Joy – O Nome do
Sucesso (Joy)
Direção:
David O. Russell
2015
Com:
Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Edgar Ramirez, Virginia
Madsen, Isabella Rossellini, Dascha Polanco.
Comédia Dramática
14 Anos
Joy tem
uma história tão incrível que só poderia ser real
Nos últimos 5 anos o diretor David O. Russell se tornou
um nome conhecido e presença obrigatória nas premiações, inclusive sendo
indicado 3 vezes ao Oscar, por ‘O Vencedor’ em 2011, por ‘O Lado Bom da Vida’
em 2013 e por ‘Trapaça’ no ano seguinte.
Muitos atribuem isso como um exagero e que ele só está aí
porque tem um lobby grande na Academia.
Polêmicas à parte, é inegável que seus filmes, embora
sejam diferentes, são iguais entre si, ou seja, seus filmes têm histórias
diferentes, mas com características idênticas, sobretudo no que diz aos
personagens, que se mostram desajustados, com famílias e casais que não se
entendem e que apresentam algum tipo de distúrbio ou mania. Sempre em um filme
do David O. Russell a trilha é marcante – e há alguma cena de dança.
E agora em ‘Joy – O Nome do Sucesso’ ele apresenta uma história
real de Joy Mangano que, no início dos anos 90, inventou um esfregão prático (sim,
aquele para limpar o chão) e hoje é uma empresária de sucesso, mas o caminho
não foi nada fácil. E é exatamente o caminho duro que esse filme mostra: ela é
divorciada, tem 3 filhos, todos em sua casa dependem dela e está
financeiramente quebrada, com a hipoteca da casa atrasada e com as contas
vencidas. E vive infeliz com o seu trabalho no aeroporto.
Mas Joy começa a investir tudo o que tem – e o que não
tem – em um esfregão que é desmontável e que a sujeira não fica acumulada e ela
tem uma chance de mostrar isso em um programa da TV a cabo, mas quem disse que
ela tem sorte na empreitada.
O filme pode não funcionar tão bem como biografia, já que
em momento nenhum é citado que é uma história real e a história não apresenta
data nenhuma, o que é outra característica de Russell, que em ‘Trapaça’ não
contou que se tratava de algo que aconteceu – e por isso o filme foi indicado
como Roteiro Original, e não adaptado.
Não se sabe se é um estilo ou uma jogada para ser
indicado a Roteiro Original e, assim, ser visto como autoral, mas a verdade é
que David deveria valorizar os personagens reais em que se trata e até para o
grande público conhecê-las.
E aqui em ‘Joy – O Nome do Sucesso’, como não poderia
deixar de ser, as características do cinema de Russell estão evidentes: Joy é
divorciada, mas ainda tem contato com seu ex-marido, que se diz cantor, mas
também está sem dinheiro e vive no porão de casa. A mãe de Joy, Terry, é uma
falastrona que é viciada em uma novela e está mais preocupada com os próximos capítulos
do que com a sua família. Rudy, pai da protagonista, nunca apoiou a filha e
vive criticando-a pelo casamento frustrado.
Quem interpreta Rudy é Robert de Niro e se ele é dos
maiores atores da história do cinema, seus últimos trabalhos não haviam rendido
tanto, até que ele fez o pai viciado em jogo em ‘O Lado Bom da Vida’, que lhe
rendeu elogios e foi indicado ao Oscar pelo papel. E no ano seguinte, em ‘Trapaça’,
ele fez uma ponta hilária como um gângster, e caiu o gosto da nostalgia dos
tempos áureos de ‘Os Bons Companheiros’ e ‘Poderoso Chefão 2’. E aqui em ‘Joy –
O Nome do Sucesso’, ele está igualmente hilário como o pai da Joy e quase rouba
todas as cenas.
Bradley Cooper faz o produtor do canal a cabo e seu papel
é praticamente uma participação especial, mas não menos interessante do que já
o vimos como ator principal.
Mas o destaque aqui – como não poderia deixar de ser – é da
própria Jennifer Lawrence. Ela está incrível como Joy e aqui ela cravou sua 4ª
indicação ao Oscar aos 25 anos de idade. Exagero? Não se levarmos em conta que
ela é uma grande atriz e tem talento e carisma natos. Ela nem precisa se
esforçar para ter uma carreira já consolidada, com uma legião de fãs e duas franquias
para chamar de sua.
Há duas coisas sobre ela que são de fato um exagero: seu
Oscar por ‘O Lado Bom da Vida’, na qual ela estava muito bem no filme, mas
haviam papéis melhores indicados e nem foi um filme que exigisse dela, ao
contrário de ‘Inverno da Alma’, por exemplo. Outra coisa é compará-la a Meryl
Streep. É fato que ambas são grandes e tiveram um começo de carreira promissor,
mas com a rapidez com que as coisas acontecem, não dá para prever se saberemos
quem é Jennifer Lawrence daqui a 10, 20, 40 anos. Só o tempo dirá.
Muita
gente está dizendo que a indicação ao Oscar de Jennifer por este filme foi um
exagero e que haviam atrizes melhores. De fato, Charlize Theron poderia estar
indicada por ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’ porque sua Imperatriz Furiosa foi A
personagem do ano. Mas deixar de reconhecer o grande papel de Jennifer aqui é
um ultraje – e muitos nem viram Joy. Como diria Scorsese, “conheçam meu filme
antes de julgá-lo”. E alguns dizem que ela só está onde está porque é a “queridinha”
do momento.
‘Joy
– O Nome do Sucesso’ não foi bem de bilheteria nos EUA (efeito Star Wars?) e a
crítica também não o recebeu bem, tanto que ele só está indicado ao Oscar na
categoria de Melhor Atriz. Mas o fracasso foi injusto. Primeiro porque ele é
melhor do que ‘Trapaça’ e ‘O Vencedor’, mas não melhor do que ‘O Lado Bom da
Vida’. Segundo porque é uma história bonita de superação e é fácil de se
identificar com o drama da protagonista – ainda mais em tempos de crise – e não
importa o quanto o seu sonho seja bizarro ou pequeno, nem o que os outros vão
dizer, mas é o quanto você acredita nele e o que está disposto a fazer para
chegar ao sucesso.
E um
diferencial de ‘Joy – O Nome do Sucesso’, é que ele não é bem um drama. Toda a história
é levada ao humor – e diverte muito – o espectador.
Seria
uma metáfora para seguirmos a vida sempre sorrindo, apesar das adversidades?
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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