Rush – No limite da emoção (Rush)
Direção: Ron Howard
Ano de produção: 2013
Com: Chris Hemsworth, Daniel Bruhl,
Alexandra Maria Lara, Olivia Wilde.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
Mais
um trunfo de Howard
É difícil olhar para um filme tão poderoso quanto ‘Rush –
No limite da emoção’ e ver que ele passou despercebido pelo Oscar. É um grande
filme, incrivelmente bem realizado, é uma biografia (e a Academia adora
histórias reais) e o diretor é um sujeito que os acadêmicos adoram: Ron Howard.
Ele já ganhou Oscar de direção e filme em 2002 por ‘Uma Mente Brilhante’ e tem
muitos amigos em Hollywood. E ainda tem o roteirista, Peter Morgan, que, em
2008, escreveu outro roteiro poderoso e também dirigido por Howard:
Frost/Nixon.
Além disso, ‘Rush – No limite da emoção’ tem 3 atores que
estão em alta em Hollywood, em especial Chris Hemsworth, o nosso Thor, mas, não
podemos nos esquecer de Daniel Bruhl (de ‘O quinto poder’) e da beldade Olivia
Wilde (da série ‘House’). O filme foi um sucesso de público e crítica e, à
exceção do Oscar, esteve sim, nas premiações.
Mas, deixando os prêmios de lado, e falando sobre o filme
em si, ‘Rush – No limite da emoção’ é, além de um grande filme é uma biografia
muito honesta sobre dois grandes pilotos da Fórmula 1, sobretudo a rivalidade
entre os dois, o britânico James Hunt e o austríaco Niki Lauda.
E nem dá para dizer que o roteiro favoreceu um dos dois
lados: ambos os pilotos têm um tratamento imparcial e sem vangloriar nenhum dos
dois. O que o filme quis mostrar era o quanto um admirava o outro e invejava o
outro. Enquanto James Hunt apresentava um perfil mais jovial, tinha várias
amantes e queria mais curtir a vida, Niki Lauda era mais focado e vivia quase
que exclusivamente pelo seu trabalho e o roteiro tratou o lado mais, digamos,
humano dos personagens, pois, Hunt tem defeitos e Lauda tem qualidades: o
piloto britânico jamais consegue emplacar um relacionamento sério, seu
casamento frustrado com Suzy Miller (papel da Olivia Wilde) contrastando com
suas amantes e sua bebedeira é um retrato disso. Ao passo que o piloto
austríaco constitui um casamento consolidado com uma moça que ele conhece na
estrada, Marlene.
Na história, começamos com os jovens Hunt e Lauda na
Fórmula 3 e ali já dava sinais que não sobraria pedra sobre pedra entre eles.
Não demora muito para os dois subirem para a Fórmula 1: Hunt consegue vaga em
uma equipe pequena e Lauda financia sua ida à Ferrari. Estamos no campeonato de
1975 e Niki Lauda é o grande vencedor daquele ano. James Hunt culpa seu carro
pelo fracasso e, para o ano seguinte, consegue convencer os empresários e ser o
primeiro piloto de uma grande equipe, no caso, a McLaren. E o campeonato de
1976 é marcado pela disputa – corrida a corrida – dos dois pilotos. O grande
ápice daquele campeonato é a corrida na Alemanha, o circuito é altamente
perigoso e Lauda tenta convencer a FIA (órgão que administra a Fórmula 1) e os
pilotos a não existir o grande prêmio. Ele não tem sucesso na empreitada e corre
a contra gosto. Quase no final da corrida, ocorre seu fatídico e célebre
acidente: Lauda queima parte do seu rosto e, após 6 semanas internado, volta à
vida e às corridas com seu rosto deformado. Nesse meio tempo, Hunt vai
conquistando vitórias e vai chegando mais perto de seu título.
Há um arco muito bacana nessa decisão de campeonato: a
volta de Lauda para as corridas foi considerada precoce para os médicos e o
próprio austríaco diz que ele só voltou por causa de Hunt. Aliás, a cena em que
Niki toma injeção de oxigênio no cérebro contrastando com as imagens de um
James Hunt vencedor é arrepiante. E na última corrida daquele ano, no Japão, o
carro do britânico está por um fio e a equipe orienta-o a abandonar a corrida,
mas, Hunt a finaliza, termina em 3° lugar e conquista o título. O próprio James
admite que só fez essa loucura por causa de Niki Lauda. O roteiro deixa claro
que um não seria nada se o outro não existisse, que um admira o outro (e são
pessoas completamente diferentes) e essa rivalidade é um capítulo importante
para a Fórmula 1 e para a automobilismo em geral.
O filme é tão bem montado que a platéia pode se confundir
entre cenas reais e cenas filmadas. Ron Howard disse em uma entrevista que não
foram usados cortes reais, exceto no desfecho, que mostra imagens reais do
inesquecível campeonato de Fórmula 1 de 1976 e fotos de bastidores entre Niki
Lauda e James Hunt.
São momentos para guardar na memória de uma época que não
volta mais, quando a Fórmula 1 era bem disputada e havia mais arrojamento dos
pilotos, muito diferente dos dias de hoje, onde o dinheiro fala mais alto.
E, com o grande resultado desse filme aqui, queremos um
longa-metragem sobre a rivalidade entre Ayrton Senna e Alain Prost.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer: