domingo, 21 de junho de 2015

Orange is the new black - 3ª Temporada


Orange is the new black – 3ª temporada

Criada por: Jenji Kohan

Ano de lançamento: 2015

Com: Taylor Schilling, Laura Prepon, Kate Mulgrew, Michael Harney, Natasha Lyonne, Taryn Manning, Uzo Aduba, Samira Wiley, Dascha Polanco, Selenis Leyva, Yael Stone, Emma Myles, Lea DeLaria, Matt McGorry, Laverne Cox, Elizabeth Rodriguez, Kimiko Gleen, Ruby Rose.

Gênero: Comédia Dramática

Classificação Etária: 16 Anos


Nova temporada é menos cômica e mais psicológica

            A Netflix não para em 2015: mal saímos dos efeitos da brilhante Sense8 e exatamente uma semana depois é disponibilizada a 3ª temporada de Orange Is The New Black, e no seu padrão que já virou clássico: a temporada foi colocada na íntegra, e no caso de Orange Is The New Black, a season finale tem 90 minutos de duração, ou seja, é praticamente um filme.

            Quando a primeira temporada saiu, em 2013, a Netflix ainda estava começando a lançar suas séries (ela havia acabado de lançar House of Cards) e agora ela já aparece nas premiações junto com os grandes canais da TV e Orange Is The New Black logo se tornou um sucesso de público e crítica e foi longamente comentada nas redes sociais.

            Além do roteiro arrebatador e de personagens de fácil envolvimento, os grandes méritos de Orange Is The New Black estão em não ter vergonha de ousar e não ter vergonha de ser autêntica: o elenco é feminino, com algumas atrizes esteticamente perfeitas ou não, mas a série não se preocupa em deixa-las “bonitas” para o seu público: elas se apresentam sujas, cheias de vontades e interesses como qualquer ser humano e, por se tratar de uma série que se passa na prisão, algumas lições de moral e a tentativa de humanizar as prisioneiras, tratadas como “vítimas da sociedade” poderiam passar facilmente com todo o pieguismo, mas embora sejam pessoas normais, elas cometeram sim, delitos, não são vítimas de sistema nenhum e, durante a vida civil, como mostrados brilhantemente por flashbacks, foram pessoas como todos nós: tiveram empregos, famílias, enfim, uma vida.

            Nada do que a criadora e produtora executiva, Jenji Kohan (de Weeds) não esteja acostumada, mas aqui ela dá um salto em sua carreira.

            Nesta terceira temporada, o presídio de Litchfield está em polvorosa: logo no primeiro episódio, é dia das mães e a família das detentas irá passar o dia com elas no local, mas não apenas com visitas sem contato físico: o dia é no pátio, com brincadeiras e gincanas, mas, em se tratando da série como conhecemos, a chance de o dia terminar bem é difícil.

            Após os acontecimentos com Vee no final da temporada passada, tudo começa com os efeitos da passagem dela por Litchfield: “Crazy Eyes” ainda está “enfeitiçada” por ela, e mesmo Vee claramente a manipulando, ela ainda a defende e sua ausência é perceptível de forma direta no comportamento de Suzanne (o nome real de Crazy Eyes). Red se recupera da internação, embora ainda não assuma de vez a cozinha, que ainda está sob o comando de Gloria Mendoza.

            Algumas pontas soltas ficaram na mudança de temporada: Daya ainda está grávida de John Bennett, que se sente pressionado com o fato de ter engravidado uma detenta e ainda tem que lidar com a mãe de Daya, Aleida Diaz, que não quer que sua filha crie a criança por não achá-la responsável o suficiente (sim, as duas estão sem se entender desde a primeira temporada).

