Beleza Americana (American Beauty)
Direção: Sam Mendes
Ano
de produção: 1999
Com:
Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvari, Chris
Cooper, Peter Gallagher, Allison Janney.
Gênero: Drama
Classificação
Etária: 18 Anos
Olhe
bem de perto...
‘Beleza Americana’ é várias coisas em um filme só: é uma
crítica ácida e voraz para a “American Way Of Life”, é uma fábula sobre uma
família em decadência, é um retrato verdadeiro sobre a juventude atual e,
também, é um filme ousado que retrata a sexualidade adulta e adolescente sem
pudor. E ‘Beleza Americana’ é, acima de tudo, uma obra-prima incontestável e
dos melhores filmes americanos dos últimos anos. E após 15 anos de seu
lançamento, é impressionante como ele não morreu com o tempo. Muito pelo
contrário, suas questões permanecem assustadoramente atuais.
A cena de abertura já é devastadora: a personagem de Jane
(Thora Birch, linda e sensacional no papel, é uma grande pena que sua carreira
não tenha dado certo) conversa aparentemente com o espectador, que diz: “Queria
um pai que desse o exemplo, não um idiota que fica excitado quando trago uma
amiga para cá”. Depois sobem os créditos e começa a narração em 1ª pessoa de
nosso protagonista, Lester (Spacey, vencedor do Oscar de Ator pelo papel), que
já deixa claro que é infeliz e que está prestes a morrer. Em apenas 5 minutos
de narração, já conhecemos todo o universo pessoal e familiar de Lester, sua
infelicidade com o emprego e o fato de sua filha, Jane e sua esposa, Carolyn
(Annette Bening, indicada ao Oscar pelo papel), considerá-lo um idiota. Com
essas pressões, Lester se sente encurralado e seus suspiros de felicidade
começam a aparecer com o tempo: ele percebe que a única pessoa que o entende é
Ângela, amiga de Jane. Lester logo se apaixona por ela e começa a ter
alucinações. Há duas cenas, uma do jogo de basquete, outra com a banheira de
rosas com essas alucinações e sonhos que entraram para a história do cinema. E
só quem compreende o espírito do filme observa a poesia por trás dos momentos.
Carolyn também trai Lester. Ela se encanta com o advogado
Buddy e também tem um suspiro de felicidade com o momento e também se sente
encurralada com seu casamento de fachada.
Na verdade, todos os personagens do filme, sem exceção,
vivem um mundo de aparências e se sentem sufocados com as pressões do
dia-a-dia.
Ângela é uma adolescente que transmite a imagem de mulher
segura e sexualmente ativa e feliz, mas que tudo não passa de aparências para
se livrar de um segredo que só descobrimos nos momentos finais do filme.
Jane é uma jovem insegura e que odeia seus pais. Seu
único suspiro de humanidade é quando ela conhece e se apaixona por Ricky, seu
novo vizinho. Mas, quem é Ricky e quem é sua família?
Ele acaba de chegar ao bairro e tem um hábito peculiar de
filmar a vida dos vizinhos e cria uma obsessão em filmar Jane e sua família. De
jovem esquisito a novo amor, logo ele se torna a única pessoa que Jane confia. Mas,
e seus pais? Sua mãe, Bárbara (Allison Janney, da série de TV, Mom), é uma
senhora religiosa e devota, e seu pai, bem, seu pai, esse um carrasco. É
recluso em seu mundo, autoritário ao extremo e destrata seu filho, aliás, o
comportamento estranho de Ricky é fruto do autoritarismo do pai. E, assim como
sua amada, Jane, o único alívio de felicidade para ele é ao lado dela.
Para um filme tão poderoso como esse, é difícil apontar
uma cena como a melhor, mas, por uma decisão mais sentimental do que racional,
tenho um apreço muito grande pela cena em que Jane e Ricky conversam sobre suas
vidas no quarto, ao som da trilha sonora de Thomas Newman.
Esses dois, aliás, são os melhores personagens do filme –
e os mais humanos, também. Não por serem bonzinhos, longe disso, mas por serem
verdadeiros. Eles conversam abertamente um para o outro sobre tudo e todos, ela
fala de seu ódio a seus pais e ele, sobre a repressão sofrida por seu pai. Até
mesmo a cena de nudez que Jane aparece para Ricky ficou tão cheia de
sentimentos que em momento algum se sente suspiro de vulgaridade.
A grande magia por trás do filme está em saber que, tanto
o diretor, Sam Mendes, quanto o roteirista, Alan Ball, eram meros estreantes na
época.
Ball ficou mais conhecido por ser o criador da série da
HBO, ‘True Blood’ e Mendes sentiu o gostinho do sucesso comercial com ‘007 –
Operação Skyfall’ em 2012.
‘Beleza Americana’ foi um grande sucesso de público e
crítica e foi a barbada no Oscar de 2000. Eram outros tempos, em que o vencedor
do Oscar era de fato, o melhor filme do ano.
Foram 5 Oscar que o filme levou: Melhor Filme, Direção
para Sam Mendes, Ator para Kevin Spacey (o único prêmio que contesto, pois
merecia mais Denzel Washington, por ‘Hurricane – O Furacão’), Roteiro Original
para Alan Ball e Fotografia, além de ter sido indicado por Melhor Atriz para
Annette Bening, Edição e Trilha Sonora (à exceção da atriz, merecia ganhar
pelos outros prêmios).
Por ser um filme ousado e que critica uma parte da
sociedade, ‘Beleza Americana’ incomodou a trouxe repulsão por muita gente que o
considerou enfadonho e vulgar e, possivelmente, não entenderam o espírito da
obra. Mas, não faz mal, a vida é assim mesmo.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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