Criada
por: Shonda Rhimes
2014
Com: Kerry Washington, Tony Goldwyn, Guillermo Diaz,
Katie Lowes, Darby Stanchfield, Jeff Perry, Joshua Malina, Bellamy Young,
Portia de Rossi, Joe Morton.
Drama
14
Anos
O 4° ano foi positivo – pena que teve muita
reviravolta
Alguns críticos costumam se referir
a “séries de tv aberta” de forma pejorativa. É certo que as séries de TV fechada,
como as do canal Showtime, HBO, e até da Netflix, têm um cuidado maior, com
menos episódios e menos preocupadas com a audiência. O problema das séries dos
canais abertos americanos, como ABC e CW, é que há a pressão dos executivos em
estender uma série quando ela dá certo e daí os roteiristas têm a obrigação de
inventar histórias e preencher o espaço de mais de 20 episódios.
Mas daí discriminar as séries
abertas é um absurdo. Basta se lembrar que Lost, 24 Horas, dentre muitas
outras, eram séries sim, de TV aberta. Não há nada de errado no formato de
muitos episódios, se a história é bem contada e os episódios fizerem sentido na
trama, não há problema.
O problema, na verdade, é o que
ocorre em parte das séries atuais: a série tem muitas reviravoltas e a história
tenta encontrar razão para se prolongar. E esse, infelizmente, foi o problema
dessa nova temporada de Scandal.
Scandal é uma série criada por
Shonda Rhimes (de Grey’s Anatomy) e que foi aclamada por público e crítica,
sobretudo por sua trama política, instigante e dinâmica.
É um ponto de vista diferente de
outras séries políticas da atualidade, como House of Cards e Homeland e
entender que Scandal é diferente é o primeiro passo para apreciá-la.
Alguns comentários na internet
sugerem que “Scandal é ruim porque House of Cards é melhor”. House of Cards é
muito melhor do que Scandal. Ponto. Tanto como política, como roteiro e
personagens, mas jamais devemos diminuir Scandal por conta disso.
A série foca em uma equipe liderada
por Olivia Pope (feita brilhantemente por Kerry Washington), que tem como
função limpar escândalos políticos para a imprensa e a opinião pública e além
das metáforas políticas, Scandal ainda investe de forma eficiente no drama de
cada um dos personagens e todos eles têm um passado e presente sombrio e
brilhante, contados em flashbacks ou em algumas pistas que o roteiro deixa.
Essa é a 4ª temporada e é, de longe,
a que teve mais reviravoltas e a que menos justifica os 22 episódios. A primeira
temporada teve apenas 7 episódios, justamente porque ninguém sabia se a idéia
daria certo. Com o resultado positivo, a 2ª teve 22 episódios, o que não foi um
problema, já que abordou de forma mais aberta os acontecimentos do primeiro ano
e pudemos conhecer melhor os personagens. E não por isso, a 2ª temporada é a
melhor até o momento. A 3ª temporada teve apenas 18 episódios por conta da gravidez
de Kerry Washington e também manteve o dinamismo das temporadas anteriores e
seu desfecho foi tão impactante que gerou muita expectativa para essa 4ª
temporada.
O 4° ano de Scandal conta com os
mesmos 22 episódios da 2ª temporada, com a diferença que era uma história
fechada e, infelizmente, há muitas reviravoltas ao longo da temporada e nem
todas fazem sentido – sem contar que a Season Finale acontece tão rápido que
nem dá tempo de se envolver com os personagens – sem contar que os
acontecimentos abriram espaço para mais 5 ou 6 temporadas.
É o que muita gente reclama de Grey’s
Anatomy. A principal criação de Shonda já está em seu 12° ano (com mais de 22
episódios cada uma!) e teve tanta reviravolta, tantas mudanças, que agora
somente aqueles fãs mais fiéis estão acompanhando-a. Houve mudanças em Scandal,
mas a diferença é que aqui a Shonda as fazia direito. É muito bom uma série
mudar e são as mudanças que a fazem ser atraente, mas ela não deve ser desculpa
para falta de idéias, e sim, uma alteração natural da história.
A 4ª temporada começa 2 meses após
os acontecimentos da 3ª, na qual o presidente Fitz Grant é reeleito e Olivia e
seu affair, Jake, viajam para umas férias e a equipe de Gladiadores (como é
chamada a equipe de Olivia) é desfeita e cada um foi para um canto diferente:
Huck se torna técnico em eletrônica e Abby se torna porta-voz da Casa Branca.
Houve duas perdas importantes no
final da temporada passada: Rowan Pope (pai de Olivia e líder do grupo terrorista
secreto B-613) assassinou o filho do presidente e também Harrison, um dos
gladiadores. E é justamente a morte de Harrison que faz Olivia voltar, que
consegue reunir Quinn e Huck para a equipe (mas Abby continua na Casa Branca) e
continuar com seu trabalho de cobrir escândalos, lidar com o pai corrupto e com
a sua atração pelo presidente Grant.
Essa temporada tem a inserção de uma
personagem nova: Elizabeth North, vivida por Portia de Rossi, que de início tem
intenções duvidosas na Casa Branca (inclusive forjando um acontecimento
importante com Olivia no 10° episódio) mas se mostra uma assessora parlamentar
exemplar.
David Rosen (ex-affair de Abby) é
nomeado Procurador-Geral da República e assim como Elizabeth também começa com
intenções duvidosas, mas depois joga no time dos Gladiadores ao longo da
temporada, sobretudo nos episódios finais.
Dois personagens importantes ganham
mais visibilidade nessa temporada: Mellie Grant, a primeira-dama, que se mostra
mais ambiciosa e atraente do que sua personagem sem carisma do passado. E Cyrus,
assessor do presidente, na qual sua opção sexual já havia sido citada, mas
agora ganha tons mais dramáticos e com direito a um flashback interessante
sobre seu passado tentando esconder seus sentimentos.
Essa temporada pode ser a mais
fraca, mas jamais é ruim: há uma cena no final do episódio 9 vista sob pontos
de vista diferentes (alguém se lembrou de Tarantino?) e uma discussão sobre o
racismo nos EUA no episódio 14, embora esse ano tenha caído no grave problema
do “caso da semana” e temos poucos episódios contínuos, ou um grande filme de
vários episódios, como a Netflix faz muito bem.
Mas embora Scandal tenha essa trama
política, o que fez a série de tornar popular e premiada foi um diferencial importante:
Kerry Washington. Além de linda e ótima atriz, sua Olivia está sempre à frente
de todos e não há um personagem sequer que não esteja ligado a ela – de forma
direta ou indireta.
Não por isso, se tornou a 1ª atriz
negra a ser indicada a Melhor Atriz no Emmy por este papel e ela se tornou das
celebridades mais influentes do mundo – e inspiração para muita gente.
Por causa do final insosso dessa
temporada, a expectativa para a 5ª está muito baixa e ficou o receio de a série
de estender e se prolongar demais desnecessariamente. Mais do que isso: tomara
que a série não perca o tom político e não se torne mais um novelão americano.
Nota:
7,0
Imagens:
Trailer:
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