quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final


Jogos Vorazes: A Esperança – O Final (The Hunger Games – Mockingjay – Part 2)

Direção: Francis Lawrence

2015

Com: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Julianne Moore, Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson, Donald Sutherland, Natalie Dormer, Mahershala Ali, Jeffrey Wright, Stanley Tucci, Jena Malone, Sam Claflin, Willow Shields.

Ação

14 Anos

Final Apoteótico não segura filme morno

            Jogos Vorazes surgiu nos cinemas em 2012 e logo chamou a atenção do público e crítica pela temática diferente: a protagonista não é a mocinha indefesa e sua vida amorosa está em segundo plano.

            A discussão era muito mais profunda: totalitarismo, distopia, desigualdade social e política são os temas que a saga desperta e considerando que seu público alvo é o adolescente, isso é um marco.

            Assim como outras franquias literárias que se tornaram fenômeno de vendas, como Harry Potter e Crepúsculo, Jogos Vorazes também foi responsável por trazer a juventude de volta ao prazer de ler.

            Costuma-se reclamar que “a galera de hoje não lê” ou que “ninguém lê mais por causa da internet”, sendo que na verdade nunca se leu tanto e essas franquias são as grandes responsáveis e inclusive em inspirar diversos autores ao redor do mundo e também aqui no Brasil.

            E no caso particular de Jogos Vorazes, fez o público em geral correr atrás de obras grandes obras que falam de temas como ditadura e futuros distópicos, como 1984, Battle Royale e até o polêmico ‘O Triunfo da Vontade’, de 1935, que não passou de propaganda nazista da época, mas seu contexto com grandes exércitos e um líder autoritário inspira obras até hoje, inclusive Star Wars (ou ninguém associou Hitler a Darth Vader?)

            Mas Jogos Vorazes não resistiu às tentações da Hollywood atual e por se tratar de uma franquia milionária, o último livro, A Esperança, foi dividido em 2 filmes, assim como aconteceu com Harry Potter e Crepúsculo. A Esperança – Parte 1 estreou ano passado. E agora, em 2015, chega ao cinemas ‘Jogos Vorazes: A Esperança – O Final’.

            Muita gente contesta o filme anterior, já que é mais uma preparação para a guerra.
            Embora a Parte 1 tenha alguns buracos que claramente foram para justificar a divisão em dois filmes, ele tem sim, muitas qualidades, pois é um filme de guerra, mas é introspectivo, foca no desespero e trauma da protagonista e mostra como qualquer um pode manipular, independentemente do poder.

            Mas tudo indicava que era a preparação para a Parte 2 e que mostraria a guerra em si, mas o que se vê durante a primeira hora de exibição são basicamente os mesmos diálogos e clima de preparação para a guerra. Novamente Katniss Everdeen está no dilema se assume ou não o Tordo, ela fica na dúvida sobre o amor da sua vida (e isso infelizmente tem mais destaque por aqui, e nos outros filmes esse triângulo amoroso praticamente inexistia), sem contar as intermináveis conversas entre os rebeldes – e líderes rebeldes também – que ligam o nada a lugar nenhum. E alguns personagens que foram fundamentais no filme anterior, como Cressida e Beetee, praticamente inexistem aqui. Até Plutarch tem um personagem com tempo de tela reduzido – o que foi um grande descaso com o saudoso Philip Seymour Hoffman.

            Ele faleceu em fevereiro de 2014 e a maioria de sua aparição nos dois filmes de A Esperança já estava filmada e os produtores disseram haveria CGI agora no final (e a computação gráfica está aparente).

            As qualidades de ‘Jogos Vorazes: A Esperança – O Final’ estão na segunda hora de projeção, na qual temos a guerra em si com cenas de ação maravilhosas e preparando para o final apoteótico que a série prometia – e seguir ou não os livros é mero detalhe, já que o filme em si se sustenta.

            Todo o início deste filme poderia ser melhor editado e montado – bem como metade do filme anterior, ou seja, daria tranquilamente para ser feito apenas um filme de 120 minutos e sem perder o ritmo nem o conteúdo do livro, que aliás, quem leu o livro sabe que ele tem momentos, não tem tanto conteúdo para dois filmes de 2 horas e os fãs são unânimes ao dizer que é o livro mais fraco da Suzanne Collins e ficou claro que muita coisa lá foi pressão da editora, já que os dois primeiros livros foram um sucesso nas livrarias.

            Quanto ao grande elenco, embora alguns atores tenham sido desperdiçados como já citado, a maioria evoluiu como personagem e tiveram mais importância dentro da trama. A própria Jennifer Lawrence amadureceu como atriz, agora vencedora de Oscar, mas é impressionante como o sucesso não subiu à cabeça e ela se entrega no papel de Katniss com o mesmo pique do primeiro filme, o que é maravilhoso, pois ela jamais pode desprezar um papel que lhe deu tanta visibilidade.

            O personagem de Peeta ganhou mais relevância e ele lida com seus demônios internos e com o trauma da lavagem cerebral sofrida no filme passado (e o inesquecível enforcamento no encontro dele com Katniss).

            A atual vencedora do Oscar de Melhor Atriz, Julianne Moore arrebenta como a presidente Alma Coin e a dúvida quanto à sua integridade é levada até o final, mas quem se diverte mesmo é o grande Donald Sutherland como o Presidente Snow. Ele parece se divertir no papel de ditador e em cada aparição dele é uma imponência, com frases de efeito e a ameaça que um vilão de uma história como essa precisava.

            Outro grande acerto dos filmes de Jogos Vorazes é que a autora dos livros, Suzanne Collins participa de forma direta na produção do filme – e é uma coisa que Divergente erra muito, pois Veronica Roth não tem voz nas decisões da franquia.

            A valorização e participação do autor está virando algo recorrente em Hollywood, por exemplo, J. K. Rowling vai escrever o roteiro de ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam’, que é um derivado de Harry Potter e chega aos cinemas ano que vem, mas engana-se quem pensa que isso é exclusivo da literatura fantástica: ano passado Gillian Flynn escreveu o roteiro de ‘Garota Exemplar’ e o resultado foi um filme tão bom – ou melhor – do que o livro e dos filmes mais aclamados de 2014.

            Jogos Vorazes chega ao seu fim e se firmou como a melhor saga de livros para o cinema da atualidade, isso se levarmos em conta que seus “concorrentes” são Divergente e Maze Runner. E se os filmes fizeram a molecada correr atrás de leitura – e de obras tão densas, ela merece ser louvada. É compreensível quem não goste da franquia, mas ela deve ser respeitada. Fale mal, mas fale com propriedade

Nota: 7,5

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