            Mesmo com várias sub-tramas e alguns episódios mais focados nessas histórias, esta 3ª temporada tem 2 plot twists: com vários problemas de orçamento, e corte de verbas, a prisão de Litchfield corre o sério risco de ser privatizada. Agora que Caputo está de volta à direção com as denúncias de corrupção de Figueroa, um grupo de empresários surge com a proposta milionária de possuir ações de Litchfield, e consegue, embora o “laranja” da operação, Daniel Pearson não tenha experiência nenhuma no ramo, deixando tudo nas costas de Caputo e quem controla tudo, na verdade, é seu pai. Outro plot twist é o novo “trabalho” das detentas, que é a fabricação de calcinhas de grife (alguém se lembrou das denúncias de trabalho escravo em roupas de luxo?), mas Piper Chapman logo vê uma oportunidade de “empreendimento” neste trabalho.

            Não bastasse isso, o curioso foi ver a forma como as detentas foram trabalhar com isso: elas foram submetidas a uma prova e as aprovadas foram “contempladas” a um trabalho menos pesado do que o habitual.

            E falando na nossa protagonista, Piper Chapman, por onde anda ela? Ficou claro nos primeiros momentos da temporada que ela não seria o foco e aqui ela é praticamente coadjuvante. Não que sua história seja ruim, muito pelo contrário, mas há outras grandes personagens a serem dissertadas e a série permite espaço para isso. Aqui na 3ª temporada, sua amada Alex está de volta.

Alex estava na condicional na temporada passada e voltou a Litchfield justamente após um golpe de Piper, mas executado por seu ex-namorado, Larry (que, curiosamente, sumiu nesta temporada). No contexto da 3ª temporada, resta 1 ano para terminar a pena de Chapman e para uma 4ª temporada (que já foi anunciada) isso pode ser mais explorado. Mas se a intenção de Piper era ainda ter sua Alex como namorada, foi um tiro pela culatra, pois Chapman agora tem uma nova amante: Stella, que só aparece após o 6º episódio e também trabalha na criação de calcinhas, começa a ter um romance com Piper. Stella é vivida pela australiana Ruby Rose, é uma atriz interessante (não há de duvidar de uma indicação para Atriz Coadjuvante) e tem um desfecho surpreendente.

            Como já citado, este novo ano está cheio de flashbacks e o foco nas outras personagens, além da protagonista. Há episódios, inclusive, que tem uma detenta como “protagonista”, como o episódio 3, todo focado em Nicky, sua história com o tráfico de drogas até o seu desfecho que gerou dúvidas sobre sua permanência ou não na série (tomara que ela continue, pois esta é das melhores personagens da série).

            O episódio 10 é todo focado em Doggett. Ela é outra que merecia uma indicação para Atriz Coadjuvante: na primeira temporada ela era a religiosa-puritana enfadonha que dava lição de moral em Chapman (e até ocasionando em uma solitária injusta), agora seu lado mulher é muito melhor explorado, ela é “promovida” a motorista da prisão e seu envolvimento com o novo guarda, Charles Coates faria qualquer roteirista de Game of Thrones tremer. O final do episódio 10 é realmente polêmico.

            O episódio 11 é todo focado em Caputo. Ele era sempre visto como diretor sem sentimentos, tem um passado até comovente e em seu jeito autoritário esconde um homem que se preocupa com próximo (ou no caso de Litchfield, com a próxima).

            O episódio 12 é todo dedicado aos flashbacks de Dayanara, em especial à sua infância com sua mãe autoritária, Aleida Diaz. Quem não se revoltar com essa passagem, pode procurar um hospital: Daya era uma menina inteligente, esforçada e sonhadora, mas sua mãe era ausente e a destratava.

            E finalmente o episódio 13 tem um corte rápido à infância de Lorna e Soso.

            O tom cômico das temporadas passadas deu lugar a uma trama mais intimista, o que concretiza o amadurecimento da série. Tanto que a Netflix usou a estratégia de coloca-la nas categorias de drama nas premiações, e não de comédia, o que podem dificultar as possíveis vitórias, considerando que há menos concorrência na categoria comédia.

            Mas, independentemente de prêmios ou não, Orange Is The New Black já entrou em nosso corações e, não por acaso, já está na história desta que chamamos de fase de ouro das séries de TV.

Nota: 10,0

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