O Concurso
Direção: Pedro Vasconcelos
Ano de produção: 2013
Com: Fábio Porchat, Danton Mello,
Anderson Di Rizzi, Rodrigo Pandolfo, Sabrina Sato, Jackson Antunes, Carol
Castro, Nelson Freitas.
Gênero: Comédia
Classificação Etária: 14 Anos
Para quem achava que “Zorra
Total” era de mau gosto, ainda não viu nada
Já
faz algum tempo que o cinema nacional está investindo em comédias televisivas.
Nada contra, afinal, cinema é uma arte e, como tal, deve fazer elo com todas as
mídias possíveis. Se fosse assim, não deveriam existir filmes de quadrinhos, se
considerar que são meios diferentes de cultura. Mas, se pegarmos os últimos
sucesso do cinema brasileiro, a grande maioria é composta por comédias. Tudo
começou lá em 2006 com “Se eu fosse você” e sua continuação em 2009, para logo
se consolidar esse gênero. Este ano ainda não teve nenhum filme de grande
acolhida popular que se tornasse um fenômeno (“Até que a sorte nos separe 2”
estreou ano passado). Mas, arrisco dizer que 2013 foi o auge disso. Além do já
citado “Até que a sorte nos separe 2”, também tivemos “De pernas pro ar 2”, que
estreou no final do ano e o grande fenômeno “Minha mãe é uma peça” – este sim,
um grande filme.
Houve
um ator, que fez 3 filmes no mesmo ano e todos foram um grande sucesso. Seu
nome é Fábio Porchat, que fez os horrorosos “Vai que dá certo” e “Meu passado
me condena”. E também fez o filme que comentaremos agora, que estreou no meio
das férias de Julho do ano passado, no meio dos arrasa-quarteirões
hollywoodianos e, claro, foi um grande sucesso: “O Concurso”, que marca a
estréia do diretor de novelas, Pedro Vasconcelos à direção de um
longa-metragem. Também marca a estréia de Sabrina Sato (?) nas telonas.
“O
Concurso” conta a história de 4 sujeitos que prestaram o concurso público para Juiz
Federal do Rio de Janeiro e agora farão o teste final na Cidade Maravilhosa.
Cada um é de um canto do país: Danton Mello é Caio, um advogado carioca;
Porchat é Rogério, um gaúcho nascido em Pelotas com alguns traços, digamos,
menos masculinos; Rodrigo Pandolfo é Bernardo, o típico nerd paulista; e também
Anderson Di Rizzi é Freitas, um cearense bem devoto. Eles realizarão a prova em
uma segunda-feira e passam o fim de semana no Rio, onde se envolvem em
situações bizarras.
Primeiro,
há uma tentativa clara dos produtores brasileiros em querer fazer o nosso “Se
beber, não case”. A idéia é muito parecida: colocar 4 homens em uma viagem onde
dá tudo errado. Poderia ser uma idéia boa, se fosse ao menos engraçada, mas não
é o caso. A premissa é tão absurda que, em se tratando de Brasil, onde há
pouquíssimo investimento em educação, colocar um homem querendo burlar uma
prova e ainda se vangloriar disso, deveria ser proibido. E como se não bastasse
isso, o filme ainda tem todos os estereótipos possíveis dos tipos brasileiros: Caio
é o malandro carioca, onde acha que sempre levará vantagem e quer levar todo
mundo no papo. Rogério tem sua sexualidade em xeque porque é de Pelotas – e
piadas sobre o local não faltam. Freitas é o típico religioso (e aqui mostrado
como ser ignorante) nordestino, que não tem malícia e, em teoria, nem ambições.
E Bernardo, é um típico nerd tímido que não se envolve com ninguém e só estuda.
Seu personagem é tão estereotipado que, agora, no século 21, com tantas mídias
culturais em que o nerd finalmente conquistou seu lugar, fica difícil engolir
que ainda há preconceitos com a cultura nérdica.
Um
dos argumentos que os produtores e roteiristas usam para esse tipo de comédia
é: “vamos divertir a platéia”. Bem, antes fosse isso. E não devemos falar mal
só porque é um produto nacional. Muito pelo contrário, é exatamente por ser um
produto brasileiro é que devemos valorizar e os produtores deveriam ter a
obrigação e entregar o melhor material possível para seu público, mas com um
filme desses, não houve nem boa vontade nem boas idéias.
Há
situações de péssimo gosto – e algumas mal explicadas – como na cena em que um
dos personagens come (?) maconha e nada acontece. Ou ainda quando o personagem
Caio dá o golpe do “boa noite, cinderela” em seus companheiros e todo mundo sai
ileso. Essa cena, aliás, foi realizada em um baile funk. É o retrato da atual
música brasileira e do mau gosto do filme. e tem também uma constrangedora luta
entre anões.
Quando
citei antes o Fábio Porchat, não tenho nada contra ele como ator – nem como
comediante – muito pelo contrário, sua “Porta dos Fundos” foi uma grande idéia
para o humor brasileiro e seu texto inteligente é a razão de seu sucesso, mas,
como ator, realmente, ainda não provou ser grande. Não por culpa dele,
possivelmente de seu próprio agente, que sempre o encaixa no mesmo tipo de
papel: o de comediante atrapalhado. E até hoje ainda não houve um papel que o
exigisse. Só para se ter uma idéia ele quase destruiu a dublagem de “Frozen – Uma
aventura congelante” com o simpático Olaf. Também menos por culpa dele e mais
do estúdio, que pressiona por um dublador mais conhecido. E aqui, seu papel de Rogério
é constrangedor.
E o
filme ainda tem Sabrina Sato como uma atiradora de facas de circo. Aqui, ela
protagoniza seqüências absurdas com o personagem de Bernardo. Registro aqui
meus sentimentos negativos em colocá-la em um longa-metragem. Uma pessoa que
não sabe falar e tampouco atuar que aparece lá pela metade do filme e tem a
pachorra de falar basicamente uma frase só no filme: “me come ou eu te mato”
(?).
Há
um grave problema em querer repetir a TV no cinema: não há sentido na pessoa
pagar 20, 30 reais e ver tudo o que ele vê na telinha. Deveria haver um pouco
mais de respeito com o espectador. As situações de “O Concurso” fazem os
roteiristas de Zorra Total se sentirem inteligentes.
“O
Concurso” é uma poeira para os olhos.
Nota:
0,0
Imagens:
Trailer:
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