Lucy
Direção: Luc Besson
Ano de produção: 2014
Com:
Scarlett Johansson, Morgan Freeman.
Gênero: Ficção Científica
Classificação Etária: 16 Anos
‘Lucy’
junta física e cenas eletrizantes com competência
O cineasta Luc Besson é um sujeito visionário. Primeiro porque
ele conseguiu entrar para o grande time de Hollywood começando com projetos
alternativos e sendo francês – país conhecido pelo cinema de arte. Segundo por
colocar roteiros que, muitas vezes, desafiam a razão e permite à plateia tirar
suas próprias conclusões. Em ‘O Quinto Elemento’, de 1997, por exemplo, os 4
elementos da Terra, água, terra, fogo e ar, só funcionam se unidos a um 5º, no
caso, uma mulher alienígena, vivida por Milla Jovovich e é um grande filme de
ficção científica. E terceiro porque, na maioria de seus filmes (nos mais
conhecidos, pelo menos), a mulher tem um destaque maior do que homens. No próprio
‘O Quinto Elemento’, mas também em ‘Nikita’, de 1990 (que inspirou a série de
TV) e até em ‘O Profissional’, que temos Jean Reno como protagonista, mas,
vendo o filme, o foco é a então estreante Natalie Portman.
E depois de crescer vendo os grandes filmes de Besson, é
bom vê-lo novamente em uma superprodução e com todas as suas características. Lucy,
seu novo longa-metragem, tem um tema que faz a plateia pensar e tem uma mulher
como protagonista de ação. Não a mulher sexualizada como se vê em muita coisa
do gênero, nem dependente do homem, mas uma mulher independente e forte.
Em Lucy, a personagem-título, vivida pela sempre ótima
atriz e estonteante Scarlett Johansson, é praticamente forçada por seu namorado
a entregar uma mala ao Sr. Jang. Porém, a mala continha um pó azul com uma substância
chamada CPH4 que logo é colocada no estômago de Lucy. Após uma sessão de
tortura e ela levar um chute no estômago, o pó rapidamente se alastra no corpo
dela e atinge áreas desconhecidas do cérebro, deixando-a com algumas
características peculiares.
A teoria mais aceita pela ciência é que o ser humano só
utiliza 10% da capacidade cerebral. Pode parecer pouco, mas é muito se
comparado aos 3 ou 5% de cachorros e gatos. O único mamífero com o cérebro mais
“evoluído” do que o dos humanos é o golfinho, que usa 20% de seu cérebro. E ainda,
segundo a ciência, temos muitas áreas do cérebro que desconhecemos.
Mas,
o que acontece se conseguíssemos utilizar 100%?
Esse é o foco em ‘Lucy’. No caso da nossa protagonista, ela
adquire força e conhecimentos quase ilimitados, mas, algumas características
como medo e sentimentos ela vai perdendo. Ou seja, ela está cada vez mais
deixando de ser humana, embora o filme sugira um rápido romance entre ela e seu
“parceiro”, o policial Pierre, vivido por Amr Waked (sem carisma algum, diga-se
de passagem).
No início do filme, as cenas de ação com a Lucy em Taiwan
(mas eles falam em Coreano) se dividem com as palestras do professor Norman,
vivido pelo sempre ótimo Morgan Freeman. Norman é um estudioso sobre o cérebro
humano e dá palestras sobre o uso e como seria se a nossa capacidade cerebral
fosse maior do que 10%.
É interessante que, Luc Besson deixou claro em uma
entrevista que aqui ele não quis dar uma aula nem “sessão Discovery”, sobre o
cérebro. O intuito foi sim, fazer um filme eletrizante de ação e ficção
científica. E consegue. Besson usou câmeras em IMAX para as sequências de ação
(a perseguição de carro em Paris é sensacional).
Mas ignorar a parte física e científica de ‘Lucy’ é um
ultraje. E, na verdade, é isso que torna o filme especial.
No cinema atual, vivemos uma era de adaptações e um filme
tão original como esse deve ser comemorado. Depois que Besson leu em uma
revista sobre a capacidade cerebral humana, ele ficou completamente fascinado e
decidiu que faria um filme sobre isso. Há muito de ‘A Origem’ e ‘2001 – Uma odisseia
no espaço’ em Lucy. O próprio Besson admitiu que esses filmes o inspirou.
A referência clara de ‘2001’ é na montagem em que Lucy
viaja seu cérebro através das eras passadas. Uma cena de encher os olhos, muito
bem realizada e com o uso maravilhoso da computação gráfica e direção de arte. Até
lembra o ótimo clipe de Madonna, Ray of Light.
Assistir a ‘Lucy’ só confirma a ótima iniciativa de
Hollywood em colocar mais protagonistas do sexo feminino, sem depender do homem
e de ser mais independente. Temos os filmes de ‘Jogos Vorazes’, com Jennifer
Lawrence e a grande série da Netflix, ‘Orange is the new black’, dentre outros
inúmeros exemplos.
Lucy estreou no meio do verão americano e se saiu bem,
tem tudo (e mais um pouco) para se tornar clássico da ação e lembrado pelas
gerações seguintes. Se, em matéria de bilheteria, Lucy não foi melhor do que
filmes fracos como ‘Transformers 4’ ou ‘Tartarugas Ninja’, seu reconhecimento
futuro, ou talvez até status de cultuado, podem valer mais do que qualquer
bilheteria.
Scarlett Johansson só estará nos cinemas em 2015 com ‘Os
Vingadores 2’, depois ela deve ficar 1 ano sumida por conta da gravidez. Mas,
que bom que esse ano pudemos vê-la em 4 filmes, além desse aqui, também em ‘Capitão
América 2’, ‘Sob a pele’ e ‘Ela’, este último, somente com o trabalho de voz.
Hoje em dia, Scarlett é mais conhecida como Sex Symbol do
que como atriz. Como grande atriz que é, ela pode sim (se a Indústria assim
permitir) se tornar das grandes da história e fazer papéis mais desafiadores. Só
a Academia do Oscar ainda não enxerga isso. Mas, não faz mal, a vida é assim
mesmo.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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