Orange is the new
Black – 1ª temporada
Criação: Jenji Kohan
Ano de produção: 2013
Com: Taylor Schilling, Laura Prepon, Kate Mulgrew, Danielle Brooks,
Michael Hurst, Jason Biggs, Maria Dizzia, Natasha Lyonne.
Gênero: Comédia
Dramática
Classificação
Etária: 18 Anos
“Orange” possui a liberdade de ser grandiosa.
Em um passado muito, mas muito distante, as séries de TV
eram conhecidas por ser um produto mais popular e com menos conteúdo e o cinema
era quem criava mais e ousava mais. Isso era nos anos de 1970 e 80, quando o
cinema viveu seu auge de criatividade e seu cinema de autor.
E nessa época, a TV não só era vista como “popular” – de
forma pejorativa mesmo – como era o refugio e declínio de astros que estavam em
baixa. Na verdade, tinha-se a idéia de que o ator tinha que começar na TV,
ganhar uma experiência e daí sim ai para o cinema. “Quase como uma promoção”.
Só para citar dois exemplos, Johnny Deep e Bruce Willis começaram na TV,
respectivamente com “Anjos da Lei”, que virou filme recentemente, e “A gata e o
rato”.
Mas, agora, passadas algumas décadas, o cenário mudou. É
fato que o cinema é muito mais rico e poderoso como indústria, mais popular e
mais acessível às grandes massas, mas é inegável que, desde a 2ª metade dos
anos 1990 para cá, a TV deu um salto de inovação, roteiro, personagens e
ousadia. Tudo começou lá em 1993, com “Arquivo X”, uma coisa totalmente nova
para a época, cultuada até hoje e que intriga com sua temática e principalmente
pela existência ou não de vida fora da Terra.
De lá para cá, a TV não para de crescer, mas foi pelos
últimos 10 anos em que a TV teve tamanha importância e seu sucesso independe do
cinema. Muito se deve ao furacão Netflix em resgatar muitas séries antigas para
a nova geração, apresentar temporadas inteiras de séries consagradas e, de um
ano para cá, produz séries.
Aliás, produzir ótimas séries! House of Cards já ganhou
duas temporadas com sua trama poderosa e política. Hemlock Grove é um terror
tão profundo e intenso que as últimas grandes obras do gênero até onde a
memória alcança são os grandes clássicos de terror, como “O Iluminado” e “O
Exorcista”.
Além dessas, há uma série que logo se tornou popular,
criou-se uma legião de fãs e agora está se caminhando para sua 2ª temporada:
“Orange is the new Black”, também produzida pelo Netflix foi uma grande
surpresa de 2013, um roteiro arrebatador, personagens em que o público não só
se apaixona como acompanha o drama de cada um e, com um número alto de atores,
consegue fazer com que cada um tenha seu espaço e sem esconder ninguém da trama
(que é uma coisa que as novelas brasileiras deveriam aprender).
Para quem achava que House of Cards era ousada pelo
conteúdo político sem pudor e sem disfarces, além das cenas de nudez, aqui,
“Orange is the new Black” dá dois passos à frente: não tem medo de mostrar quem
é e não tem medo de parecer ridículo para o grande público.
“Orange is the new Black” foi criada pela mesma moça que
nos agraciou com “Weeds”, Jenji Kohan, que conta a história de Piper Chapman
(Taylor Schilling - ótima, brilhante no papel!!!!), é enviada a uma
penitenciária federal americana após carregar uma mala de dinheiro de drogas,
que pertencia a Alex Vause (Laura Prepon, uma personagem muito mais
interessante do que aparenta ser) e é condenada a 15 meses de prisão.
Em um resumo tirinha de jornal, a história seria basicamente
essa, mas o mais bacana aqui é o que o roteiro tem de a mais para mostrar.
É uma série sobre prisão sim, mas, muito diferente dos
dramas “OZ” e “Prison Break”. A maioria das situações é levada pelo humor sagaz
e irônico. E é esse humor que faz de “Orange is the new Black” uma série
diferente. Aqui, não há explicações ou tentativas de humanizar as personagens.
E menos ainda em querer justificar os motivos de o porquê fulana está presa.
Há muito de “Lost” aqui, em especial pelos flashbacks, em
que vai se construindo a história de cada personagem.
Uma dessas histórias que merece um capítulo à parte é o
relacionamento entre Piper e Alex.
Os flashbacks sugeriram que Piper era uma moça entediada
e que seu refúgio era sua amizade com Alex, uma traficante de drogas, que logo
as duas têm um tórrido caso. Seu relacionamento afetivo é mostrado na série sem
pudor, como no episídio 10.
Mas e seu noivo, Larry? Aqui, ele é vivido por Jason
Biggs (de “American Pie”) e, ao mesmo tempo em que tem que lidar com o fato de
sua Piper estar na prisão, ele tem que lidar com a atração de Piper por Alex.
Piper ama Larry, mas seu desejo por Alex, muitas vezes, fala mais alto.
Por volta dos últimos episódios da 1ª temporada, Larry,
que é um escritor, consegue um texto seu publicado em um grande jornal
americano, o que lhe deu um convite a um programa de entrevistas de rádio. Lá,
ele conta tudo, mas tudo mesmo, o que Piper contou de suas parceiras, gerando,
claro, um grande mal estar.
Há muitas subtramas interessantes e que merecem ser mais
abordadas (provavelmente na 2ª temporada). Daria para falar de cada uma aqui,
mas, por razões de espaço, citarei apenas uma aqui: quando o guarda da prisão,
John Bennett se apaixona pela detenta, Dascha Polanco. Tudo ia bem, até que Dascha
engravida e pode destruir a vida de John. Mas, como ela o ama, ela resolve
colocar toda a culpa em Mendez, outro guarda da prisão, para livrar seu amado. Dascha
resolve transar com Mendez a fim de livrar John de qualquer culpa. Mas, o tiro
sai pela culatra, e além de Dascha não conseguir provar nada, John descobre a “traição”
e passa a “odiar” – entre aspas mesmo - Dascha
A personagem de Piper é uma mistura de menina indefesa em
um mundo desconhecido, mulher forte e determinada e moça intelectual. De
início, ela vira a queridinha do diretor, Sam, mas logo seu relacionamento com
Alex e seu comportamento “estranho” (ela imagina uma galinha do pátio do
presídio) fazem o diretor mudar de lado e até colocá-la, certa vez, na solitária
(em um episódio sensacional).
Aliás, falando na solitária, eu não poderia deixar de
mencionar a rivalidade de Piper com a fanática religiosa, Tiffany. Conforme a
série vai passando, ela se torna uma espécie de vilã. Ela interfere de forma
direta na vida de Piper, delata-a com o maior prazer e ainda diz que tudo é em
nome de Deus. A ida de Piper para a solitária só acontece porque Tiffany
entrega ao diretor que Piper e Alex estavam “se esfregando”. Muita gente se
incomodou com essa personagem, dizendo que ela estereotipava o conceito de uma
pessoa religiosa. Discordo. Ela nos mostra o quanto seu ideal é mesquinho e que
qualquer fanatismo, seja de religião ou esporte, só prejudica quem está em
volta e deixa a pessoa sem questionamentos. Uma briga interna entre as duas é
um dos pontos chaves dessa temporada e seu desfecho nos deixa mais ansiosos
pela segunda.
Ainda no calor da 1ª temporada, já dá para dizer que
“Orange is the new Black” se tornou clássica e já está em nossos corações. E é
mais um novo momento de tudo o que está acontecendo, que é a época de ouro da
TV americana.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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