quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Meu Primo Vinny


Meu Primo Vinny (My Cousin Vinny)

Direção: Jonathan Lynn

1992

Com: Joe Pesci, Marisa Tomei, Ralph Macchio, Mitchell Whitfield, Fred Gwynne.

Comédia

14 Anos

Famoso pela zebra do Oscar, filme merece ser descoberto

            Meu Primo Vinny, comédia de 1992, dirigida por Jonathan Lynn não foi um sucesso de bilheteria e poucos viram o filme, embora não tenha sido exatamente um fracasso e aqui no Brasil passou quase despercebido nos cinemas, mas passou na Tela Quente, na Rede Globo, em 1995 (época em que muitos dependiam da TV aberta para ver filmes), mas para quem acompanha cinema, quando ‘Meu Primo Vinny’ é citado, a primeira coisa que vem à cabeça é o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Marisa Tomei por seu papel no filme. E mais do que isso: foi uma das maiores zebras da história da premiação (pegue qualquer lista e essa zebra está no meio).

            Na ocasião, a super favorita era Joan Plowright por ‘Um Sonho de Primavera’, mas Vanessa Redgrave por ‘Retorno a Howards End’ e Miranda Richardson por ‘Perdas e Danos’ corriam por fora. E quando Jack Palance anunciou o nome de Marisa como vencedora do Oscar, fez todo mundo se levantar como um choque.

            Muita gente não engole até hoje esse prêmio e é um direito de cada um, mas a grande injustiça em relação à Marisa foram os comentários maldosos da época, que diziam que Palance apenas leu o nome da última indicada. Essa piada de mau gosto ficou durante quase os anos 90 inteiros em Hollywood e só foi esquecida em 2002, quando Marisa foi indicada ao Oscar novamente (e desta vez sendo elogiada) por ‘Entre Quatro Paredes’ – e perdendo para Jennifer Connelly por ‘Uma Mente Brilhante’.

            Mas, afinal, Marisa Tomei mereceu ganhar esse contestado Oscar?

            Vamos por partes: ela está irresistível como Mona Lisa Vito, que funciona como alívio cômico em uma comédia tensa de certa forma e é uma mistura de esposa dedicada e mulher tentando se provar que não é apenas corpo.

            Marisa é quem se destaca no filme e como a trama nem é tão focada nela, isso é um mérito da atriz, mas este não foi um papel que exigisse tanto dela para vencer uma premiação deste tamanho.

            Infelizmente as comédias são desvalorizadas na Academia e o fato de ela ser um papel de comédia deve ter sido o critério dos votantes para premiá-la, mas ter deixado de reconhecer o esforço de Joan em ‘Um Sonho de Primavera’ foi um ultraje – e porque raios não indicaram Miranda Richardson pela vilã em ‘Traídos pelo Desejo’, mas a indicaram por seu papel pequeno em ‘Perdas e Danos’?

            Mas o filme não se resume apenas à Marisa. Muito pelo contrário, ‘Meu Primo Vinny’ é uma boa comédia, inteligente, com um roteiro até “fora da caixa”, embora não escape dos clichês.

            Na história, dois adolescentes de Nova York estão viajando pelo Alabama e passam por uma loja de conveniência, mas são acusados injustamente por um crime que não cometeram no local. Para a defesa, é chamado o primo de um deles (o tal “Vinny” do título).

            O problema é que Vinny nunca trabalhou como advogado, teve que fazer o Exame da Ordem por 6 vezes e só está formado a pouco mais de 1 mês. Sem contar que ele é atrapalhado: conhece pouco das leis, jamais pisou em um tribunal e precisa se provar como profissional.

            Não precisa ser muito esperto para perceber como esse filme pode terminar, ele segue muito a chamada “jornada do herói”, mas o que vale é o caminho percorrido na história para o desfecho bacana, na qual Marisa tem um grande destaque: o filme faz com que o espectador torça pela superação do protagonista porque ele se porta como pessoa simples e esforçada. Ele começa a estudar, a recolher provas e apagar a imagem de piada que ele tem no início do filme.

            Sem contar que a escolha para Joe Pesci foi certeira, pois o grande público já o conhecia por seu papel de um dos criminosos atrapalhados em ‘Esqueceram de Mim’ e ele estava fresquinho pelo Oscar por ‘Os Bons Companheiros’. E quem não reparou que um dos adolescentes presos injustamente é ninguém menos do que Ralph Macchio, o Daniel San de Karatê Kid?

            Muita gente reclama que o roteiro de ‘Meu Primo Vinny’ é didático demais para explicar a advocacia, mas discordo: tudo acontece aos olhos do personagem de Joe Pesci e ele, na verdade, somos todos nós, que estamos aprendendo com ele tudo o que fazer – e o que não fazer na carreira de Direito.

            Mas um pequeno furo é que não ficou claro o porquê de os adolescentes serem presos injustamente, se foi alguma conspiração ou erro policial – e isso era fundamental para a platéia criar empatia pela dupla e torcer pela liberdade deles, sendo que torcemos mais pelo sucesso da carreira de Vinny.

            Se dependesse apenas de Joe Pesci e Marisa Tomei, o filme com certeza levaria uma nota acima de 9, mas teve esses pequenos espaços no roteiro – e a falta de envolvimento emocional com a dupla adolescente.

            Mas se a intenção for apenas sentar e se divertir no sofá, ‘Meu Primo Vinny’ acaba sendo uma escolha perfeita e agora que chegou no serviço da Netflix, pode ser descoberto por uma nova geração – ou por um público que nem sabia que o filme existia. E também por quem viu de relance que ele foi um vencedor de Oscar.

Nota: 8,0

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