O Juiz (The Judge)
Direção: David Dobkin
Ano de produção: 2014
Com: Robert Downey Jr., Robert Duvall,
Billy Bob Thornton, Vincent D’ Onofrio, Vera Farmiga, Leighton Meester.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
‘O
Juiz’ é marcado por grandes atuações – dos coadjuvantes
Robert Downey Jr. é sim, um grande ator. Ele começou a
carreira nos anos 1980 e sua revelação para o mundo se deu em 1992 quando ele
interpretou ninguém menos do que Charlie Chaplin no filme ‘Chaplin’ e recebeu
uma merecida indicação ao Oscar pelo papel. Depois, sua carreira foi sendo
perdida em papéis sem expressão e o fundo do poço foi seu envolvimento com
drogas, na qual passou anos longe dos holofotes. Em 2007 foi um começo e
respiro de retorno com seu papel em ‘Zodíaco’, de David Fincher, mas seu
divisor de águas se deu em 2008, quando ele estrelou o papel-título em ‘Homem
de Ferro’. De lá para cá, ele se torna dos atores mais conhecidos e respeitados
de Hollywood, além de ser o mais bem pago. Seu cachê fica próximo de 40 milhões
de dólares.
Muita fama e prestígio, porém, podem ser um problema. Downey
agora acha que pode ser maior do que o personagem, que começou de maneira
espetacular e resulta em um filme tão burocrático quanto ‘Homem de Ferro 3’,
que a qualidade baixa daquele roteiro não traduz a altíssima bilheteria que
teve. O terceiro capítulo do Homem de Ferro faturou mais de 1 bilhão de dólares
ao redor do mundo.
Mas, como todo bom ator que se preze, ele não pode ficar
somente em filmes lucrativos e precisa de um reconhecimento na carreira, ou,
mais ainda, de premiações. E Downey quer, agora, provar que pode ser um ator
sério e que pode ir além do herói da armadura.
E foi assim que nasceu ‘O Juiz’, filme que, por uma
grande ironia e nenhuma coincidência, tem como produtora a Team Downey, criada
pelo próprio Downey e sua esposa, Susan Downey. Ela, aliás, é também produtora
deste filme aqui.
Nada contra em colocar a família em tela, muitos filmes
da Sofia Coppola são produzidos por seu pai, Francis Ford Coppola e o resultado
é maravilhoso, mas a coisa deve ser feita com um mínimo de competência e até
humildade para entregar o melhor filme possível para a platéia. E ‘O Juiz’ tem
muita competência sim, mas humildade zero. Lembrou-me aquele filme com a
Angelina Jolie, ‘A Troca’, em que só se vê gritos e uma tentativa de ganhar
Oscar pela força. Aqui o resultado é quase o mesmo: há uma tentativa de Downey
tentar ser um ator mais sério de maneira forçada e superficial em um papel que
não lhe combina. Desta vez não temos o que sempre ocorre em Hollywood, em que
bons atores são desperdiçados, seja por falta de oportunidade ou imposição de
estúdio ou produtores. Aqui, Downey e sua família são os próprios produtores e
seu papel teve sinal verde para fazer o que quisesse. E mais, há muito de Tony
Stark em Hank Palmer, papel de Downey aqui. Hank é um advogado arrogante, que
se acha na posição superior do que seus colegas e quase sempre solta uma
piadinha – e que nem sempre é engraçada.
E como se não bastasse, o filme é altamente previsível.
Parece e é um produto feito na medida certa para Oscar. Um drama bonito,
familiar e que a platéia pode se apaixonar. Uma trilha sonora eficiente e
sempre pronta nos momentos em que se exige uma comoção maior (trilha essa
assinada por Thomas Newman, de ‘Beleza Americana’) e um pequeno romance de
fundo.
Na história, Hank é um advogado que volta para a pequena
cidade que nasceu para o velório de sua mãe. Ele tem uma relação conturbada com
seu pai, o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), respeitado na região, mas que é
acusado de assassinato por um réu que ficou por anos preso e foi julgado
justamente por Palmer.
Joseph acaba indo ao banco dos réus e, de início, é
representado por um advogado inexperiente chamado Kennedy. Porém, logo Hank
deseja assumir o caso e, assim, reconquistar a simpatia de seu pai, ao mesmo
tempo em que quer honrar seu nome.
A história de ‘O Juiz’ é muito interessante e poderia
sim, ter um grande resultado, mas é uma pena que tudo foi desperdiçado em uma
realização piegas, maneirista e bastante arrastada. As duas horas e meia de
duração se tornam incômodas e não justificam o conteúdo até simples do filme.
Não é um filme horrível de se ver, ele é feito de
momentos. Tem algumas piadas e frases bacanas sobre noções de direito e as conversas
entre Hank e Joseph, são, às vezes, sensacionais e de impacto.
Mas o que faz ‘O Juiz’ ser um filme “assistível” são os
coadjuvantes: é maravilhoso ver Robert Duvall e Billy Bob Thornton voltando aos
grandes papéis. Duvall já é veterano em Hollywood e entrega um Joseph maduro ao
mesmo tempo em que lida com suas perdas. Thornton, que está sumido de grandes
papéis desde seu envolvimento com Angelina Jolie entre 2001 e 2002, faz um
promotor que está sempre à frente dos Palmer. O diálogo entre ele e Hank na
delegacia é impressionante. E até as mocinhas estão bem como podem, embora
desperdiçadas: Vera Farmiga (a Norma de ‘Bates Motel’) é o interesse amoroso de
Hank (que não tem química nenhuma) e até dá uma iluminada na tela, e o mesmo se
aplica com sua filha, vivida por Leighton Meester (a Blair de ‘Gossip Girl’).
‘O Juiz’ é tão previsível que é muito fácil acertar o
desfecho logo na metade da projeção e também em acertar os acontecimentos
seguintes conforme a história vai passando. É o mal de roteiros mal escritos.
Nota:
6,0
Imagens:
Trailer:
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