Todo mundo que estava
vivo em 1993 foi direta ou indiretamente afetado com o fenômeno Jurassic Park. O
filme foi um verdadeiro marco na história do cinema, teve uma campanha de
marketing absurda, gerou moda, games, estudos e colocou os dinos de vez na
cultura pop.
Nada do que Spielberg não seja acostumado, ele sabe (ou
sabia) inovar como poucos, seja com o baixo orçamento em ‘Tubarão’, criando um
herói novo com ‘Indiana Jones’ ou até com uma fábula entre uma amizade entre um
ser de outro mundo e uma criança em ‘ET – O Extraterrestre’.
Em ‘Jurassic Park’, porém, sua capacidade de atiçar
platéias foi além: haviam sim, estudos sobre a vida e extinção dos dinossauros,
na verdade, têm até os dias de hoje, mas foi a partir da adaptação para o cinema
do romance de Michael Crichton que a coisa se tornou mais conhecida: a
paleontologia se popularizou dentro da ciência e biologia (e mal existiam
cursos especializados) e todas as discussões e éticas que Jurassic Park
proporcionam são debatidas até hoje, seja pelo público comum ou por
especialistas.
E como Spielberg tem a fama de ser megalomaníaco, ele
jamais queria que seu filme fosse “comum”: não bastasse um tema jamais visto,
tínhamos também uma produção jamais vista: a computação gráfica estava em seu
início lá nos anos 1990 e se a obra exigia realismo, a produção não poderia
economizar para fazer seres em tamanho real.
Foi uma produção cara para a época: custou 63 milhões de
dólares. Há todo o trabalho para a construção do parque em si, em cenários
abertos e fechados, mas o custo foi maior na confecção dos animais, sejam os
velociraptors (que como o nome sugere, são ultra velozes), mas a grande “estrela”
deste filme é o gigante Tiranossauro Rex, ou simplesmente, T-Rex. Se o Japão tem
Godzilla e todos os seus tokusatsus, o cinema americano precisava se sua “criatura”.
A primeira aparição dele, aliás, é dos momentos mais
celebrados da história do cinema, na qual a família está no carro à noite,
quando um tremor de terra anuncia que uma ameaça está vindo. A câmera foca em
um copo d’ água tremendo dentro do carro (e que sacada de montagem!), depois
mostra o olho do T-Rex, para assim, apresentá-lo à ação.
Não há nenhuma lista das melhores cenas de ação do cinema
sem este momento.
E para este espetáculo, Spielberg chamou sua fiel
produtora, Kathleen Kennedy e o grande Midas da trilha sonora: John Williams.
Daria para escrever um texto só sobre ele e não dá para
imaginar o cinema de entretenimento sem suas composições, só para citar as
parcerias com Spielberg, ele compôs as trilhas de Tubarão, Indiana Jones e ET. E
é quase impossível escolher a melhor, mas, talvez a de Jurassic Park seja a
mais famosa.
E o elenco também é excelente e competente, embora a
maioria não seja conhecida pelo grande público: Sam Neill, Laura Dern (indicada
ao Oscar de Atriz Coadjuvante por ‘Livre’ este ano de 2015), Jeff Goldblum (que
faria outro arrasa-quarteirão em 1996: ‘Independence Day’), Samuel L. Jackson (sim,
na época ele era desconhecido) e o dono do parque, Richard Attenborough (também
é cineasta, já ganhou um Oscar por ‘Gandhi’ e faleceu no ano passado).
E o resultado superou as expectativas: Jurassic Park foi
a maior bilheteria de 1993, faturou mais de 900 milhões de dólares pelo mundo
inteiro, seja com ingressos, produtos e as vendas e locações colossais em VHS (aliás,
a embalagem da fita era em formato pré-histórico e embelezou ainda mais as
videolocadoras da época).
Até a estréia de Titanic, no final de 1997 (no Brasil foi
em Janeiro de 1998), Jurassic Park era a maior bilheteria da história.
