Quentin Tarantino é um
dos poucos autores da Hollywood atual. Seu cinema é único, feito de um fã para
fãs. Curiosamente ele não frequentou faculdade de cinema, mas o que ele coloca
em tela é tudo o que ele viu em obras nas quais ele é fã. Nos anos 1980 ele era
balconista de videolocadora, na qual ele descobriu diversos filmes e juntando
àquilo que ele via na juventude, ele tem um conhecimento vasto na sétima arte.
E juntando todo esse conhecimento – e também em técnicas
de filmagem, edição e tudo mais, em 1992 ele realiza seu primeiro filme: Cães
de Aluguel, que estreou sem fazer barulho, mas foi ganhando festivais, ganhou
status de cult e tem fãs até hoje,
sobretudo porque é um filme basicamente de diálogos, que podem ou não ter
ligação com a história, violência estilizada e sem firulas e seus personagens
não são exatamente heróis nem exatamente mocinhos, fórmula que ele repetiu ao
longo da carreira.
Mas o reconhecimento só veio em 1994, qual Tarantino
dirige e escreve ‘Pulp Fiction – Tempos de Violência’, que é aclamado até hoje
como um dos melhores filmes da história, apresenta uma narrativa não-linear,
revitalizou a carreira de John Travolta, ganhou a Palma de Ouro no Festival de
Cannes e o Oscar de Roteiro Original – também foi indicado a Melhor Filme, mas
perdeu para Forrest Gump. Pulp Fiction ainda foi o primeiro filme independente
da história a bater a arrecadação de 100 milhões de dólares e está até hoje no
imaginário popular em momentos clássicos, como a discussão sobre a Holanda e o
“royale com queijo”, a dança clássica com Travolta e Uma Thurman, o relógio de
ouro e vários outros momentos.
Em 1997 ele realiza Jackie Brown, que teve uma recepção
fria por parte do público e crítica e embora seja inferior aos 2 primeiros
trabalhos do diretor, é um grande filme, uma grande homenagem ao cinema de
gângster dos anos 1970 e homenagem à Pam Grier, que é a Jackie Brown do título.
o elenco ainda contava com Samuel L. Jackson, Robert De Niro, Bridget Fonda e
Michael Keaton.
Após o mini fracasso de Jackie Brown, Quentin Tarantino
se ausentou um pouco de Hollywood e alguns críticos mal intencionados diziam
que era o fim de sua carreira e que o sucesso de Pulp Fiction e Cães de Aluguel
era um golpe de sorte. Ele fez alguns trabalhos como ator, como em ‘Um Drink no
Inferno’ e ‘A Balada do Pistoleiro’, ambos dirigidos por seu amigo Robert
Rodriguez, alguns episódios da série Alias, com Jennifer Garner e o péssimo
Little Nicky – Um diabo diferente. Como diretor, ele fez um episódio de Grande
Hotel, mas parecia pouco para um nome como Tarantino.
Na verdade, ele estava escrevendo, em segredo, seu novo
projeto: Kill Bill, que era uma história de vingança na qual a Noiva se
vingaria de Bill, seu então marido, porque a hostilizaram no dia de seu
casamento.
E em 2003 estrearia Kill Bill. Na verdade, Tarantino se
divertiu tanto escrevendo que dividiu o projeto em 2 volumes, assim nasceria
Kill Bill – Volume 1, que estreou no final de 2003, e Kill Bill – Volume 2, que
estreou em abril de 2004. São dois filmes completamente diferentes, sendo que o
primeiro é uma grande homenagem aos filmes de samurai, aos animes e ao Bruce
Lee, claramente na roupa amarela de Uma Thurman, a mesma que Lee usou em O Jogo
da Morte. Já o segundo filme era uma homenagem aos Westerns e tudo relacionado
ao Velho Oeste.
Os dois filmes foram um grande sucesso e depois de
realizar Kill Bill, Tarantino se juntou novamente ao seu amigo Robert Rodriguez
e o ajudou na direção de ‘Sin City – A Cidade do Pecado’, que é uma adaptação
de uma famosa HQ de Frank Miller. O filme estreou em 2005, foi elogiado por
público e crítica e teve um grande elenco.
Mas o grande projeto deles juntos foi o Grindhouse, na
qual era uma grande homenagem aos filmes de terror b dos anos 70. As sessões
Grindhouse consistiam em cinemas baratos, que exibiam 2 filmes a preço de 1 e
era um terror que continha mulheres sensuais sendo aterrorizadas por machões,
zumbis ou monstros.
E respeitando tudo isso, o projeto de Tarantino e
Rodriguez tinha 2 filmes, cada um dirigiu um: Rodriguez dirigiu ‘Planeta
Terror’ e Tarantino dirigiu ‘À Prova de Morte’. Nenhum dos dois foi um estouro
de bilheteria, mas tiveram um legião de fãs que lotaram as sessões e se
sentiram homenageados. São dois filmes muito bacanas e merecem ser vistos por
fãs de cinema de terror. Quem não curte pode achar o viagem maluca e sem
sentido, o que justifica o não-sucesso de ambos.
Esses últimos filmes Quentin Tarantino estava fazendo
para se divertir e divertir seu público, mas ele queria voltar às premiações e
às glórias de Pulp Fiction e Cães de Aluguel. E ele pensou em realizar filmes
históricos, mas não da forma que você imagina: ele reescreveria a História em
uma espécie de trilogia: primeiro seria sobre a 2ª Guerra Mundial com Bastardos
Inglórios, depois seria sobre a escravidão com Django Livre e por último sobre
a Guerra Civil Americana em Os Oito Odiados.
Bastardos Inglórios estreou em 2009 e muitos consideram
este o melhor filme do diretor. É realmente seu trabalho mais sóbrio, um grande
feito de bravura e coragem e é absolutamente delicioso de se ver, sobretudo
porque ele mostra a 2ª grande guerra do ponto de vista dos judeus – e dando um
desfecho interessante a Hitler. O filme ainda revelou esse sujeito chamado
Christoph Waltz, que está incrível no filme como o general nazista, Landa e ele
ganhou todos os prêmios possíveis com esse papel – inclusive Oscar e Globo de
Ouro. Todos merecidos. Bastardos Inglórios também revelou a francesa Mélanie
Laurent, que interpreta uma moça judia que teve sua família morta pelo exército
de Landa. Bastardos Inglórios trouxe Tarantino de volta ao Oscar, mas acabou
perdendo para Guerra ao Terror, na qual deu o 1º Oscar de direção a uma mulher,
que era Kathryn Bigelow.
Três anos depois ele realiza Django Livre, igualmente
corajoso e delicioso, que apresentava um escravo, vivido por Jamie Foxx, que se
tornara livre graças ao Christoph Waltz e deseja resgatar sua esposa, que é
escrava na casa do personagem vivido por Leonardo di Caprio. Quem faz a esposa
é a sempre ótima Kerry Washington e depois deste filme ela se tornou quase um
ícone sendo a protagonista da série Scandal e sendo indicada a prêmios pelo
papel. Django Livre deu novamente o Oscar a Waltz e o filme ainda levou o
prêmio de Roteiro Original.
E agora, com o mesmo espaço de 3 anos, Tarantino escreve
e dirige Os 8 Odiados, sobre a Guerra Civil Americana...
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