Aliança do Crime (Black Mass)
Direção: Scott Cooper
2015
Com:
Johnny Deep, Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch, Kevin Bacon, Dakota Johnson,
Corey Stoll, Jesse Plemons, Peter Sarsgaard.
Policial
16 Anos
O retorno
triunfal de Johnny Deep?
Johnny Deep é dos melhores atores da Hollywood atual,
porém, seus últimos filmes foram verdadeiras bombas e grandes fracassos, são
eles: O Turista, Sombras da Noite, O Cavaleiro Solitário, Transcendence – A Revolução
e Mortdecai e parecia que nunca mais veríamos aquele Deep de Edward – Mãos de
Tesoura e Ed Wood que aprendemos a gostar. Mas, quando foi anunciado que ele
faria o papel de um criminoso, tanto o público quanto a crítica ficaram de olho
para um possível grande papel dele – e talvez o retorno às premiações, como
Oscar e Globo de Ouro.
Mas, afinal, ‘Aliança do Crime’ é o grande retorno de
Johnny Deep? A resposta é: sim e não. Ele está excelente no papel do criminoso
Whitey Bulger, um papel contido e que não lembra em nada seu exagerado Jack
Sparrow, mas, por outro lado, ‘Aliança do Crime’ é um filme com muitos
problemas, embora tenha muitas qualidades, infelizmente não é o tipo de filme
que possa dar algum destaque a ele. Na verdade, a condução fria da história faz
que nem mesmo a opinião pública se interesse pelo longa.
‘Aliança do Crime’ conta a história real de Whitey
Bulger, um criminoso que, após passar 10 anos preso, resolve trabalhar para o
FBI para derrubar uma família de mafiosos, mas que depois começa a ser
investigado pela própria instituição.
Embora o destaque seja muito de Deep, o filme também
conta com a presença de Joel Edgerton, que vive o agente do FBI, John Connelly,
que é amigo de Bulger desde a infância e trabalha para acobertar os crimes de
Whitey. Joel é tão ou mais importante do que Deep na história e é o personagem
mais dúbio da trama: enquanto a plateia espera um próximo crime de Bulger,
ninguém sabe das intenções de Connelly, se ele vai agir como um homem da lei ou
como amigo de Bulger.
Os demais atores têm pouco a oferecer. Benedict Cumberbatch
faz um senador que, curiosamente, é irmão de Whitey e, dentro das limitações,
tem um certo destaque na trama, mas isso é raso e às vezes esquecido com o
passar do filme.
E alguns personagens, que poderiam dar um peso maior para
a trama, praticamente inexistem: Corey Stoll (o Jaqueta Amarela de ‘Homem-Formiga’)
poderia ser o antagonista e rival de Bulger na função gato-e-rato, mas ele
aparece tarde demais no filme e seu papel é curto. Kevin Bacon faz um agente do
FBI que persegue Whitey e também tem algumas pontas – e mal aproveitadas.
O filme dá pouca importância às personagens femininas, o
que é um grande erro, já que o Whitey da vida real era muito devoto à sua mãe e
mesmo sua esposa era tratada com um certo respeito. Há apenas uma sequência, em
que ele está jogando baralho com sua mãe, que também passa rápido demais.
Sua esposa é vivida pela Dakota Johnson (que foi
Anastasia Steele de ‘Cinquenta Tons de Cinza’) que tem um papel contido e só
tem importância na trama em uma cena que tem no trailer, que é a conversa é
entre Bulger e seu filho quando os dois estão na mesa de jantar, na qual o
filho relata da briga que teve na escola.
Essa é uma das melhores cenas do filme e que assusta, não
necessariamente com as mortes e violência, mas com o olhar e com a frieza e foi
um mérito tão grande de Johnny Deep isso, de a pesada maquiagem sumir com as
expressões do personagem, que ficamos pensando se seus recentes fracassos foram
por culpa dele próprio, do seu agente, de direção ou dos estúdios, que o
obrigavam a fazer sempre o esquisito excêntrico.
São dois momentos importantes do filme que são daqueles
únicos e que arrisco dizer que este filme mediano só será lembrado por esses
dois momentos: essa já citada conversa com seu filho, na qual Bulger diz a seu
filho que o erro não foi ele ter batido no colega, mas em ter batido e todo
mundo ter visto. E Whitey ainda diz: “se ninguém viu, é porque não aconteceu”.
E há outro momento, já na segunda metade da história,
quando Bulger, Connelly e outro parceiro estão jantando à mesa e Whitey pede
uma receita, que é secreta de família. Bulger não gosta que seu colega revelou
uma receita de família e diz que, se ele entrega um segredo desses, pode
entregar coisas maiores.
Mas Bulger só fez uma brincadeira e a cena foi claramente
inspirada em um famoso momento de ‘Os Bons Companheiros’, de Scorsese,
protagonizada por Joe Pesci e o que fica marcada aqui é o olhar frio e
calculista de Whitey.
A reconstrução de época de ‘Aliança do Crime’ é sublime. O
filme passa por três momentos: 1975, 1981 e 1985, e todos os detalhes foram
feitos com muitos cuidado e nenhum objeto passou despercebido. Se tiver
indicação ao Oscar para Design de Produção, será merecido.
‘Aliança do Crime’ tinha potencial para ser um grande
filme, mas esbarra na condução contida de Scott Cooper (que também dirigiu ‘Coração
Louco’, com Jeff Bridges) e na mão de um grande diretor, se fosse dirigido por Martin
Scorsese nos tempos de Robert de Niro, seria um clássico. E poderia marcar a
volta triunfal dos filmes de máfia para a nova geração.
Nota:
7,0
Imagens:
Trailer:
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