O filme não foi somente sucesso de público, mas de
crítica também: faturou 3 Oscar em 1994, entre eles o merecido (e anunciado) de
Efeitos Visuais.
E não teve jeito, aquela era e época de Steven Spielberg:
no mesmo ano ele realiza seu filme mais denso: A Lista de Schindler, um drama
de 3 horas (na época do VHS, eram 2 fitas) todo rodado em preto e branco, sobre
os horrores da 2ª Guerra Mundial e foi o grande vencedor do Oscar daquele ano,
levando 7 estatuetas, incluindo a de Melhor Filme e o primeiro prêmio de Melhor
Diretor para Spielberg (o segundo foi em 1999 por ‘O Resgate do Soldado Ryan’).
Após
esses momentos de glória, Spielberg se dedicou mais às produções (produziu ‘Gasparzinho’,
em 1995, por exemplo), mas sua grande empreitada havia sido a criação de um
estúdio novo em Hollywood, a DreamWorks, que, além dele próprio, tem como
sócios, David Geffren e Jeffrey Katzenberg (este último, que saiu da Disney e
colocou a empresa na justiça). O intuito era formar um estúdio de animação, e
de fato fez, como ‘Formiguinhaz’ e ‘O Príncipe do Egito’, em 1998, mas também
fazia filmes em carne e osso (produziu, por exemplo, ‘Beleza Americana’,
vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2000), mas que com o tempo se assumiu
somente como estúdio de animação até os dias de hoje.
Mas,
e os dinossauros? Tamanho o sucesso do primeiro filme que Spielberg se viu
quase obrigado a fazer uma continuação. Daí junta a mesma equipe, alguns atores
do primeiro filme (mas muita gente nova, inclusive uma certa Julianne Moore,
finalmente premiada com Oscar em 2015) para lançar, em 1997, ‘O Mundo Perdido –
Jurassic Park’.
Era o
filme mais comentado daquele ano, grande promessa e embora jamais possamos
dizer que é um filme ruim, ficou aquém do que poderia ser, e por dois motivos: já
não era mais novidade mostrar os dinos (que o trailer os mostrava à exaustão) e
a coisa perdeu a graça. Além do mais, a história e o argumento não convenceram,
foi tudo uma desculpa para continuar filmando e os momentos finais, do T-Rex em
Nova York, são quase vergonha alheia. Faturou bem, foram mais de 600 milhões de
dólares ao redor do mundo, mas as críticas negativas quase engavetaram a parte
3, que só viria também 4 anos depois.
Daí,
em 2001, chega aos cinemas, ‘Jurassic Park 3’...
Desta
vez, Spielberg não dirige, apenas o produz (ele estava ocupado com as filmagens
de A.I. – Inteligência Artificial), deixando a batuta para Joe Johnston (diretor
de ‘Capitão América – O Primeiro Vingador’) e com o roteiro de Alexander Payne (diretor
de ‘Sideways’, ‘Os Descendentes’, entre outros).
Embora
a parte técnica já não seja mais novidade e já no novo século com o CGI mais
avançado, o filme teve um argumento melhor do que o segundo, tem um laço
familiar que até envolve a platéia, coisa que Spielberg poderia ter colocado em
‘O Mundo Perdido’ (e a decepção ficou porque ele sabe como poucos fazer isso) e
tem a inserção de dois bons atores (William H. Macy e Téa Leoni, que anda meio
sumida de Hollywood), além da volta de Sam Neill e duas pontas de Laura Dern.
É obviamente
menos bem sucedido artisticamente do que o primeiro filme, mas fecha a trilogia
de forma honesta.
E agora,
em 2015, o mundo dos dinossauros está de volta e uma nova chance de virar
franquia, com ‘Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros’, com Chris Pratt e
Bryce Dallas Howard, desta vez, com o parque aberto para o público. É esperar
cenas do próximo capítulo...
Jurassic Park: 10,0
O Mundo Perdido - Jurassic Park: 4,0
Jurassic Park 3: 7,0
Imagens:
Jurassic Park:
O Mundo Perdido - Jurassic Park:
Jurassic Park 3:
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