Gattaca – A Experiência Genética (Gattaca)
Direção: Andrew Niccol
Ano de produção: 1997
Com:
Ethan Hawke, Uma Thurman, Jude Law, Alan Arkin.
Gênero: Ficção Científica
Classificação Etária: 14 Anos
Fracasso de bilheteria, “Gattaca” mexe com um vespeiro com
sutilezas
O diretor e roteirista neozelandês Andrew Niccol ficou
mais conhecido com o passar dos anos por escrever “O Show de Truman” com Jim
Carrey e dirigir o ótimo “O Senhor das Armas”, com Nicolas Cage. Mas, lá no
início de sua carreira, ele dirige um filme muito interessante, subestimado,
tanto no seu lançamento como nos dias de hoje, e que mexe com questões
importantes, como a Bioética e o futuro da Genética: “Gattaca – A Experiência
Genética”.
A Columbia, distribuidora do filme, tentou vendê-lo da
pior forma possível, como um filme de ação. Muito, mas muito à frente de seu
tempo, Gattaca é dos pouquíssimos filmes a tratar a Genética como tema
principal.
Seu fracasso é, e, parte, pelo conteúdo quase sem ação: é
um filme para quem gosta de uma boa história e olha unicamente para o roteiro. Outra
razão do fracasso é a escolha do protagonista: Ethan Hawke ficou famoso anos
depois com seu “Dia de treinamento”, mas, na época era apenas um promessa.
Talvez o único rosto conhecido à época era o de Uma Thurman, fresquinha com o
sucesso e indicação ao Oscar por “Pulp Fiction”, mas vindo de uma adaptação
horrível de quadrinhos no mesmo ano: “Batman & Robin”.
A história se passa em um futuro não muito distante, em
que os seres humanos nascem de forma artificial, e os homens são definidos não
mais por classes sociais ou pela cor, mas pelo código genético. Todos aqueles
que nascem de forma natural são considerados “Inválidos”. É nesse cenário que
nasce Vincent (Ethan Hawke), que nasceu de forma natural, e, portanto, é um
“inválido”. Ele adquire o sonho de virar astronauta, mas, não pode fazê-lo
devido às circunstâncias. Vincent decide, então, burlar o sistema e adquirir a
identidade de outra pessoa, de Jerome (Jude Law), um sujeito com os genes
considerados perfeitos que “empresta” algumas características a Vincent:
cabelo, pele e até urina. Tudo ia bem, até o diretor da empresa Gattaca (lugar
em que Vincent trabalha) é assassinado e o mesmo se torna o principal suspeito
do crime. Vincent deve provar sua inocência ao mesmo tempo em que tenta manter
a nova identidade de Jerome.
Sucesso de bilheteria não significa que o produto é de
qualidade. Esse filme, Gattaca, passou praticamente despercebido pelos cinemas
mundiais, mas não demorou muito para ele se tornar cultuado, em especial pelo
boca-a-boca.
E, também, um filme de qualidade não significa ser muito
premiado: “Gattaca – A Experiência Genética” recebeu uma mísera indicação ao
Oscar de Direção de Arte, mas merecia mais, por exemplo, seu excelente roteiro.
O cuidado com os diálogos e o clima de suspense, em especial no 2° ato do filme
fazem a diferença.
O filme coloca uma grande questão em xeque: será que o
futuro da Genética e não se ter mais nascimentos? Será que seres humanos são
tão imperfeitos a ponto de não poderem ser mais gerados de forma natural? E a
humanidade mudou de fato? Segundo o futuro proposto por aqui, não mudou muito. A
natureza humana ainda é repressora, basta ver o regime quase ditatorial imposto
pelos chefões da Gattaca. E nem a questão de dividir a sociedade em classes
mudou: os “Válidos” estão na parte de cima da empresa e nos melhores cargos. Já
os “Inválidos” possuem trabalhos menos favorecidos, como os serviços de
limpeza.
No caso de “Gattaca – A Experiência Genética”, até o
título é uma referência à vida real: Gattaca é um anagrama das quatro
substâncias que compõem o DNA: GTAC, ou Guanina, Timina, Adenina e Citosina.
O gênero ficção científica pode – e deve – expor essas
questões, mostrar sua visão de futuro e ainda, permitir que a platéia pense e
até sonhe. É assim que o cinema evolui e se torna, não só uma arte, mas uma
tese.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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