007 Contra Spectre (Spectre)
Direção: Sam Mendes
2015
Com:
Daniel Craig, Léa Seydoux, Ben Whishaw, Ralph Fiennes, Christoph Waltz, Dave
Bautista, Naomie Harris, Andrew Scott, Monica Bellucci.
Ação
14 Anos
De volta
às raízes, mas sem perder o que foi construído
Em 2002, era lançado o 20º filme da franquia do James
Bond, ‘Um Novo Dia Para Morrer’. Na ocasião, era a comemoração dos 40 anos da
franquia e embora o filme tenha sido bem-sucedido comercialmente, a crítica o
detonou, parecia que um ciclo se fechava e tudo indicava que a franquia
terminaria ali. E ainda nesse tempo apareceu uma nova franquia de ação que
mudaria para sempre a forma de como ver um filme de espionagem: a trilogia
Bourne, que foi tão inventiva que praticamente obrigou uma franquia já consagrada
do 007 a se reinventar aos novos tempos e os produtores resolveram que sim, a
franquia do agente da rainha continuaria.
Quando Daniel Craig foi escolhido como o novo 007, muita
gente criticou e não o achavam com o charme para o papel. Felizmente as redes
sociais não eram tão fortes como são hoje, senão ele seria bombardeado, assim
como Gal Gadot foi criticada como Mulher Maravilha, por exemplo.
Neste cenário, em 2006 chegaria aos cinemas 007 – Cassino
Royale, que foi uma espécie de reboot da franquia e colocou um James Bond mais
realista, humano e sim, o filme bebe muito da fonte de Jason Bourne.
Cassino Royale foi um grande sucesso de público e crítica
e abriu espaço para mais 2 filmes: 007 – Quantum of Solace em 2008, que não foi
tão bem sucedido, embora seja um bom filme, mas o melhor da franquia viria em
2012: 007 – Operação Skyfall foi aclamado, foi a maior bilheteria da franquia
até então e marcou a comemoração dos 50 anos de 007.
E agora em 2015 a franquia retorna com seu 24º filme,
novamente sob a direção de Sam Mendes (que dirigiu Skyfall) e também com Daniel
Craig como o agente secreto: 007 Contra Spectre.
Possivelmente, este será o último filme de Daniel no
papel do agente secreto, já que ele declarou que “prefere cortar os pulsos a
viver o herói novamente”.
E isso, infelizmente, é visível quando vemos 007 Contra
Spectre: Daniel claramente esteve sem vontade de fazer o papel e ainda bem que
o filme se sobressai nas cenas de ação, na direção de Sam Mendes (que também já
declarou que não volta à franquia) e no grande elenco. Todos os atores estão
muito bem, obrigado conseguem ofuscar o protagonista, cada um à sua maneira:
Léa Seydoux faz uma Bond Girl muito interessante e que não se contenta em ser a
mocinha em perigo: muitas vezes ela ajuda o nosso agente e sua primeira
aparição é muito boa. Embora ela perca para Eva Green como Vesper Lynd, ela
está na galeria das melhores Bond Girls da história. Ao menos ela ganha de
Halle Berry de ‘Um Novo Dia Para Morrer’, que mais prometeu do que cumpriu.
Christoph
Waltz vive o vilão Oberhauser e embora ele seja um grande ator, já vencedor de
2 Oscar, ele não consegue ser melhor do que Javier Bardem em Skyfall nem do que
Le Chiffre em Cassino Royale, seja por pouco tempo de tela ou pela pouca carga
dramática – e seu papel exigia isso.
Ralph Fiennes é o novo M, após a atriz Judi Dench ficar
no papel por 7 filmes, ele assume o comando do MI6, que é tão bom quanto Judi e
que venham mais 7 filmes para Ralph. Dave Bautista é o capanga de Oberhauser e
ele não só é uma ameaça ao James Bond como ele protagoniza duas das melhores
cenas do filme: uma perseguição de carro pelas ruas de Roma e uma luta no trem.
