segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Carrie - A Estranha

Carrie – A Estranha (Carrie)


Direção: Kimberly Peirce

Ano de produção: 2013

Com: Chloe Grace Moretz, Julianne Moore, Judy Greer, Gabriela Wilde, Portia Doubleday, Ansel Elgort.

Gênero: Terror

Classificação Etária: 16 Anos



O Carrie de 2013 é tudo o que poderia dar de errado no original

            Eu fui muito entusiasmado assistir “Carrie – A Estranha”. Primeiro porque é baseado naquele que considero o melhor livro do Stephen King com o mesmo título. Depois porque é adaptado, também, do grande Carrie – A Estranha de 1976 com a Sissy Spacek no papel principal. Também este filme tem como diretora uma mulher muito corajosa que é a Kimberly Peirce, que, em 1999, dirigiu o incrível “Meninos não choram”, que deu o merecido Oscar de Melhor Atriz para Hillary Swank. E outra expectativa estava pelo elenco, fundamentalmente pelas protagonistas: Julianne Moore, que dispensa comentários pelo seu talento. E  Chloe Grace Moretz, que é uma atriz irresistível e das mais interessantes dessa nova geração.

            Com todas essas qualidades, fui cheio de expectativas ao cinema assistir “Carrie – A Estranha”.

            Mas, lamento dizer que, O FILME É MUITO RUIM!

            Outro detalhe: este Carrie aqui não é uma refilmagem do filme de 1976. A diretora deste aqui deixou claro que as referências estariam no livro. E, também, ficou claro que este é um filme totalmente novo passado nos dias de hoje.

            Kimberly Peirce enxergou essa nova geração como uma grande ponte para adaptar todas as idéias do livro, principalmente pela questão do bullying, afinal, a protagonista é sempre hostilizada pelos colegas pelo seu jeito diferente do convencional. E então se resolveu incluir o cyber bullying na história de terror. Desta vez, Carrie não é só humilhada pelos colegas. Agora, também incluem a humilhação no Youtube. Isso, infelizmente, é presente em nossas escolas. A ascensão da internet e das redes sociais trouxe muitos benefícios e vantagens, mas o ser humano, com sua arrogância, sempre usa as tecnologias para o mal e para benefício próprio.

            Poderiam ter incluído uma ironia maior, um clima de terror mais profundo ou explorar tudo o que o filme propôs que deixo claro aqui, a idéia do filme foi campeã.

            Mas o filme preferiu usar todos os clichês de terror adolescente que dominaram as telas no final da década de 1990 e desagradou até mesmo os fãs de terror, afinal, este filme aqui não foi muito bem nas bilheterias mundiais.

            O elenco, a exceção das protagonistas, é fraco. A personagem de Sue, como a patricinha que se revela arrependida por ter hostilizado a Carrie não convence como uma futura heroína ao longo do filme. Isso vale, também para o personagem de Tommy Ross, o típico garoto popular do colégio, aqui, é só caras e bocas em uma atuação constrangedora. Mas nada se compara ao papel da atriz Portia Doubleday, como a rival da Carrie e a causadora do vexame da cena do baile, a Chris. Não sei de onde o estúdio MGM encontrou essa atriz, que não sabe atuar, não transmite aquela carga que se exige de uma profissional das artes cênicas e, aqui, tem um papel mais gritante do que de mocinha da Malhação.

            E o que dizer da dupla de protagonistas? Bom, Julianne Moore é uma atriz de muito respeito e dispensa comentários. Dona de uma carreira promissora em filmes alternativos como “Longe do Paraíso”, ela agora parece estar se divertindo nos blockbusters. Além desse aqui, ela viverá a vilã Coin em “Jogos Vorazes – A Esperança”. Seu papel como mãe dominadora, possessiva e religiosa é tão constrangedor que provoca risos (inclusive na sessão em que eu estava) ao invés de sustos, que, veja bem, o filme não assusta.

            Mas e a nossa pequena, Chloe Grace Moretz? Mesmo ela sendo uma grande atriz com sua pouca idade, ainda é cedo para dizer se ela terá ou não uma carreira consolidada como Sissy Spacek teve. Mas que papel foi esse que deram para essa menina? Ela mal consegue atuar e, infelizmente, não conseguiu expor a carga dramática que um papel desse tamanho exigia.

            Até compreendo a tensão e pressão para se fazer este filme. Afinal, tanto o clássico de 1976, como o livro de King, têm fãs ardilosos que consideram suas obras como intocáveis. E não dá para negar que a diretora Kimberly Peirce deu a cara para bater ao topar essa adaptação aqui. E discordo totalmente dos fãs quando dizem que não se deve tocar em suas obras. Quanto mais se espalhar a cultura e mostrá-la a quem não conhece só valoriza o produto e o torna cada vez mais popular. E adaptar aos novos tempos, é sim, uma forma de valorizar aquilo que já é consagrado e torná-lo acessível para a grande massa. Mas com esse filme aqui, não sei o que todos envolvidos estavam com a cabeça.

            A única coisa que se salva por aqui (isso explica a “nota 4”, ao invés de uma nota menor do que 1), é, realmente, o “Grand Finale”. O baile em si, onde é preparada uma armadilha para a nossa protagonista na premiação do “melhor casal do baile”, onde todos conhecem, de fato, os grandes poderes da Carrie. Até então, ninguém sabe que a menina tem poderes sobrenaturais. O filme de 1976 preferiu esconder isso e só mostrar nos minutos finais. Aqui, seus poderes são mostrados ao longo do filme. Nada contra, afinal, com poderes sobrenaturais, que jovem nunca quis fazer aquilo que os demais não podem?

            E realmente, a seqüência do baile e o que vem depois, basicamente os 20 minutos finais do filme são realmente muito bem feitos e de fato fez um bom uso da tecnologia atual. Desde o incêndio até a algumas mortes, é o que se chama do bom uso da computação gráfica.

            O cinema atual está carente de um filme de terror de qualidade e “Carrie – A Estranha” era a esperança. Infelizmente o resultado é chocho. Quem quer ver um terror atual de qualidade, minha dica é para a série “American Horror Story”, do canal FOX, que já está na 3ª temporada.



Nota: 4,0


Imagens:













Trailer:


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