A dama de ferro (The Iron Lady)
Direção: Phillida Lloyd
Ano de produção: 2011
Com:
Meryl Streep, Jim Broadbent.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 12 anos
Nota: 7
Comentário:
No
final da década de 1980, 5 personagens foram fundamentais para o fim da Guerra
Fria e o fim do socialismo no Leste Europeu, são eles: o ex-presidente Norte
Americano Ronald Reagan, o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, o ex-papa
João Paulo II e o astro Sylvester Stallone (sim, a trilogia Rambo e o filme
Rocky IV, de 1985, foram feitos única e claramente com o intuito de discursos
capitalistas e anti-comunistas. Todos esses tiveram sua contribuição para o
neoliberalismo que é o nosso sistema econômico de hoje. Bem, eu disse 5
personagens e citei 4. Faltou um? Pois é justamente esse (ou essa) que provocou
mais polêmica e mais controvérsias do que todos esses juntos: a ex-primeira
ministra britânica Margareth Thatcher, conhecida como “A dama de ferro” e
governou o Reino Unido entre 1979 e 1990. Foi provavelmente a mulher mais
importante do século XX, sempre lutou pelo o que acreditava, era amada e odiada
com a mesma intensidade, afinal, foi propulsora do neoliberalismo, foi
implacável com os sindicatos, os pobres ficaram mais pobres, ordenou a Guerra
das Malvinas e nunca, nunca se curvou, muito menos para o mundo masculino que a
rodeava.
Se o
lado político dela era controverso, a lado mulher era sensacional, afinal, ela
nunca se acomodou com o que tinha, lutou até o fim e enfrentou todos os
engravatados do governo britânico. E é principalmente esse lado mulher que é
explorado em “A Dama de Ferro”, a nova parceria da atriz Meryl Streep e a
diretora Phillida Lloyd, que trabalharam juntas no popular musical “Mamma Mia”.
“A
dama de ferro” conta a história de Margareth Roberts, uma britânica que
trabalhava no comércio do país, filha de quitandeiro, que, quando criança era
humilhada pelas colegas pela condição de seu pai e por ser “estranha”. Mas ela
sempre foi determinada, o que foi fundamental para entrar no Partido Conservador
da Inglaterra, para, segundo ela, alfinetar as diretrizes do partido, pois quem
está lá é fraco. Ela decide, então, se candidatar às eleições britânicas do ano
de 1979, com discursos nacionalistas e de “primeira mulher a governar essa
potência”. A Inglaterra já teve rainhas memoráveis, a Elizabeth I e II (que
reina até hoje) e a Rainha Vitória (que reinou por 90 anos aquele país –
recomendo desde já o filme “A Jovem Rainha Vitória”), mas primeira-ministra,
que é quem de fato governa, nunca havia ocorrido.
Ela
é eleita e logo mostra para que veio: proíbe a organização dos sindicatos e
corta investimentos na indústria, entre outras decisões, porém, a situação mais
polêmica foi a decisão de retomar a ilha das Malvinas, no território argentino
que originou a chamada “Guerra das Malvinas”, em que a Argentina foi massacrada
pelo exército britânico (talvez por isso esse filme “A Dama de Ferro” foi um
fracasso lá na Argentina).
Na
visão dela, tudo é pelo amor ao país, mas a economia está quebrada e os pobres
cada vez mais pobres. Ela enfrenta manifestações, greves, crises e oposição em
seu partido e mesmo seus aliados estão indo contra ela, que luta pelos ideais
mas logo se torna enfraquecida politicamente.
Além
do lado político, o filme mostra (embora com menos intensidade), a relação de
Margareth e sua família, seus filhos e seu finado marido, mostrando em flash
back´s a fase jovem dela e a fase mais de idade. Em todos esses momentos, ela
sempre foi teimosa e idealista.
O
pior problema do filme são os próprios flash back´s, quase nem dá para se
envolver emocionalmente com a personagem, que, aliás, estamos falando de um
longa-metragem frio, enxuto e preocupado demais em mostrar o lado, digamos, humano
de Margareth.
A reconstituição da época é feita com
competência e a maquiagem é sublime, mas a edição e até a montagem confundem
tanto o espectador e pouco explicativo que os desavisados nem saberão de que
época se trata o filme. E uma coisa que um filme deve ser é claro para leigos,
afinal, nem todos sabem desta história.
Mas
e a atriz principal, a Meryl Streep? Ela foi a grande vencedora do Oscar de
Melhor Atriz neste ano, e com méritos. Ela se entrega de corpo e alma para o
papel e quase nem dá para perceber se é a Meryl ou Margareth, pois ela está
irretocável. Aliás, Meryl estava há tempos na fila por um Oscar. Ela já levou 2
para casa, de atriz coadjuvante por “Kramer VS Kramer” em 1980 e melhor atriz
em 1983 por “A Escolha de Sofia”, mas ela é recordista em indicações, 17 no
total. De lá para cá, ela esteve em quase todas as premiações, sempre indicada
e mostrando seu sorriso amarelo com classe ao perder nessas ocasiões. Seu Oscar
agora eu diria que foi um “conjunto pela obra”, afinal, uma atriz nata como
esta não merecia ficar na fila por tanto tempo e já estava quase frustante
vê-la perder sempre e seus prêmios lá nos anos 80 eram apenas lembranças. Houve
uma situação que sua derrota foi um absurdo inexplicável: em 2003, quando ela
foi indicada para atriz coadjuvante pela comédia “Adaptação”, em que ela está
irreconhecível: fuma maconha, fala palavrão, bebe e é uma legítima riponga. Ela
era a favorita para levar o prêmio, que ficou com a insossa Catherine
Zeta-Jones por “Chicago” (alguém se lembra das Injustiças Históricas da
Academia?). Mas Meryl hoje é a primeira dama de Hollywood, seu talento é
incontestável e mesmo quem trabalha com ela sempre a elogia. No set de filmagem
de “O diabo veste Prada”, a atriz Anne Hathaway (hoje já consagrada) disse que
atuar ao lado de Meryl foi uma “aula”.
Depois
de assistir “A dama de ferro” fica aquela sensação se o filme é tão bom pela
atriz ou se a atriz é tão boa pelo filme. Afinal, é uma mulher poderosa fazendo
o papel de outra.
Imagens:
Trailer do Filme:
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