Carol
Direção:
Todd Haynes
2015
Com:
Cate Blanchett, Rooney Mara, Kyle Chandler, Sarah Paulson.
Drama
14 Anos
Quando
duas mulheres se amam
Esse título Carol é injusto. Fica a impressão de que todo
o filme é centrado na Carol em questão, mas a sua parceira, Therese, tem tanto
ou mais importância para a trama.
Na verdade, se trata de uma adaptação de um livro homônimo
escrito por Patricia Highsmith, se passa nos anos 1950 e conta a história de Carol
Aird (Cate Blanchett), que não está contente com a vida, está se divorciando do
marido, Harge (Kyle Chandler) e ele não a deixa ver sua filha durante o Natal. Em
um dia próximo da data festiva ela vai a uma loja de brinquedos comprar um
presente para a filha e conhece Therese Belivet (Rooney Mara), que também vive
entediada, com a vida e com o emprego, embora ela tenha como hobby o trabalho
de fotógrafa. Uma se torna a melhor companhia da outra, ambas decidem viajar
pelos EUA e não demora muito para que elas se apaixonem.
Carol é um belo filme, simplista e comovente. Nada do que
o diretor Todd Haynes (de Longe do Paraíso e Não Estou Lá, este último também com
a Cate) não esteja acostumado. E não importa em qual época seus filmes passem
nem qual história é contada, para ele o que vale são os personagens e são elas
que fazem Carol ser um filme tão especial.
O filme vem colecionando prêmios ao redor do mundo, esteve
em Cannes, esteve no Globo de Ouro, SAG Awards, Bafta e deve estar no Oscar e
embora Carol tenha uma bela reconstituição da época dos anos 1950, sobretudo
pelo figurino e design de produção muito competentes, o que vem chamando a
atenção de todos e o que está fazendo o longa estar nos festivais e sendo
ovacionado são as atuações dessas duas atrizes maravilhosas:
Cate
Blanchett faz um de seus melhores papéis da carreira. E olha que não é fácil
chegar a essa conclusão, sabendo que ela já foi a rainha Elizabeth I, Galadriel
em Senhor dos Anéis, o cantor Bob Dylan (e poucas atrizes fariam um papel
masculino) e a diva do cinema Katharine Hepburn. Já Rooney Mara é mais fácil de
cravar: Therese Belivet é o seu melhor papel até aqui. Muitos contestaram a sua
indicação ao Oscar em 2012 por ‘Millennium – Os Homens Que Não Amavam as
Mulheres’, mas aqui ela é muito merecedora se as indicações – e prêmios –
vierem, serão justamente por ela fazer uma moça insegura e independente ao
mesmo tempo. Ela não se sujeita ao que a sociedade a impõe, mas também não sabe
o que fazer da vida. Sem contar que Therese é o dilema da carreira profissional
que temos até os dias de hoje: se vale a pena investir no seu sonho ou se é
melhor ter um emprego “normal”? Ela está entediada com seu trabalho na loja,
mas ama ser fotógrafa.
Tanto
Carol como Therese tem uma na outra uma espécie de refúgio. A melhor parte do
dia de uma é quando está com outra e o momento da viagem, que toma conta do 2º
ato, é como se fosse um momento de libertação e talvez uma chance única,
afinal, uma sociedade conservadora dos anos 1950 dificilmente aceitaria duas
mulheres “de família” tendo um caso.
E o
que o filme Carol acerta é em mostrar a relação das duas de forma natural e sem
sensacionalismos. É uma história de amor. Ponto. Independentemente do gênero e
Carol se mostra um filme seguro, sem um grande momento de reviravolta e que o
grande público possivelmente não vai gostar. Os mais conservadores menos ainda.
É um
filme para quem gosta de cinema, mostrando a força dos filmes independentes e
se vierem as indicações ao Oscar, pode dar mais visibilidade ao longa. E de
preferência, sem criar polêmica por causa do tema.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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