comandada pelo
Governador David Nix (Hugh Laurie, o nosso dr. House). Mas o tiro sai pela culatra
e sua ida à feira só não é um desastre total porque ele é ajudado por uma menina
misteriosa chamada Athena (e só depois descobrimos o real sentido da ajuda, mas
quanto menos se sabe, melhor fica a experiência).
Depois, somos apresentados à história de Casey Newton (Britt
Robertson), uma adolescente tímida, carente, com poucos amigos e rebelde, tanto
que é detida após um drone seu invadir a NASA para evitar um lançamento de um
foguete. Após seu pai pagar a fiança e ela sair da prisão, aparece,
misteriosamente, em suas coisas, um broche que, ao tocá-lo, a leva a um mundo
paralelo e futurista, onde as pessoas são felizes e a tecnologia funciona para
todos.
Casey vai parar na casa de Frank, já adulto e ranzinza,
longe do garoto otimista dos anos 1960 e vai ajudar Casey na missão que lhe foi
dada e descobrir, porque, afinal, o broche foi cair justo em suas coisas.
Há muito mais na história para ser descoberto, mas não darei
spoilers aqui.
Tomorrowland poderia ser o filme certo na hora certa, até
para dar um respiro no clima pessimista que estamos vivendo. O visual é
caprichado e, de início, a narrativa remete muito aos clássicos dos anos 80,
como ‘Os Goonies’ e ‘De Volta para o Futuro’.
O problema de Tomorrowland fica a partir do segundo ato
do filme, sobretudo após Casey entrar na casa de Frank. Não que ele seja um
personagem ruim, muito pelo contrário, mas toda a magia da primeira parte do
filme dá lugar a um filme comum: mocinho contra vilão e uma desculpa muito
preguiçosa para a possível guerra entre mundos, além de um vilão Nix sem
motivação nenhuma – ou de motivação sem carisma.
Infelizmente, a Disney está com um sério problema de
construir vilões em seu universo, e até em filmes bons o vilão está mal
construído, seja nas animações (Detona Ralph, Frozen) e até nos filmes da
Marvel (Guardiões da Galáxia, Homem de Ferro 3), só espero que Divertida Mente,
Homem-Formiga e Star Wars – O Despertar da Força não decepcionem neste sentido –
nem em sentido nenhum.
Por isso é que digo que Tomorrowland é um filme de
produtor – e não de Brad Bird - mesmo sendo ele um dos roteiristas. A Disney já
trabalhou com ele, em animações deliciosas que foram Ratatouille e Os Incríveis
e por que não deram sinal verde para suas idéias criativas? Ele bem que tentou
em colocar easter eggs, seja na rápida aparição do Sr. Incrível de Os Incríveis
na cena de explosão de uma loja de ficção científica (e que cena deliciosa, com
várias referências à clássicos da ficção, até do próprio Star Wars) e as
referências a Paris, como visto em Ratatouille.
Tomorrowland pode ser a chance de Britt Robertson ver sua
carreira decolar (recentemente foi vista em ‘Uma Longa Jornada’) ou ser somente
uma promessa, só o tempo dirá. Ou pode ser a chance de a Disney rever os seus
conceitos e dar um espírito mais autoral às suas obras. E sua história mostra
que essa era sua melhor saída.
Nota:
7,0
Imagens:
Trailer:
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