Pânico 4 (Scream 4)
Direção: Wes Craven
Ano de produção: 2011
Com:
Neve Campbell, Emma Roberts, David Arquette, Courtney Cox
Gênero: Suspense / Terror
Classificação Etária: 14 anos
Nota: 8,5
Comentário:
Em
1996, o diretor Wes Craven realizou o mega sucesso “Pânico”, um formato
inovador em filmes de terror e uma máscara que é famosa até hoje. Neste filme e
nas outras duas continuações (foram mais duas), há diversas referências sobre o
mundo cinematográfico, sobretudo em relação aos filmes de terror, tinham regras
de como fazer um bom filme de terror, como nunca diga “volto já”, pois você não
volta. E as continuações têm referências clássicas sobre... continuações. No
trailer de “Pânico 3”, em 1999, para se ter uma ideia, iniciava com uma frase
mais ou menos assim: “No primeiro filme, as regras colocadas; no segundo, as
regras são quebradas; e no terceiro filme... esqueça as regras”. Bem, depois do
primeiro “Pânico”, o tema “terror adolescente” virou febre em Hollywood. Tanto
que se tornou exploração. Tudo o que era filme de terror no final dos anos 1990
tinha que ter uma mocinha bonita e indefesa que grita, um namorado bonitão e um
serial killer que matava a todos, mas o casal principal ficava junto no fim
(alguém se lembrou de “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”?).
Pois
bem, agora, mais de uma década depois, os tempos são outros, a juventude está
mais esperta, os gostos, heróis, modas são outros. Mas e os filmes de terror?
Esses mudaram muito. Se aquela moda de filmes adolescentes irritava, agora
temos uma tendência ainda pior: a dos filmes de terror com tortura. Afinal,
agora o público não se contenta mais se a mocinha simplesmente for perseguida
pelo assassino. Ela tem que ser perseguida sim, mas também ser capturada,
torturada com brutalidade, correr contra o tempo pela vida, senão... a morte é
apresentada de forma bárbara – sim, isso foi uma referência à série de terror
“Jogos Mortais”.
A
pergunta agora é: com tantas mudanças com o passar dos anos, ainda dá para
realizar um filme de terror clássico que atraia essa geração “Jogos Mortais”
dos dias de hoje. A resposta é: dá sim. Desde que tenha que ser feito com
cuidado e nas mãos de um mestre como Wes Craven.
Foi
uma manobra muito, mas muito arriscada. O próprio diretor andava sumido desde o
tenso “Voo Noturno”, em 2005. A estrela da época, Neve Campbell, também sumiu,
foi musa de 10 entre 10 adolescentes da época (inclusive desde que vos fala),
se casou, teve filhos e nunca mais, desde “Pânico 3” tinha feito um filme digno
de nota. David Arquette também andava longe dos holofotes. Courtney Cox,
estrela de Friends, que, quando a série deixou de existir em 2004, nunca mais
tinha dado as caras. Mas o fato de reunir elenco e diretor em baixa é o que
torna o filme mais interessante.
O
roteiro, muito bem escrito, se passa 10 anos depois dos acontecimentos do
terceiro filme, em que Sidney, protagonista dos cruéis assassinatos em Woodsboro
agora se mudou de lá, refez sua vida e escreveu um livro, com o nome de “Saindo
da Escuridão” explicando todo o seu trauma com as mortes. No dia em que ela
volta à cidade para divulgar seu livro, estranhas mortes acontecem. Desta vez,
o assassino quer fazer Sidney sofrer muito, antes de matá-la. Um a um de seus
amigos, e dos amigos de sua prima, Jill (vivida por Emma Roberts, sobrinha de
Julia Roberts na vida real) são mortos. A graça está em saber quem está por
trás disso.
O
filme acerta, também, em não ser apenas terror, também tem humor, é o chamado
“terrir”, e é impressionante como Wes deixa essas duas características bem
equilibradas, o que é outro fator para atrair o público.
Outra
ponto positivo: o filme não morreu com o tempo, muito pelo contrário, agora os
jovens da história se comunicam por torpedo, têm um tablet, ficam no Facebook,
estão mais maliciosos...
E
aquele filme dentro do filme, o Stab? Bem, teve sete continuações e a molecada
é tão fã que monta na cidade um dia dedicado só a passar seções especiais e
seguidas de Stab. Os jovens fazem até debate sobre as mortes de Stab.
É
impressionante, com tudo exposto nos dias de hoje, um assassino que hoje sua
máscara provoca mais risadas do que medo (ou vai dizer que aquela máscara da
boca larga não é engraçada?) e que seus assassinatos com uma faca (o que hoje
em dia pode soar ultrapassado em um filme de terror) ainda provoquem sustos.
A
abertura é ótima, duas mocinhas estão escolhendo um filme de terror para
assistir (o escolhido é Jogos Mortais 4) e recebem vários telefonemas do
assassino misterioso. As duas morrem. Na outra tomada, duas moças estão
assistindo a “Stab”, elas começam a conversar sobre as continuações desta “cine
série” e uma delas mata a outra com uma facada e a cena é mostrada de forma
cômica. No outro take, duas garotas morrem pelo mesmo assassino. Por que essas
três cenas que abrem “Pânico 4” são engraçadas? Porque tudo fazia parte de
“Stab 7”, tudo está dentro de um filme (que fique claro, Stab é um filme
inventado pelos roteiristas de Pânico, desde o segundo episódio).
E a
meia hora final? Claro que não contarei aqui o que acontece, mas são sequências
já clássicas e devastadoras. Nos é revelada a pessoa por trás da máscara - nem
o nerd mais frio é capaz de descobrir quem é. Além de cenas angustiantes de
tensão e um delicioso banho de sangue.
E
com tudo isso, ficamos aliviados, afinal, quem disse que os filmes de terror de
qualidade não têm jeito?
Imagens:
Trailer do Filme:
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