O preço do amanhã (In time)
Direção: Andrew Niccol
Ano de produção: 2011
Com:
Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Cillian Murphy, Olivia Wilde, Johnny
Galecki
Gênero: Ficção Científica
Classificação Etária: 14 anos
Nota: 8,5
Comentário:
Em
fevereiro de 2010, uma revista de grande circulação nacional publicou uma
reportagem de cunho científico em que dizia que, no futuro, iremos viver mais.
Segundo a reportagem, os cientistas estavam criando em laboratório novas drogas
que alteravam as células humanas e mudavam até a fórmula química da água, ao
invés de H20,
D20. Colocar o elemento químico deutério
no lugar do hidrogêmio. Tudo para fazer a espécie humana chegar aos 100 anos do
jeito que sempre quis: jovem e saudável.
Falando
dos dias atuais, estamos, mais do que nunca, escravos do tempo. Estamos na era
da produção. Tudo tem que girar mais rápido e tempo é dinheiro.
Outro
problema é a desigualdade social, só os com maior poder aquisitivo podem
realizar seus desejos materiais.
Pois
bem, junte esses três elementos, mais um roteiro competente, ação frenética e
de tirar o fôlego, elenco afiado e jovem e temos um dos blockbusters mais
criativos dos últimos anos: “O Preço do Amanhã”, que é o terceiro filme
dirigido e escrito por Andrew Niccol (de Gattaca e Simone).
Só
pela história dá vontade de assistir: num futuro não muito distante, o dinheiro
como conhecemos hoje não existirá mais. Tudo será comprado pelo tempo. Todos os
cidadãos já nascem com um relógio digital em seu próprio punho. Aqui o tempo
funciona como o dinheiro nos dias de hoje, por exemplo, você pode comprar um
carro por 59 anos ou um quilo de arroz por 10 minutos, que esse tempo é
debitado diretamente do seu braço. A pobreza aqui é definida pelo tempo.
Milionários têm um milênio de vida pela frente, que podem, claro, comprar tudo
o que quiserem. Pobres vivem, como hoje, excluídos. Vivem com um limite de 25
anos. Há empréstimo de tempo nos bancos e perder esse tempo é um alto risco. E
se o tempo zerar? A pessoa morre na hora. Aqui, Timberlake é um cidadão
humilde, mas que presencia uma tentativa de roubo de tempo contra um amigo seu,
que antes de morrer, doa esse tempo ao personagem de Justin, que fica com mais
de 100 anos de vida. Há um magnata de olho neste tempo, que prepara uma cilada
para Justin e o acusa injustamente de assassinato. Justin consegue fugir e
chama junto a personagem de Amanda Seyfried (que, aliás, cada vez mais
amadurecendo como atriz, se tornando mais interessante e agora uma mulher de
fato, não aquela jovenzinha buscando um lugar ao sol), que são perseguidos e
começa uma desesperada corrida pela verdade...
O
interessante é que a ação não é forçada, como na maioria das produções, quase
não há explosões, o diretor Andrew Niccol teve liberdade total para realizar o
filme da forma que o conduziu e tem um elemento que anda cada vez mais escasso
nas produções hollywoodianas: inteligência.
Quem
disse que não dá para equilibrar uma ação de tirar o fôlego e uma boa história?
“Avatar” e “A Origem” fizeram isso muito bem.
É
uma delícia acompanhar essa metáfora do tempo como forma de vida e dinheiro.
Algumas situações são mostradas até de forma irônica, como as sequências dentro
do ônibus e as cenas de roubo. É uma obra de ficção, mas parece muito o mundo
real. Pois tem personagens reais, um mundo não muito impossível de acontecer
(anotem isso!), considerando que a nossa busca pela longetividade nunca esteve
tão forte, o dinheiro como conhecemos está com os dias contados e... bem, as
desigualdades sociais estão longe de acabar.
O
elenco está afiado, Timberlake abraçou a carreira de ator, aparentemente largou
a música e nos mostra seu talento desde “A Rede Social”. Amanda Seyfried está
cada vez mais uma verdadeira camaleoa, se sai bem em todos os gêneros
cinematográficos. Olivia Wilde mostrou que há vida depois do seriado “House”,
mesmo fazendo aqui um papel menor. E Cillian Murphy viu que tem talento ser
trabalhar com Christopher Nolan.
Apenas
uma ressalva: apesar do bom elenco, não há química entre o casal principal,
apesar de ser simpático e onde que o diretor viu que Olivia Wilde servia como
mãe de Justin Timberlake. Isto é apenas um detalhe que pode até passar
despercebido. Mas “O Preço do Amanhã” tem tudo para entrar na história como
engenhosa e por que não como um filme Cult? Só o tempo dirá...
Imagens:
Trailer do filme: