A Culpa é das
Estrelas (The Fault in Our Stars)
Direção: Josh Boone
Ano de produção: 2014
Com:
Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Sam Trammell, Willem
Dafoe, Lotte Verbeek.
Gênero: Romance
Classificação Etária: 12 Anos
Como filme, “A Culpa das Estrelas” é melhor
do que o livro
Muita gente viu com maus olhos quando foi anunciado, no
ano passado, que o Best Seller “A Culpa é das Estrelas” teria uma adaptação
cinematográfica. Primeiro pelo excesso de filmes baseados em livros de sucesso,
como as franquias “Jogos Vorazes” e “Crepúsculo”. Segundo porque, por se tratar
de um livro voltado para o público adolescente, esse “A Culpa é das Estrelas”
parecia ser mais do mesmo. E terceiro porque dificilmente um filme consegue ser
melhor do que o livro. O que muitos roteiristas precisam entender é que um
filme é uma adaptação, e como tal, algumas licenças poéticas são válidas, desde
que não se destrua o universo da obra nem fuja demais do tema. Portanto,
deve-se haver cuidado quando falamos: “mas isso não tem no livro” ou “está
infiel ao livro”.
O livro “A Culpa é das Estrelas” é um romance que logo se
tornou um fenômeno no mercado literário. Escrito por John Green em 2012, a
concepção para a adaptação do cinema surgiu ano passado até a edição final este
ano. A dupla de roteiristas sabia o que estava fazendo. Scott Neustadter e
Michael H. Weber escreveram, em 2009, o encantador “(500) dias com ela” e aqui,
entenderam de verdade o espírito do livro, com um roteiro muito centrado e
pegando o que há de mais importante para colocar na tela um filme que agrade
mesmo quem não leu o livro e eles sabem que adaptação é adaptação e não importa
se falte esse ou aquele detalhe: cinema e literatura são mídias diferentes. Ponto.
Para quem não sabe da história, a trama é narrada em 1ª
pessoa pela jovem Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley – (ótima no papel!)
que teve câncer diagnosticado quando criança e é incurável. Também tem um
problema seríssimo de pulmões e só consegue respirar com a ajuda de aparelhos. Hazel
é tímida e carente, quase não tem amigos e, por conta disso, sua mãe a coloca
em um grupo de apoio. Lá, ela conhece o charmoso Augustus Waters (Ansel Elgort –
um ator dessa nova geração muito interessante), que anda com o auxílio da perna
mecânica em sua perna esquerda. Augustus, ou Gus, como também é conhecido, logo
se apaixona por Hazel, que prefere não se envolver. Suas mensagens são sempre
finalizadas com um O.K. (que é uma marca deles e é muito citada no livro). No grupo
de apoio também conhecemos Isaac, que logo se torna amigo do casal. Isaac tem
um problema gravve de visão e logo fará uma cirurgia que seu resultado será sua
deficiência visual completa.
Outro ponto fundamental da história é a paixão pela dupla
pela literatura. Em especial do livro fictício “Uma Aflição Imperial”, escrito
pelo holandês Peter Van Houten. O casal fica intrigado com o desfecho do livro.
Eles se comunicam com o autor, que logo solicita que o casal viaja para
Amsterdã (capital da Holanda) para que o final do livro seja explicado.
Essa passagem do livro/filme em que eles viajam para
Amsterdã merece uma explicação à parte. Quando surge o convite para que o casal
conheça o autor os deixa empolgado. Porém, uma crise de respiração deixa Hazel
em coma por dias até que surge a dúvida se ela deve ou não deve ir à Holanda. Os
médicos deixam claro que isso é um risco, mas, segundo a própria Hazel, esta é
uma chance única em sua vida. E fica o dilema? Ela deve seguir seus sonhos ou a
razão? É melhor viver ou sobreviver? Depois de muitas dúvidas ela, Gus e sua
mãe vão juntos à Amsterdã. A forma de como a cidade é tratada é esplêndida.
