Carrie – A Estranha (Carrie)
Direção: Kimberly Peirce
Ano de produção: 2013
Com:
Chloe Grace Moretz, Julianne Moore, Judy Greer, Gabriela Wilde, Portia Doubleday,
Ansel Elgort.
Gênero: Terror
Classificação Etária: 16 Anos
O Carrie de 2013 é tudo o que poderia dar de errado no
original
Eu fui muito entusiasmado assistir “Carrie – A Estranha”.
Primeiro porque é baseado naquele que considero o melhor livro do Stephen King
com o mesmo título. Depois porque é adaptado, também, do grande Carrie – A
Estranha de 1976 com a Sissy Spacek no papel principal. Também este filme tem
como diretora uma mulher muito corajosa que é a Kimberly Peirce, que, em 1999,
dirigiu o incrível “Meninos não choram”, que deu o merecido Oscar de Melhor Atriz
para Hillary Swank. E outra expectativa estava pelo elenco, fundamentalmente
pelas protagonistas: Julianne Moore, que dispensa comentários pelo seu talento.
E Chloe Grace Moretz, que é uma atriz
irresistível e das mais interessantes dessa nova geração.
Com todas essas qualidades, fui cheio de expectativas ao
cinema assistir “Carrie – A Estranha”.
Mas, lamento dizer que, O FILME É MUITO RUIM!
Outro detalhe: este Carrie aqui não é uma refilmagem do
filme de 1976. A diretora deste aqui deixou claro que as referências estariam
no livro. E, também, ficou claro que este é um filme totalmente novo passado
nos dias de hoje.
Kimberly Peirce enxergou essa nova geração como uma
grande ponte para adaptar todas as idéias do livro, principalmente pela questão
do bullying, afinal, a protagonista é sempre hostilizada pelos colegas pelo seu
jeito diferente do convencional. E então se resolveu incluir o cyber bullying
na história de terror. Desta vez, Carrie não é só humilhada pelos colegas.
Agora, também incluem a humilhação no Youtube. Isso, infelizmente, é presente
em nossas escolas. A ascensão da internet e das redes sociais trouxe muitos
benefícios e vantagens, mas o ser humano, com sua arrogância, sempre usa as
tecnologias para o mal e para benefício próprio.
Poderiam ter incluído uma ironia maior, um clima de
terror mais profundo ou explorar tudo o que o filme propôs que deixo claro
aqui, a idéia do filme foi campeã.
Mas o filme preferiu usar todos os clichês de terror
adolescente que dominaram as telas no final da década de 1990 e desagradou até
mesmo os fãs de terror, afinal, este filme aqui não foi muito bem nas
bilheterias mundiais.
O elenco, a exceção das protagonistas, é fraco. A
personagem de Sue, como a patricinha que se revela arrependida por ter hostilizado
a Carrie não convence como uma futura heroína ao longo do filme. Isso vale,
também para o personagem de Tommy Ross, o típico garoto popular do colégio,
aqui, é só caras e bocas em uma atuação constrangedora. Mas nada se compara ao
papel da atriz Portia Doubleday, como a rival da Carrie e a causadora do vexame
da cena do baile, a Chris. Não sei de onde o estúdio MGM encontrou essa atriz,
que não sabe atuar, não transmite aquela carga que se exige de uma profissional
das artes cênicas e, aqui, tem um papel mais gritante do que de mocinha da
Malhação.
E o que dizer da dupla de protagonistas? Bom, Julianne
Moore é uma atriz de muito respeito e dispensa comentários. Dona de uma
carreira promissora em filmes alternativos como “Longe do Paraíso”, ela agora
parece estar se divertindo nos blockbusters. Além desse aqui, ela viverá a vilã
Coin em “Jogos Vorazes – A Esperança”. Seu papel como mãe dominadora,
possessiva e religiosa é tão constrangedor que provoca risos (inclusive na
sessão em que eu estava) ao invés de sustos, que, veja bem, o filme não
assusta.
Mas e a nossa pequena, Chloe Grace Moretz? Mesmo ela
sendo uma grande atriz com sua pouca idade, ainda é cedo para dizer se ela terá
ou não uma carreira consolidada como Sissy Spacek teve. Mas que papel foi esse
que deram para essa menina? Ela mal consegue atuar e, infelizmente, não
conseguiu expor a carga dramática que um papel desse tamanho exigia.
Até compreendo a tensão e pressão para se fazer este
filme. Afinal, tanto o clássico de 1976, como o livro de King, têm fãs
ardilosos que consideram suas obras como intocáveis. E não dá para negar que a
diretora Kimberly Peirce deu a cara para bater ao topar essa adaptação aqui. E
discordo totalmente dos fãs quando dizem que não se deve tocar em suas obras.
Quanto mais se espalhar a cultura e mostrá-la a quem não conhece só valoriza o
produto e o torna cada vez mais popular. E adaptar aos novos tempos, é sim, uma
forma de valorizar aquilo que já é consagrado e torná-lo acessível para a
grande massa. Mas com esse filme aqui, não sei o que todos envolvidos estavam
com a cabeça.
A única coisa que se salva por aqui (isso explica a “nota
4”, ao invés de uma nota menor do que 1), é, realmente, o “Grand Finale”. O
baile em si, onde é preparada uma armadilha para a nossa protagonista na
premiação do “melhor casal do baile”, onde todos conhecem, de fato, os grandes
poderes da Carrie. Até então, ninguém sabe que a menina tem poderes
sobrenaturais. O filme de 1976 preferiu esconder isso e só mostrar nos minutos
finais. Aqui, seus poderes são mostrados ao longo do filme. Nada contra,
afinal, com poderes sobrenaturais, que jovem nunca quis fazer aquilo que os
demais não podem?
E realmente, a seqüência do baile e o que vem depois,
basicamente os 20 minutos finais do filme são realmente muito bem feitos e de
fato fez um bom uso da tecnologia atual. Desde o incêndio até a algumas mortes,
é o que se chama do bom uso da computação gráfica.
O cinema atual está carente de um filme de terror de
qualidade e “Carrie – A Estranha” era a esperança. Infelizmente o resultado é
chocho. Quem quer ver um terror atual de qualidade, minha dica é para a série
“American Horror Story”, do canal FOX, que já está na 3ª temporada.
Nota:
4,0
Imagens:
Trailer:
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