A 5ª Onda (The 5th
Wave)
Direção:
J. Blakeson
2015
Com:
Chloe Grace Moretz, Nick Robinson, Alex Roe, Liev Schreiber, Ron Livingston, Maria
Bello.
Ficção Científica
12 Anos
Boas
ideias desperdiçadas
‘A 5ª Onda’ é baseado em um best-seller que tem uma
história pós-apocalíptica interessantíssima: em um futuro não muito distante, o
planeta passou por 4 ataques alienígenas, ou 4 ondas, como foi chamada: na
primeira, a eletricidade foi retirada do planeta, na segunda, houve um tsunami,
na terceira, os pássaros transmitem um vírus, muito parecidos com a gripe
aviária e na quarta, os próprios alienígenas se infiltram entre os humanos e
com características nossas.
Isso quase dizimou a população mundial por completo e uma
5ª onda viria para acabar com a raça humana de vez, mas para acabar com isso, o
exército americano cria tecnologias para conter a ameaça alienígena.
Os poucos humanos sobreviventes vivem isolados, com medo
de o próximo ser um alienígena e medo da ameaça.
Um deles é Cassie (Chloe Grace Moretz), que perdeu parte
da sua família, vive como nômade (quase como uma personagem de ‘The Walking
Dead’) e precisa resgatar seu irmão.
Essa é a história de ‘A 5ª Onda’. Imaginem tudo isso na
mão de um grande diretor, roteirista, produtor e de um estúdio que se importa
com o material que tem? Renderia um filmaço. Mas, infelizmente, não é o caso.
O filme já começa com um problema de narrativa logo no
começo: o prólogo é demorado e o que deveria ser um simples flashback, é o
primeiro ato do filme por inteiro, que liga com um segundo ato lento, sonolento
e sem sentido até chegar em um terceiro ato, que tem a sua importância,
apresenta um plot twist que deixa o
espectador interessado no que possa vir a seguir e com a esperança que o filme
melhore, mas a falta de tensão e um desfecho constrangedor, fazem com que este
filme, que deveria ser épico, se torne comum – e como todas as tentativas
fracassadas de adaptações literárias de fantasia, como ‘A Bússola de Ouro’ e ‘Eragon’,
este aqui simplesmente termina em qualquer lugar: os realizadores achavam que
já tinha dado o tempo de duração e deixaram a história em aberto e com a
virtual certeza de que vai se tornar um novo fenômeno da literatura para o
cinema e que os “fãs” vão clamar por uma continuação.
O sucesso de Mad Max e Star Wars deixaram claro que o
público não engole mais um filme mal feito digitalmente, que tudo seja
artificial demais e que o fundo verde esteja lá. Os efeitos práticos se
provaram mais eficazes e se for para o lado digital, que seja bem realizado,
como em Jurassic World e nos filmes da Marvel, por exemplo.
A Sony é a distribuidora do filme e por diversas cenas há
alguma propaganda de algum produto dela, o que não incomodou, mas colocar seu
maior herói, o Homem-Aranha, de forma gratuita, foi uma tentativa para mostrar
que ela ainda tinha voz com a parceria com a Marvel (o herói estará na Guerra
Civil este ano e terá um filme solo em 2017).
Mas os dois problemas mais graves de ‘A 5ª Onda’ são o
péssimo elenco e a tentativa de ser o novo Crepúsculo:
Em momento algum o filme indicava que seria um romance,
menos ainda um triângulo amoroso e aqui é sem química alguma e simplesmente
jogado claramente para atrair as fãs órfãs de Crepúsculo.
Não há nada de errado em ser um romance, mas e história
que era de ficção vira romance com drama e que tem alguns vestígios de ação e
que deixa tudo em aberto, ou seja, começa do nada e termina no lugar nenhum.
E o elenco aqui é digno de Framboesa de Ouro, sobretudo
os dois jovens que disputam o coração de Cassie. Liev Schreiber, que é um bom
ator, está mal aproveitado aqui (e seu personagem poderia ter várias camadas
que poderiam ser exploradas). Mas a decepção fica mesmo é com a protagonista,
Chloe Moretz: ela começou a carreira muito bem, sobretudo na
infância/adolescência fazendo algumas pontas sempre como a fofura da vez, como
Abigail Breslin e Dakota Fanning já foram, mas ela ganhou notoriedade ao viver
a Hit-Girl em ‘Kick-Ass: Quebrando Tudo’ e fez o premiado ‘A Invenção de Hugo
Cabret’, de Martin Scorsese.
Mas desde que ela cresceu, faz uma bomba atrás da outra,
começando por Kick-Ass 2, que é muito inferior ao original e com o fracasso,
estamos livres de um terceiro filme, mas o fundo do poço foi a pérola ‘Carrie –
A Estranha’, remake do clássico de 1976 e foi destruído pela crítica.
Aqui em ‘A 5ª Onda’ ela mal consegue atuar ou fazer
expressão de perigo. Não se sabe se ela é uma atriz limitada ou se precisa
trocar de agente. O fato é que sua carreira pode ir ladeira abaixo e entrar na
galeria das crianças que não tiveram sucesso na vida adulta. E agora ela só
assume papéis de protagonista.
A história poderia ser boa e tinha muito potencial. E também
poderia ser algo diferente e inventivo, mas é um pout-pourri de tudo o que já
vimos do gênero. E se eles querem uma nova franquia literária, agora com o fim
de Jogos Vorazes, não vai ser com ‘A 5ª Onda’ que vão conseguir.
Nota:
4,0
Imagens:
Trailer:
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