Os Outros (The Others)
Direção: Alejandro Amenábar
Ano de produção: 2001
Com: Nicole Kidman, Fionnula Flanagan,
Elaine Cassidy, Christopher Eccleston.
Gênero: Suspense
Classificação Etária: 14 Anos
Um
terror à forma antiga para atrair multidões
Eu adoro assistir filmes de terror. Mesmo. Mas,
fundamentalmente, eu adoro ficar com medo em filmes de terror. Que é aquele
filme que você vê, fica na sua cabeça por dias e ele sempre volta quando você
tenta dormir.
Infelizmente, filmes assim estão em baixa em Hollywood.
Não me lembro da última vez que algum filme causou isso em mim, talvez com a
versão japonesa e americana de ‘O Chamado’ de um distante 2002. A cinessérie
‘Jogos Mortais’ não conta nesse sentido. O primeiro filme foi realmente
inovador (e não assustador) ao nos mostrar uma forma diferente de encarar
desfechos pessimistas e depois viraram apenas torturas e desculpas para se
fazer mais filmes.
E, ultimamente, só estou conseguindo suprir essa carência
de terror na TV, na série espetacular da Fox chamada ‘American Horror Story’. A
série é pesada sim, mas, o medo está nos detalhes mais sutis, como um olhar e o
andar da câmera.
Aliás, é uma coisa que os estúdios deveriam aprender: não
adianta se criar monstros e tentar assustar de forma espetaculosa, o medo está
nos pequenos detalhes. Grandes clássicos do gênero sabem bem disso, como ‘O
Iluminado’ e ‘O silêncio dos inocentes’.
E no ano de 2001, quando o mundo ainda estava no frisson
do fenômeno que foi ‘O Sexto Sentido’, em 1999, foi realizado um filme com cara
e jeito de clássico, não há uma gota de sangue e assusta muito: ‘Os Outros’.
Grande parte desse feito realizado é a mão do diretor e
roteirista, Alejandro Amenábar e dos produtores da Miramax, Bob e Harvey
Weinstein (que sempre estão no Oscar e esse filme aqui passou despercebido
pelos acadêmicos de forma inexplicável). É impressionante como eles
dificilmente erram e sabem o que fazem. E aqui em ‘Os Outros’, eles acertam em
cheio.
O filme se passa na Inglaterra pós 2ª guerra mundial, mais
precisamente no ano de 1945, onde vive uma mãe, Grace (Nicole Kidman, no melhor
papel de sua carreira) e seus dois filhos. O filme já começa com a contratação
de uma família para trabalharem como empregados. O marido de Grace está na 2ª
Guerra e não dá sinais de volta.
Grace cuida de seus filhos com “mãos de ferro”, mas, o
que chama a atenção é a doença peculiar que os dois apresentam: eles são ultra-sensíveis
à luz e só habitam por ambientes escuros. Logo começam a aparecer criaturas
estranhas ao longo da casa, sobretudo onde as crianças habitam. O que são essas
criaturas e o que elas querem com seus filhos, é algo que Grace tentará
descobrir.
A magia do roteiro e realização deste filme é que, mesmo
com uma narrativa mais clássica e um terror mais sutil, o filme assusta muito,
principalmente porque Alejandro Amenábar optou por esconder as criaturas até o
final e deixar tudo à interpretação do espectador.
Nicole Kidman estava em alta na carreira em 2001. Ela estava
recém-separada de Tom Cruise, estava em todos os holofotes e teve uma indicação
ao Oscar por ‘Moulin Rouge – Amor em Vermelho’ (mas merecia mais por esse filme
aqui). Vendo que ela hoje mal consegue atuar, em especial depois de seu Oscar
por ‘As Horas’, em 2003, é uma grande decepção.
E além dos sustos sutis e da narrativa clássica, outra
característica em comum com ‘O sexto sentido’ é o magnífico final. Não contarei
aqui, obviamente, mas é um verdadeiro soco no estômago do espectador, que logo
dá vontade de voltar o filme do começo para ver se as pistas estavam lá.
E quando foi a última vez que você se sentiu provocado
vendo um filme?
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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