O bacana
é que a cidade foi reproduzida de forma honesta. Muita gente olha para Amsterdã
como uma cidade “perdida e pecaminosa”. Aqui, ela é tratada como deve ser – uma
grande metrópole como qualquer outra, sem estereótipos. E quando finalmente
eles conseguem falar com o escritor, Peter Van Houten, o resultado é
catastrófico: eles descobrem que ele é um homem bêbado, amargurado e que não
responde aos seus fãs. Muito diferente é sua assistente, Lidewij (Lotte
Verbeek, da série “The Borgias”), que é muito atenciosa e, após o encontro
desastroso do casal com o autor, os leva à casa de Anne Frank.
A trilha
sonora do filme, mais puxada pelo lado lírico da coisa e podendo até passar
quase invisível, é perfeita. As músicas casam de forma harmônica com a Direção
de Arte irretocável. Quando nos lemos, dá margem para muitas interpretações e
permite que o leitor imagine ou reflita naquilo escrito. E isso ficou de forma
magnífica aqui. Todos os locais, desde o grupo de apoio até mesmo em detalhes
mínimos, como a típica casa do subúrbio americano são tratados de maneira como
há muito não se vê.
O romance
é colocado de forma lírica sim, mas não melosa e nem como algo inatingível ou
impossível. É um romance teen com dois adolescentes normais, que têm seus
desejos e repressões (a cena de sexo em Amsterdã é poética). Suas deficiências
não são caricatas nem tratadas de forma à platéia ficar com compaixão. Hazel e
Gus são seres humanos normais. E mesmo o romance é aqui algo verdadeiro. São pessoas
que se amam independentemente das limitações.
Há uma
coisa irônica em colocar Shailene Woodley e Ansel Elgort como casal principal
aqui: eles são irmãos em “Divergente”, Tris e Caleb e de tão amigos a Fox,
estúdio que financiou “A Culpa é das Estrelas” resolveu colocá-los aqui como
casal até para o público se identificar com os rostos novos.
E por
falar em rostos novos, coloco muita fé na carreira dos dois. Elgort é uma
grande revelação. Seu Caleb em Divergente não foi tão legal assim, é verdade,
(e o filme também não ajuda) mas aqui é uma chance de crescer. É um ator bonito
sim, mas espero que ele não fique centrado só nisso e espero, principalmente,
que seu agente o coloque em papéis que o exija mais. E Shailene Woodley é, não
só uma promessa como uma realidade. Muita gente não a considera bonita (o que
não é meu caso), mas carisma e talento ela tem. E que talento! Se Divergente é
um acidente em sua vida, quem quiser vê-la atuando de fato, recomendo que vejam
“Os Descendentes”, com George Clooney, em que ela recebeu uma indicação ao
Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante pelo papel.
Mas a
dupla principal não seria nada sem um elenco de apoio. Os pais de Hazel (que
não têm seu nome revelado) são vividos pela sempre ótima Laura Dern e pelo Sam
Trammell (o Sam Merlotte da série “True Blood”, da HBO – que, aliás, iniciará
sua última temporada). E não devemos nos esquecer do sempre ótimo Willem Dafoe
como o ranzinza escritor Peter.
E o
final tem todo aquele sentimento que o filme exigia. É difícil conter as
lágrimas no desfecho e mais difícil ainda deixar de torcer pelo casal. Espero que
com o sucesso do filme e livro, tenha-se menos preconceitos com àqueles
restritos de mobilidade e que eles sejam tratados com o mínimo de respeito.
E quem
disse que um romance adolescente não possa resultar em um filme tão bacana e
cheio de sentimento como “A Culpa é das Estrelas”. Nas mãos de um bom
roteirista, tudo é possível.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
Raphael depois q visitei seu blog ficou muito mais interessante ver filmes, pela visão q vc tem em relação ao filme.
ResponderExcluirAdorei o blog e sempre q possivel vou passar por aquir, vc me ajuda e muito até com trabalhos da faculdade rsrsrsrs.
E sobre esse a culpa é das estrelas realmente nota 10.
Parabéns.
Um abraço Bruna Brito.
Obrigado Bruninha, eu q tenho q agradecer pelo carinho... BJS
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