As tartarugas ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles)
Direção: Jonathan Liebesman
Ano de produção: 2014
Com:
Megan Fox, Will Arnett, William Fichtner, Alan Ritchson, Noel Fisher, Pete
Ploszek, Jeremy Howard, Danny Woodburn, Whoopi Goldberg.
Gênero: Aventura
Classificação Etária: 14 Anos
Esse
reboot das Tartarugas é sem alma e sem sentido
Ainda estamos à procura de uma adaptação digna de nota de
algum desenho da TV. Já tivemos muitos filmes bem-sucedidos em bilheteria, mas
que foram um desastre como realização, são eles: Scooby-Doo 1 e 2; Os Smurfs 1
e 2; Zé Colméia, entre outros. E a esperança estava nesse novo ‘As Tartarugas Ninja’.
É certo que foi um filme problemático para fazer, com algumas mudanças de
roteiro e de percurso, mas, logo quando começaram a soltar as imagens, parecia
que a coisa seria bacana. E quando foi anunciado que Michael Bay seria o
produtor e quando vimos o primeiro trailer, todo mundo ficou empolgado. Não que
Bay seja um grande diretor, aliás, longe disso, mas para atiçar a plateia com
efeitos, isso ele sabe bem.
E esse filme das Tartarugas já pode ser considerado um
mega sucesso e uma continuação deve chegar nos próximos anos. Ou, por que não,
uma nova franquia?
Mais do que isso, esse novo filme pode ser responsável
por trazer as Tartarugas de vez para o centro da cultura pop, que, aliás, elas
estavam bem sumidas. O auge se deu, principalmente, nos anos 1990, com 3
filmes, mas, em especial, no desenho animado que passava na TV todas as manhãs.
Essa era uma das razões, também, porque eu estava empolgado
com o espírito do filme. Eu via o desenho na TV Colosso, TODOS os dias e só ia
à escola, no período da tarde, depois das aventuras de Donatello, Michelângelo,
Raphael e Leonardo. E era mágico imaginar como seria uma nova versão das
Tartarugas agora com a computação gráfica muito mais avançada e arrojada.
Mas, lamento dizer que, esse novo filme, ‘As Tartarugas Ninja’,
é péssimo. Comum uso ruim da computação gráfica e com um roteiro que toma
decisões erradas a cada minuto.
Com todo o cacife que Michael Bay ganhou com a franquia ‘Transformers’,
ele teve sinal verde aqui para fazer o que quisesse com a produção de ‘As
Tartarugas Ninja’. E assistindo ao filme, quase nos confundimos com um filme
seu de verdade do que apenas produzindo. Basta ver as longas (e intermináveis)
cenas de luta, som estridente e ausência de luz. A batalha na neve, quase no
final, é um ótimo exemplo disso.
A parte técnica do filme foi realizada pela Industrial
Light & Magic, de George Lucas e nos entregou, por exemplo, a nova trilogia
de Star Wars. Mas aqui, parece um produto feito na correria e não justifica o
altíssimo orçamento dado a esse filme. O orçamento de 125 milhões de dólares
parece ter sido mais usado em divulgação e distribuição. E também em Marketing:
é sabido que as Tartarugas adoram pizza e isso não é tão claro no filme, mas,
quando é explicitado, só aparecem propagandas da Pizza Hut.
Mas e o roteiro? Bom, conforme dito, ele só toma decisões
erradas. Se o filme é vendido como história das Tartarugas, espera-se que elas sejam
o foco e protagonistas. Mas, o centro do filme é a April O’ Neil, vivida por
Megan Fox, e as Tartarugas, bem como seu Mestre Splinter e o vilão Destruidor,
estão em segundo plano e são meros coadjuvantes, tendo destaques apenas nos
momentos finais.
Por falar em Megan Fox, a escolha dela como April O’ Neil
é, no mínimo, curiosa. No final das filmagens de Transformers 2, ela e o diretor
Michael Bay tiveram uma senhora briga, que se tornou pública e ela foi enfática
ao dizer que não trabalharia com ele nunca mais. Mas para esse filme aqui, foi
oferecida uma quantia considerável de cachê e ela gostou do roteiro (?) e ela
abraçou sua April.
Ela pode ser linda, humilde e muito simpática, mas, como
atriz, ainda está deixando a desejar. Ainda não sei se seu problema é a falta
de talento ou se ela precisa trocar de agente, mas já passou da hora de ela
amadurecer como atriz.
A prova de que as Tartarugas estão em segundo plano é o
nome de Megan no alto do filme e a escolha de 4 atores desconhecidos (e fracos)
para servir de captura de movimentos no filme.
Algumas características de filmes do Michael Bay estão
aqui, e não estou falando das já citadas características técnicas, mas as dos
personagens: é certo que Bay é megalomaníaco e sempre coloca personagens
arrogantes em seus filmes, mas aqui ele exagerou: o interesse amoroso de April
O’ Neil, que é seu colega de jornalismo, vivido por Will Arnett, é tão
presunçoso na saga de querer “pegar” sua amiga, que a plateia não tem empatia
nenhum com ele. O mesmo pode-se dizer do vilão Destruidor. Além de ele ser
apresentado como um homem frio dos negócios, este é um personagem mal
desenvolvido e um vilão que, embora tenha um ator esforçado fazendo-o, ele
pouco pode fazer com um roteiro tão fraco. E como se não bastasse isso, sua
armadura de Destruidor, que mais se parece com um Samurai Prateado, é constrangedora.
E por falar em constrangimentos, o personagem da Whoopi
Goldberg é totalmente descartável, como a chefe de April, que desaprova as
atitudes dela e praticamente só fala besteiras o filme todo.
Na verdade, April é uma repórter que trabalha com reportagens
mais cômicas e quer ser reconhecida por matérias mais sérias. E o fato de ela
descobrir que as Tartarugas criadas em laboratório estão vivas, é o que pode
levar a isso.
No que podemos chamar de roteiro, no passado, April e seu
pai criavam 4 tartarugas e um ratinho geneticamente modificados por laboratório. Mas,
um incêndio criminoso mata o pai de April, mas ela consegue salvar os animais. E
o Destruidor quer a todo custo as Tartarugas, pois sua genética o torna indestrutível.
Muita gente pode interpretar isso como uma parte séria do
filme e uma história que “deveria acontecer”. Discordo. Em um filme com esse
propósito de entreter o público, esses laços e explicações não deveriam ocorrer e, se o foco deve ser o público infantil, essas decisões são um tiro
pela culatra.
Mas a principal furada do roteiro está em ele não se
decidir para qual público vai: ele é bobinho demais para adultos e violento e
vulgar demais para crianças. E ora o filme é cômico e ora é sombrio.
‘As Tartarugas Ninja’ é um filme confuso e que não deve
divertir nem os mais novos. Precisava da mão de um diretor. Infelizmente, o
escolhido foi um que aceita tudo o que o estúdio quer e determina, que é Jonathan
Liebesman, de ‘Fúria de Titãs 2’. Não tinha como dar certo.
Nota:
1,5
Imagens:
Trailer:
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