Para quem não sabe, ele é o Drax em ‘Guardiões da Galáxia’ e parece que
Hollywood o descobriu como um novo “brucutu” simpático, coisa que
Schwarzenegger e Stallone um dia foram.
Dois outros grandes destaques são o Q, vivido por Ben Whishaw,
repetindo seu papel de nerd de
Skyfall, mas, desta vez, com muito mais espaço em cena. Ele consegue ser um
alívio cômico que funciona, sem cair no “nerd
esquisito” e sem quebrar o ritmo da história.
Outro ator que se destaca é Andrew Scott que também faz
uma espécie de vilão, o arrogante C, que quer acabar com os serviços do MI6 e
aprova um projeto para que os agentes sejam substituídos por drones e robôs.
É difícil dizer sobre Monica Bellucci, já que ela tem
pouco tempo de tela – embora seja uma aparição importante para a trama.
Como em todo e qualquer filme da franquia, tudo começa
com uma cena de ação para depois subirem os créditos iniciais e começar a
história principal. E os primeiros 15 minutos de 007 Contra Spectre são
espetaculares: tudo se passa na Cidade do México, em um desfile do chamado “dia
dos mortos”, na qual James Bond está à procura dos responsáveis da morte de M
no filme anterior. Há um plano-sequência magnífico com uma câmera acompanhando
o herói e uma dama subindo todo um prédio de elevador e terminando em um quarto
de hotel.
Parece que é fácil, mas é dificílimo fazer isso: o
diretor tem que pensar em todos os detalhes, em todos os figurantes e no tempo
de tudo, já que não há cortes e a cena deve acontecer de uma única vez.
Ainda bem que 007 Contra Spectre estava em boas mãos com
um grande diretor como Sam Mendes, vencedor de Oscar por Beleza Americana e que
também fez o ótimo ‘Estrada para Perdição’.
Após isso, há uma cena de ação grandiosa com um
helicóptero dando voltas no ar aos olhos de uma multidão assustada e terminando
na morte do vilão.
Quando o filme “começa” de fato, James Bond precisa
destruir uma organização chamada Spectre (muito conhecida pelos fãs da franquia),
liderada por Oberhauser.
Paralelamente
a isso, M não gostou de James ter agido por conta própria na Cidade do México e
com a ameaça de C, começa a questionar da importância dos agentes 00 e teme por
Bond fazer algo sem sua permissão.
É basicamente a mesma questão de Skyfall, na qual o filme
questiona o tempo todo se os agentes de campo estão ficando obsoletos ou não.
Mas, se a temática é idêntica, qual a necessidade de se
fazer este filme? Primeiro, lá em Skyfall a discussão é sobre o MI6 em si e
sobre a obediência do agente, ao passo que aqui a discussão é sobre tecnologia
e como a máquina pode substituir o homem – ou não. Segundo que a franquia do
007 estava seguindo uma sequência e desde Cassino Royale, cada filme é a
continuação do outro e essa “quadrilogia” estava abordando o lado mais
dramático e psicológico do herói. Em Skyfall, por exemplo, não há uma Bond
Girl, cena de sexo (como há em todos os filmes) e nem mesmo a famosa abertura
com a música clássica e o tiro na tela.
Já aqui, embora tenha uma carga dramática alta, o filme
retoma aos filmes clássicos, na qual o herói era o galanteador, combatia vilões
megalomaníacos e sempre bebia antes de salvar o mundo. E há sim, cenas de cama,
uma com Monica Bellucci e outra com Léa Seydoux (e a química dos dois é muito
boa).
Mas isso pode não ser um retrocesso como se imagina. Esses
4 filmes mais intimistas foram importantíssimos para a franquia ganhar fôlego e
o público voltar a se interessar pelo agente secreto, mas 007 Contra Spectre
deixou claro que este é um ciclo se se encerra e a franquia está longe de
acabar: podem escolher um novo ator para viver o James Bond e a história ter um
novo recomeço, desta vez com o 007 que aprendemos a ver e apreciar. E sem medo
do politicamente correto.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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