Poltergeist – O Fenômeno (Poltergeist)
Direção: Gil Kenan
Ano de produção: 2015
Com:
Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Saxon Sharbino, Kyle Catlett, Kennedi Clements,
Jared Harris, Jane Adams, Susan Heyward.
Gênero: Terror
Classificação Etária: 14 Anos
O remake
de Poltergeist funciona, mas o ponto de vista é diferente
Não existe lista nenhuma dos melhores filmes de terror da
história que não tenha ‘Poltergeist – O Fenômeno’, esse grande clássico de
1982, que se tornou cultuado na época, tem a direção de Tobe Hopper e produção
de Steven Spielberg. Há rumores que o próprio Spielberg filmou tudo e revendo o
filme há motivos para se pensar isso, seja pela trilha sonora ou pela relação
entre pai e filho.
Independentemente disso, é um filme que, mesmo após 33
anos do lançamento, alguns efeitos podem parecer datados e com muitas
características da época, como governo do Ronald Reagan e medo de aparelhos
eletrônicos, merece ser visto e apreciado (e a dublagem da versão brasileira
Herbert Richers, que foi muito exibida na TV é um espetáculo a parte).
Era uma época que o politicamente correto não deixava o
mundo mais chato, como os dias de hoje e ‘Poltergeist – O Fenômeno’ foi muito
exibido na sessão da tarde e deixava a criançada roendo a poltrona.
E como 2015 é o ano dos remakes, a Fox chamou um time bem
interessante para a refilmagem de Poltergeist: o roteirista David
Lindsay-Abaire (autor do livro ‘Reencontrando a Felicidade’, que também
escreveu o livro protagonizado por Nicole Kidman), o diretor Gil Kenan (que
dirigiu o divertido ‘A Casa Monstro’) e o produtor Sam Raimi (que ficou
milionário com a trilogia do Homem-Aranha, mas no lado do terror, dirigiu ‘Arraste-me
para o inferno’, por exemplo) e conceberam este filme aqui.
Mesmo com esse bom time, havia desconfiança pelo lado do
público, afinal, um remake nunca é bem visto e vale lembrar que esse filme
apresenta a classificação PG-13, ou seja, com violência moderada, embora os
trailers fossem bacanas.
O grande cuidado do roteiro foi em não querer ser o filme
de 1982, em conversar com o público atual, mas respeitar as características. Não
dava para fazer um roteiro com a população com medo de aparelhos eletrônicos,
desta vez eles já são modernizados, cada um tem seu celular, mas, felizmente,
uma característica foi mantida: a da queda do sonho americano.
Em 1982, vimos uma família com uma boa base perdendo esse
sonho através de fantasmas que a assombrava, agora vemos uma família que ainda
vive os efeitos da crise imobiliária de 2008, procura um lar barato em uma
cidade pequena, o chefe de família está sem emprego, a esposa é uma escritora
fracassada e os filhos são individualistas (seria uma metáfora para a geração
que vive em seus celulares?).
Na essência, os personagens são os mesmos do filme
original, mas seus nomes e sobrenomes foram trocados, vemos a família Bowen, em
detrimento da Freeling, que se muda para uma casa barata do interior. Somente depois
de a casa ter sido comprada é que eles descobrem que a casa foi construída em
cima de um cemitério e, apesar de as lápides terem se mudado junto, os
espíritos ainda permanecem lá. Aos poucos, coisas estranhas vão acontecendo na
casa e a caçula da família, Maddy, é seqüestrada pelos espíritos, que precisam
ver a luz do dia. Nisso, é chamada uma equipe de uma empresa que trabalha com o
sobrenatural, mas que recorrem à ajuda do apresentador de um programa TV
espírita, Carrigan Burke (Jared Harris), na qual Kendra (a filha mais velha) é
fã assumida do apresentador e após o serviço feito, diz sua famosa frase: “A
casa está limpa” (e embora Jared esteja a vontade e divertido no papel, é
impressionante como a cômica Tangira faz falta).
Embora esse novo filme seja todo mastigado e a produção
não tenha vergonha de mostrar toda a parte, digamos, infernal do filme, há um
interessante clima de terror e suspense, mesmo alguns sustos não são fáceis e,
novamente, deixam a platéia roendo a poltrona (e o efeito 3D ajuda muito),
fruto do bom enquadramento e câmera em lugares estratégicos, quase acompanha os
atores em diversos momentos. Agradeça aos recentes ‘Invocação do Mal’ e ‘Annabelle’
por isso.
Assim como no filme de 1982, o mérito ficou maior para o
produtor do que para o diretor. Se Spielberg teve mais reconhecimento com o
resultado de Poltergeist, aqui o crédito foi maior para Sam Raimi (que,
inclusive, está no pôster), mas é injusto, pois Gil Kenan consegue amarrar bem
a história e fazer com que o público se envolta, sobretudo no primeiro ato, em
que é praticamente todo voltado à convivência familiar, quem não se importar
com a família, dificilmente irá apreciar o restante do filme.
Como todo e bom clássico de terror, ‘Poltergeist – O Fenômeno’
é cercado de mistérios e maldições, sobretudo com a morte de duas atrizes:
Dominique Dunne, que interpretou a filha mais velha foi morta, asfixiada pelo
namorado no ano de lançamento do filme e Heather O’Rourke, que interpretou a
filha mais nova (a garota loira “engolida pela TV”) faleceu no ano do
lançamento de ‘Poltergeist 3’.
Se há várias coisas adaptadas para a nova versão e os fãs
queriam muita coisa da obra original, esperamos esse remake passe longe dessas
maldições.
Nota:
8,0
Imagens:
Trailer:
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